quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Roberto Fernandes e as entrevistas

O pernambucano é arretado. Aliás, todo mundo que conheço daquele estado é gente boa. Até quem não conheço! Tomei uma chuva desgraçada no show de Jennifer Lopez e Ivete Sangalo em julho em Recife e só o que não faltou foi gente para compartilhar um pedacinho de guarda-chuva, ou mesmo para arranjar uma sacolinha plástica, sem qualquer pedido neste sentido.

Logo, nem preciso dizer em que cotação eu tenho Roberto Fernandes. E se for para analisar a verdadeira mágica que ele fez com o elenco do América no estadual, apesar de perder jogadores para lesões e outros times e não ter direito a uma só contratação, aí perde a graça. Sou fã de Bob! E já até me sinto íntima (imagine!) para chamá-lo de Bob...

O problema de Bob tem sido as entrevistas pós-jogo. Não todas. Algumas, especialmente quando o time perde. Mas nem todas que perdeu, apenas aquelas em que há algum questionamento por substituição ou mesmo escalação. Ah, o ser humano encurralado... Parte para o ataque num instinto de autodefesa. Quem não age assim, né?

Bem, não podemos esquecer que se trata de um técnico de futebol, assunto eivado de muita paixão e pouca razão. Melhor então ter cuidado com o que se diz. Afinal, se a palavra é de prata, o silêncio é de ouro!

Nem vou discutir escalações, substituições... isso tudo é muito subjetivo. Certamente, as decisões tomadas pelo treinador são sempre com intuito de melhorar sua equipe. Só um louco ou mau caráter mexeria numa equipe apenas pelo prazer de ver seus comandados derrotados. No entanto, nem tudo na vida sai como planejamos. Aliás, quase tudo está fora de nosso controle.

E o pecado de Bob? Sim, as entrevistas. América perde de 4x2 para o Crb em Alagoas numa partida bizonha. E olhe que só vi o finalzinho. Isso foi num sábado. Na segunda-feira, lá está o treinador no Esporte Fino da 96FM para dizer que, apesar de não ter havido falha de Dida, o time jogara mal por se ressentir da ausência de um jogador como Galatto. Acrescenta que este chegou para ser titular, mas que ante a fase de Dida, teve que aguardar sua melhor condição, que já chegara. O RN inteiro noticia que Galatto vai ser o titular contra o Ceará. Eu mesma dei como certa sua escalação. Vendo a besteira que fez, o técnico se apressa em manter uma certa dúvida na quarta-feira, porque, em sua palavras, "não gostaria de ver Dida ser responsabilizado pela derrota em Maceió pela torcida." Não deu outra. Dida titular contra o Ceará. Achincalhes ao jovem goleiro a cada lance mais duvidoso e... pênalti à la MMA contra o América. Desnecessária a pressão sobre Dida indevidamente aumentada por Bob. Era melhor ter ficado calado e feito a substituição quando bem entendesse.

América 0x2 Atlético-PR. O Mecão não jogou absolutamente nada. O Atlético simplesmente não deixou. Encurralou o time rubro e dominou quase o jogo todo. Bob coloca Michel e desloca Norberto para o meio. O América melhora assustadoramente. Aí Bob saca Norberto. Atlético liquida o jogo com o 2.º gol. Questionado quanto ao erro, justifica que o Atlético-PR já era para estar "nas cabeças" pelo investimento e que a Série B é isso mesmo. Não gostei da resposta. Fazer o quê? Azar o meu.

Goiás 1x0 América. O América repete a atuação do 2.º tempo contra o Abc. Atacar é mero detalhe. Todo mundo lá trás. Aliás, essa é a história do América há alguns 2.ºs tempos. Mas tática é tática. O Goiás tenta, mas nada muito efetivo. No intervalo, Bob tira Thiaghinho (cansado) e coloca Pingo. O time não reage bem à mudança. Solução? Nova mudança em poucos minutos. Sai Netinho (isso mesmo que você leu: sai o "cara da bola parada") e entra Gustavo. "Vai reforçar a marcação" é o que todo mundo pensa. Mas aí ele libera Wanderson para o meio (até na direita jogou) e deixa Gustavo, vindo do DM e tendo feito péssima partida contra o Abc, sozinho na esquerda. Na falha (esperada) de Gustavo, o castigo. E o jogo ficou nisso. 1.ª resposta da entrevista? "O América corre por fora. É isso mesmo." Mais tarde, declarou:  "Isso mostra que tenho que mexer algumas peças que não estão rendendo contra o Avaí."

A mesma justificativa do investimento e a mesma antecipação de mexida (com mais de um jogo de antecedência). Bob, Bob.  Nós já sabemos há muito tempo que o Mecão corre por fora. Mas toda vez que jogar mal será esse o motivo? E se o time não vai bem, tem que mexer mesmo. Mas anunciar dois jogos antes? Quem vai sentir a pressão dessa vez dos apupos da torcida?

Como diria meu amigo Fabrício, tem horas em que é "mior calar".

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