Como eu andava atrasada na minha leitura de lazer! Apesar de que qualquer leitura para mim (até bula de remédio) é fonte de irremediável prazer, ler livros sem amarras de prazos ou trabalhos ultimamente estava relegado a segundo plano em minha atribulada rotina. Tanto que havia começado dois livros e interrompido. Resolvi no finzinho da semana passada resolver esse impasse. Iria ler nem que fosse duas páginas antes de dormir.
Duas páginas antes de dormir? Impossível! Depois que se retoma um vício, é difícil dosá-lo. Claro que não li os dois livros ao mesmo tempo. Primeiro um, depois o outro. Que delícia! E olha que nem li a minha favorita, paixão louca mesmo que me fez enveredar pelos caminhos jurídicos: a perfeita Agatha Christie. Ler Agatha (olha a intimidade! Eu a chamo pelo primeiro nome!) é como se alimentar de sobremesa na TPM: indispensável. É de um prazer absurdamente absurdo... Melhor interromper porque não foi uma obra da super britânica que li.
Terminei a leitura de dois livros totalmente distintos. Plim-Plim: a peleja de Brizola contra a fraude eleitoral, de Paulo Henrique Amorim e Maria Helena Passos foi um presente do amigo Wagner. Há tempos. Mas sou daquelas que comem sobremesa "poupando", sabe? Logo, nada de ler um livro assim que o recebo. Há toda uma experiência, quase um flerte, seguido de namoro, noivado e casamento, para que eu comece uma leitura. Culpa da minha memória. Uma vez lido, lembrarei de suas páginas por tempo indefinido e o prazer da surpresa acabará para sempre.
Pois é. Eu "poupo" livros. Mas, voltando ao livro citado, trata-se de narrativa que reproduz o clima da eleição para governador do Rio em 1982. Eu tinha 3 anos, porém já ouvi falar muito no episódio, que seria a origem da arenga Brizola x Rede Globo. Interessante ver as coisas sobre outra perspectiva, embora o livro seja repleto de muitas suposições e muitos indícios, mas poucas provas na visão de quem ama o Direito. Nem por isso deixa de ser interessante e de ter sua leitura por mim recomendada. Afinal, a leitura não pode ser feita de um jeito inerte. É preciso manter uma visão crítica. Para resumir, adorei.
O outro foi Na Boca do Túnel, de Maeterlinck Rego Mendes. Para quem não sabe, o autor é há várias décadas chefe do departamento médico do América-RN. Ele reuniu centenas de casos pitorescos e revelou lado desconhecido dos bastidores do futebol, especialmente das concentrações. Livro que se lê com um sorriso da boca e que conseguiu me arrancar algumas gargalhadas. Minha edição foi até autografada pelo doutor americano. Adoro esses livros de "causos". São como doses de bom humor ante certas inocências do ser humano.
Quem se aventurou até aqui neste texto, mas ainda não incorporou o hábito da "leitura de cabeceira", não sabe o que está perdendo. Aguardar o sono na companhia de um bom livro é uma experiência que faz bem à alma, ao coração e até ao cérebro! E ainda alivia nossos olhos quanto aos horrores publicados no Twitter e no Facebook, por exemplo. Viva a imaginação!
Nenhum comentário:
Postar um comentário