Perder fora de casa é o esperado. Perder com um jogador a menos jogando fora de casa é previsível. Virar um jogo para 3x1 jogando fora de casa com um a menos é impressionante. Encurralar o líder do campeonato com 100% de aproveitamento em seus domínios, mesmo estando com um a menos é fantástico. Mas permitir uma virada, tomando 3 gols idênticos em menos de 10 minutos é sofrível, inacreditável.
Essa foi a história de Criciúma 4x3 América. Resultado esperado com um gosto pra lá de amargo. Não vi o 1.º tempo. É a minha sina: a CBF insiste em marcar os jogos do Mecão em horário de trabalho. Quando estava de meias férias, os jogos só ocorriam nas terças às 21h50 e nas sextas às 21h. Bastou as tais meias férias acabarem. Tadinha de mim.
Vi o 2.º tempo. Pingo, quando joga de atacante, é muito perigoso. Não desiste das jogadas. Tem bom chute, é habilidoso. Inferniza a zaga. E o Criciúma jogava encolhido, displicente, parecia até estar com um jogador a menos, quando esta era a realidade do América. O gol era questão de tempo. Linda jogada. Chute de Michel (que já pede passagem no lugar de Fabinho), rebote do goleiro (lembrei de Dida) e oportunismo de Pingo.
Jogo empatado. O América arrefeceu um pouco. Esqueci de dizer da excelente substituição de Lúcio por Rodrigão. Por incrível que pareça, tornou o time mais ofensivo. Rodrigão acabou com a festa do Criciúma pelo lado esquerdo, além de ter ótimo passe. E ainda permitiu que Wanderson partisse para o ataque, onde prejudica menos o América. Aliás, para ser justa, lá na frente, ele joga bem, especialmente fora de casa. Os jogadores do Criciúma deveriam ter pesadelos com Rodrigão, Michel, Wanderson e Pingo.
E lá se foi Pingo marcar de cabeça o gol da virada. Fabinho, em jogada que relembrou o bom jogador que ele é, partiu para a linha de fundo e cruzou antes mesmo de chegar lá. Nada de corte para dentro.
Mas Pingol queria mais. Deu uma bundada no zagueiro (falta que o juiz não viu) e gol do alívio. Será?
Bem, Roberto Fernandes anda numa draga de dar uma no cravo e outra na ferradura. Acertava o time e mexia errado. Ou escalava errado e mexia certo no tempo errado. No jogo passado, acertou com a entrada de Michel e o deslocamento de Norberto para o meio. Aí sacou Norberto e matou a reação dos seus comandados. Algo parecido ocorreu ontem. Ele acertou ao colocar Rodrigão no lugar de Lúcio, o que acabou com a festa catarinense na esquerda do Mecão e errou feio ao tirar Netinho e colocar Nata. Nata nada fez. No melhor lance, que poderia resultar no 4.º gol do América, esperou alguém do Criciúma colocar a bola para a lateral tendo sido ele o último a tocar nela. Isso lá pelo lado direito do ataque. Quem cobria a esquerda? Já não era mais Rodrigão, que formava uma linha na área com Cléber e Edson Rocha.
Justamente quando mais o América precisava matar o jogo com faltas na intermediária, o time se enfiou na grande área. Wanderson, péssimo na marcação, ainda tentou derrubar alguém por ali, mas nem isso conseguia. E o jogo começou a se desenrolar perigosamente dentro da área americana. Pior, com o Criciúma repetindo a jogada do 1.º gol: cruzamento/passe da direita já na grande área, quase na pequena área, e finalização no meio.
Assim, o Criciúma fez o 2.º. Desorientação no América. Zé Carlos tenta cavar pênalti. Que me desculpe os de outra opinião, mas ninguém o desloca e ele simplesmente dobra a perna. Perdeu a cabeça e agrediu Thiago Schmidt. Expulsão do artilheiro do tigre. Agora vai. 10 contra 10. Que nada! O Criciúma repetiu a jogada e... 3.º gol.
Será que ninguém via aquele buraco na esquerda? Ninguém conseguia chegar para derrubar alguém na intermediária? De cabeça, na área, sou mais os zagueiros do Mecão. Tinha que acabar com a linha de passe do Criciúma derrubando seus jogadores na intermediária. Era hora de levar cartão amarelo, até o vermelho, mas segurar o placar em tão pouco tempo. Nada fora feito para segurar a vitória. Que segurássemos o empate então!
Nada. Mesma jogada. Desta vez, o jogador sobrou livre para cruzar na PEQUENA área. O "burro", ao invés de insistir no que vinha dando certo (cruzamento para o meio da área), inovou: chutou direto para o gol. Pegou Thiago Schimdt desprevenido. Só por isso não vou descontar nele o fato de ter tomado um gol entre ele e a parte mais próxima da trave. Era muito óbvio que o cara iria cruzar, já que assim saíra os 3 primeiros gols do Criciúma.
4x3. Resultado esperado. Desenrolar inacreditável. Um gosto amargo de decepção. Porém, algo serve de alento. Roberto Fernandes conseguiu montar um América muito melhor sem Lúcio e Isac. Também acabou com uma chatice que vinha se repetindo: terminar o jogo com 4-5 atacantes, como se fosse um time de pelada.
Vamos todos torcer para que o time acredite que este resultado foi espírita (foi sim! Pelo amor de Deus!) e que não vai mais se repetir e que Bob enxergue que alguém tem que ser responsável por marcar no lugar de Wanderson. Pelo bem do América e da saúde de todos os seus torcedores.
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