sábado, 4 de agosto de 2012

A fase de Dida

Analisando apenas o resultado, um empate fora de casa deve ser sempre comemorado, ainda mais numa Série B como a atual, disputadíssima. Com a excelente campanha que vem fazendo em casa, o América deve mesmo comemorar quando conseguir qualquer ponto fora de casa, como o 1x1 com o Boa Esporte.

No entanto, a análise do jogo é para fazer qualquer torcedor arrancar os cabelos. Norberto perdeu um gol que se costuma dizer "feito" por volta dos 20 minutos do 1.º tempo. Pingo também perdeu o seu, mas no segundo tempo. 

Lúcio jogou muito no 1.º tempo, fez um gol de cabeça e, como sempre, sentiu o 2.º tempo.

Michel esteve muito bem no lugar de Fabinho, especialmente no 1.º tempo. Boas viradas de bola, toques simples e rápidos, boa visão de jogo. Zaga sempre firme. Netinho entrosando-se com o time. Isac com chutes perigosos. Existe um porém...

Wanderson, Norberto e Dida. Má fase é fogo! Wanderson transforma o lado esquerdo em praticamente nulo. Praticamente, porque erra 10 passes, mas consegue acertar um ou uma jogada. O mesmo se diga de Norberto. Aliás, nem lembro mais o último cruzamento certo dessas duas criaturas. Só sei que ambos aparecem como atacantes e insistem em perder gols.

Dida é um capítulo à parte. Com 24 anos, é um bom goleiro. Nas primeiras rodadas, demonstrou ser o dono da camisa 1, sem contestações. Claro que algumas pessoas reclamavam de sua saída de gol, mas é preciso entender que cada jogador tem seu estilo, o que vale para o goleiro também. Uns adoram fazer pose com aquelas "pontes" ou voadoras. Outros são mais discretos. Uns são verdadeiros técnicos na armação da equipe daquele ponto de vista. Outros só entendem da sua área. Uns preferem tentar agarrar mais do que espalmar. Outros preferem o contrário.

O jovem arqueiro americano tem o seu estilo. Espalma muito (lembra Jorge Pinheiro) e espera muito. Nada que possa ser criticado - por uma questão de estilo. O problema é quando ele passa a todo mundo que tem dúvidas do que vai fazer. E é isso que o jovem goleiro vem fazendo. Talvez por ser jovem, as críticas devem estar pesando na hora das defesas. Para mim, Dida está sempre em dúvida: "agarro ou espalmo?" E nesta dúvida cruel, o goleiro americano vem deixando escapar pontos preciosos para quem almeja o acesso à Série A.  As espalmadas não saem mais senhoras de si, como se Dida pedisse desculpa por ser reboteiro, mas meras abafadas que sempre sobram muito próximo da pequena área, deixando o atacante adversário em ótimas condições de marcar. Ser reboteiro também é qualidade, mas é preciso assumir isso.

Essa é a falha crucial. Mas o cartel do goleiro também tem outras. Desguarnecer o lado mais próximo da trave quando a possibilidade de chute é em diagonal (tomou dois assim contra o Crb). Sair mais com os pés do que com as mãos (como o golpe de MMA/UFC contra o Ceará). Sair no tempo errado do gol (contra o Boa).

Todos goleiros falham. Mas se a fase é ruim, as falhas tornam-se mais frequentes. Do jogo do Crb até o jogo do Boa, Dida só não falhou contra o Ipatinga. Contra o Barueri, falhou, mas isso não foi definitivo. Nos outros, ou o América perdeu um ponto, ou dois. Quantos gols o bom goleiro Dida vai ter que entregar para que Roberto Fernandes o substitua? Se os reservas fossem ruins, eu entenderia a manutenção mesmo nessa terrível fase. Mas o América tem mais dois excelentes goleiros: Thiago Schmidtt e Galatto. 

1 ponto contra o Crb, 2 contra o Ceará, 1 contra o Joinville, 2 contra o Boa... E nem me venham dizer que se os atacantes fizessem os gols perdidos, a história seria outra. Quase nenhum time faz 100% de suas chances. Mas a falha de um goleiro abala e muito um time. O cavalo está passando selado. O América só não monta se não quiser.

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