terça-feira, 31 de outubro de 2017

Série B 17: Goiás x Criciúma às 18h30

Local: Estádio Serra Dourada (transmissão ao vivo para todo o Brasil, exceto Goiás, pela Sportv)

Goiás (4-3-3): Marcelo Rangel, Pedro, Fábio Sanches, Alex Alves, Carlinhos; Victor Bolt, Elyeser, Andrezinho; Aylon, Júnior Viçosa, Carlos Eduardo. Técnico: Hélio dos Anjos.

Criciúma (4-4-2): Luiz, Diogo Mateus, Raphael Silva, Edson Borges, Diego Giaretta; Jocinei, Barreto, Caíque, Alex Maranhão; Silvinho, Lucão. Técnico: Beto Campos.

Árbitro: Vinícius Gonçalves Dias Araújo (SP)
Assistentes: Rogério Pablos Zanardo (SP) e Herman Brumel Vani (SP)

Destaques do Goiás
Aylon - bom na movimentação e na finalização.
Júnior Viçosa - bom na movimentação e na finalização.

Destaques do Criciúma
Silvinho - bom na movimentação e na finalização.
Lucão - atacante que não perdoa.

Prognóstico: o Goiás (9.°) está bem mais embalado do que o Criciúma (10.°). Vitória do Goiás.

Manchetes do dia (31/10)

A manchete do bem: Rosa Weber vai levar ao plenário ação do PSL contra fundo bilionário.

As outras: Raquel Dodge envia ao STF parecer contra José Agripino, PIB brasileiro encolheu 8,6% com a crise entre anos 2014/2016 RN tem a segunda maior taxa de homicídios do Brasil: 56,9 a cada 100 mil habitantes.

Bom Halloween a todos!

Fonte: Tribuna do Norte

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Vai atrapalhar

Se a CBF já meteu um campeonato brasileiro de seleções estaduais sub-20, a FNF também achou por bem convocar atletas de América e ABC, que vão disputar a Copa do Nordeste Sub-20, para compor a Seleção do RN e ainda quer a liberação deles para treinos a partir de 06/11. 

O América já está em ritmo de preparação para a Copa do Nordeste e o ABC ainda tem os atletas convocados jogando a Série B entre os profissionais.

É um empenho impressionante de ambas as entidades para mais atrapalhar do que ajudar.

Eis a lista de convocados:
Goleiros: Ewerton (América) e Gomes (ABC)
Zagueiros: Fred (América), Jadson (Santa Cruz), Luiz Henrique (Globo), Matheus Machado (Santa Cruz), Tonhão (ABC), Vinícius (ABC) e Yan (Palmeira)
Laterais: Alisson (América), Felipe Cruz (Santa Cruz), Luiz Carlos (Globo), Paulinho (ABC) e Vanvan (América)
Volantes: Bruno (Globo), Gaspar (ABC), Jadson (América), Juninho (América), Lecinho (Santa Cruz) e Vanderlan (Globo)
Meias: Anthony (América), Fessin (ABC), Gleydson (Força e Luz), Marcelinho (América) e Luquinha (Santa Cruz)
Atacantes: Berguinho (ABC), Denilson (Santa Cruz), Matheus (ABC), Negueba (Globo), Thiago (América) e Xilu (Força e Luz)

Aparecendo

O América segue o discurso do presidente eleito Eduardo Rocha de que o clube não é só futebol e os resultados da nova política já começam a aparecer.

Imagem: Canindé Pereira (América)

Sabrina Simonelly conquistou o Campeonato Brasileiro Caixa Sub-23 nos 400m com barreiras nesse domingo, segundo o clube divulgou em seu site.

Mais um orgulho do RN! 

13 não, 14

Para quem achava que 13 jogadores ainda não haviam se reapresentado ao ABC depois da greve que foi noticiada de tudo quanto é jeito no RN e no Brasil, hoje o blog Augustox Futebol Clube trouxe carta aberta de 14 jogadores do ABC nessa situação. Isso mesmo, 14: Filipe, Jota, Tatá, Márcio Passos, Fabinho, Levy, Vitor Júnior, Léo Fortunato, Jean Carlos, Marquinhos, Daniel Cruz, Nixon, Gegê e Lucas Coelho.

Na carta, os jogadores relatam o passo a passo do ápice da crise, ainda antes do jogo contra o Boa, quando o clube teria informado que "o único dinheiro (...) era um valor da Timemania que se encontrava bloqueado e, assim que conseguisse liberar, 'talvez na próxima semana', nos pagariam uma parte de um dos meses em atraso. Fora isso não tinha mais nada e até havia a intenção de vender o ônibus do clube".

Eles reafirmaram que a decisão de acabar com a concentração foi dos jogadores, que apenas comunicaram ao então treinador. E que foi a decisão do clube de fechar o restaurante, prejudicando os que "já estavam morando no clube porque não tinham condições de pagar a própria comida ou aluguel", que os levou à decisão de não treinar 2 períodos diários.

Por fim, a carta afirma que " não foi a vontade de salvar o clube que dividiu o grupo. Não foi, nem sequer o pagamento de uma parte do elenco que dividiu o grupo. O movimento acabou quando a parte que recebeu decidiu, em segredo, desistir de lutar pelos companheiros e pelos funcionários, que recebem salário mínimo, que até hoje não devem ter recebido nada. (...) Nem tudo foi um fracasso, já que, por conta do movimento de TODOS, uma parte do elenco recebeu. Além disso, o clube tem agora uma nova gestão caminhando para novos ares, como se viu neste último jogo, futebol alegre e solto."

Enfim, a carta é longa, merece uma leitura cuidadosa e está disponível no link no início desta postagem. 

Pode ser por aí

Um advogado chamado Marcos Mota apresentou à Confederação Brasileira de Futebol uma proposta para limitar a verdadeira dança das cadeiras entre técnicos no futebol brasileiro. Ao contrário de praças mais desenvolvidas, como o futebol europeu, no Brasil, há treinadores que são demitidos após 3-5 jogos. Neste ano, por exemplo, Márcio Fernandes e Itamar Schülle saíram do ABC com apenas 6 partidas cada.

Segundo essa proposta, haveria apenas 2 janelas para inscrição de treinadores por ano. O clube que demitisse um treinador fora da janela de inscrição teria que utilizar na função um outro profissional já inscrito como seu profissional junto à CBF, como um auxiliar técnico.

Uma outra proposta foi apresentada pela CBF pela Federação Brasileira dos Treinadores de Futebol, segundo o blog Bastidores FC, do Globoesporte.com. Nesse caso, um clube só poderia realizar 2 trocas de treinador por ano, o que faria com que um mesmo clube só pudesse ter, no máximo, 3 treinadores diferentes por temporada.

Ambas têm um bom propósito. Eu prefiro as janelas. Acho que as diretorias teriam uma preocupação maior com a manutenção de um projeto/planejamento sabendo que têm apenas dois períodos permitidos de troca por ano - talvez dezembro/janeiro e julho/agosto.

Enfim teríamos um avanço no futebol brasileiro. Técnicos teriam bem mais tempo para desenvolver seu trabalho e até separar o joio do trigo nesse mundo do futebol ficaria muito mais fácil.

Ainda segundo a postagem consultada, a CBF estuda implantar as janelas já em 2018. Se ocorrer, devemos aplaudir de pé.

Tem zagueiro chegando

Imagem: site do Ypiranga

Tão certo como 2+2=4 era o fato dos nomes dos jogadores que vão fechar o elenco americano para a pré-temporada 2018 começarem a aparecer a partir desta segunda, quando o técnico Leandro Campos chega a Natal para ultimar os preparativos para tanto. 

E apesar de não ter conseguido confirmação oficial a este respeito, o América fechou pré-contrato com o zagueiro Diego Negretti, de 30 anos, que em 2017 disputou o Gauchão e a Série C pelo Ypiranga-RS.

Pelo menos no papel o América vai formando uma ótima equipe para 2018, especialmente se considerarmos a nada fácil situação financeira. Jogador que atuou na Série C me parece candidatíssimo à titularidade. Aguardemos.

Como afundar um clube

Esse bem que poderia ser o título de reportagem do blog Bastidores FC, do Globoesporte.com, sobre resultados de pesquisa realizada pelo programa Gestão de Campeão, da Ambev em parceria com a Ernst & Young, que premia clubes que tenham as melhores práticas de gestão no futebol brasileiro.

O universo pesquisado foram os clubes com destaque no futebol nacional, a saber, Atlético-MG, Ceará, Coritiba, Cruzeiro, Fortaleza, Fluminense, Goiás, Juventude e Vitória. Também estavam incluídos na listagem Atlético-GO, Bahia, Botafogo, Grêmio, Internacional e São Paulo, mas todos abandonaram o programa antes da realização da pesquisa.

Na primeira rodada de avaliação (haverá outras), os seguintes resultados foram apontados, conforme exato relato da reportagem:

  • quase 80%  dos diretores de futebol não acompanham os treinos dos times profissionais e de base;
  • 71% não têm metas de gestão formalmente documentadas;
  • nenhum clube faz acompanhamento formal das metas estipuladas;
  • 86% não têm estruturas de cargos e salários definidos;
  • 93% não têm regras para despesas de viagem, hospedagem e alimentação;
  • 39% não fazem controle das despesas de água e energia elétrica;
  • 50% dos clubes não têm política de benefícios (vale-refeição, plano de saúde, etc.) para funcionários;
  • nenhum clube faz pesquisa de satisfação entre seus funcionários;
  • 64% dos clubes não fazem planejamento anual de marketing com metas definidas;
  • 57% não realizam pesquisas que orientem a atuação do departamento de marketing;
  • 57% dos clubes não acompanham o desempenho escolar de seus atletas das categorias de base;
  • 79% não oferecem cursos de idioma para os jogadores da base;
  • 64% não oferecem apoio psicológico para os jogadores da base;
  • 93% dos clubes não dispõem de dados demográficos detalhados sobre seus sócios-torcedores.
Se considerarmos que esse é o retrato dos clubes de mais destaque, já podemos ficar horrorizados só de imaginar o quadro do restante dos clubes do futebol brasileiro, especialmente os daqui do Rio Grande do Norte.

Fred Fontes, gerente de marketing esportivo da Ambev, expressou a surpresa: "Esperávamos que alguns pilares, como sócio-torcedor, estivessem mais organizados, com gestão mais avançada. Mas estamos confiantes de que nas próximas rodadas de avaliação os resultados vão estar num patamar bem mais alto."

Esse também foi o tom de Gustavo Hazan, gerente-sênior de consultoria da Ernst & Young: "Nós ficamos alarmados com o primeiro resultado. Mas percebemos também que muitos clubes estão reagindo de maneira consistente a este primeiro diagnóstico."

Vejam que, dentre as medidas, há algumas simples de serem adotadas, básicas mesmo de qualquer pessoa que tenha que administrar um orçamento doméstico, como controlar as despesas de água e energia elétrica!

E sobre a falta de dados mais precisos sobre sócios-torcedores, já falei que os clubes não conhecem seus sócios e nem o público que frequenta suas partidas. A Federação Norte-rio-grandense de Futebol também não se interessa por fazer um estudo, talvez em parceria com universidades ou centros universitários daqui, a respeito do que leva uma pessoa a ir ou não ir ao estádio para acompanhar um clube do RN durante o estadual, por exemplo.

Enfim, falta muito. Mas a listagem acima serve de diagnóstico antecipado do que leva um clube ao fundo do poço. E olha que faltam muitos e muitos itens nessa lista...


"Pagar pouco, mas pagar em dia"

Com a chegada do técnico do América Leandro Campos a Natal, certamente a série de entrevistas vai aumentar. Primeiro, foi a da Tribuna, sobre a qual teci comentários no Podcast de domingo. Agora, foi ao repórter Marcos Lira, da Rádio Globo Natal, reproduzida no blog Marcos Lopes, cujos principais trechos seguem abaixo:

Chegada a Natal mais cedo
Nós estamos chegando inclusive 13 dias antes do início da apresentação dos atletas. E o nosso objetivo nessa apresentação é fazermos as reuniões necessárias com a direção, fazermos o nosso planejamento de trabalho, também incrementarmos mais a possibilidade de nós fazermos contratações para fortificar a qualificação da equipe. Então, tudo que for necessário, tudo que for possível de se fazer com relação aos nossos objetivos, às nossas intenções no ano de 2018, nós vamos procurar realmente fazermos o nosso melhor nos baseando em cima de uma fundamentação de trabalho. Não adianta nada nós usarmos o sentimento em cima do que passou. Nós temos que, a partir de agora, sermos profissionais, sermos inteligentes pra podermos realmente contratar certo, pra fazermos o planejamento certo, pra que a equipe realmente possa ter um ano, uma temporada de 2018 com seus objetivos concretizados. Esse seria o nosso objetivo principal, realmente, que é buscar essa sequência , onde nós chegaríamos aos objetivos do América."

O grupo que começa a pré-temporada
"Na verdade, nós temos aí uma estrutura de pelo menos 80% que nós iremos contar para o ano de 2018, temporada de 2018. É lógico que alguns detalhes ainda faltam em relação a essa composição de grupo. O que eu quero dizer é que o mercado hoje, ele se apresenta numa condição muito inviável porque os jogadores estão muito valorizados e, infelizmente, hoje, nós estamos numa divisão que não é um atrativo pra alguns jogadores de um nível melhor. Eu me refiro a jogadores de Série B e até mesmo de Série C, dependendo dos casos. Nós temos conversado bastante com vários jogadores e muitos deles preferem às vezes ficar naquela condição de incógnita em relação à condição financeira do clube [em] que eles estão neste momento do que às vezes vir para o América, não pela questão financeira do América, não pela grandiosidade do América, mas sim por questão deles estarem disputando uma competição, dentro da graduação, pouco melhor. Mas, de qualquer forma, nós estamos trabalhando com muito afinco juntamente com a direção. A direção não está medindo esforços. É lógico que a gente sabe das condições financeiras hoje do América. E é um clube que vai fazer as coisas, as contratações sempre com os pés no chão, e é muito importante que a gente possa manter essa linha de conduta porque, muitas vezes, se projeta um orçamento muito maior, e às vezes não se consegue cumprir os seus compromissos, e esse não é o objetivo do América. O objetivo do América é pagar pouco, mas pagar em dia. E também temos, dentro desse planejamento que nós estamos montando, esse alicerce, essa condição de darmos também oportunidades para os jogadores da base. É lógico que não resolve somente ser jogador da base; precisa se ter qualidade. Mas eu acho que é muito importante nessas dificuldades que nós estamos encontrando, nós também valorizarmos um pouco mais os jogadores da base do América, que foram campeões estaduais, vão participar da Copa Nordeste de clubes, vão participar da Copa São Paulo. Então nós vamos ficar realmente atentos e observando o desenvolvimento de cada um deles para que esses mesmos atletas, eles possam maturar dentro dessas competições de um nível bom, um nível alto. Isso aí só será benefício para que os nossos atletas venham mais prontos pra poderem incorporar ao departamento de profissionais. 

A saída de jogadores da base (leia-se: Marcelinho)
Agora uma coisa, lógico, que me deixa um pouco chateado e até mesmo, infelizmente, nós temos que abordar esse assunto, é que infelizmente os jogadores começam a se destacar nas categorias de base e infelizmente os empresários tiram proveito dessa condição. Então hoje nós temos jogadores que saíram do América por questão de o empresário achar que era mais interessante ir pra outro clube. Então isso aí dificulta muito. Muitas vezes se investe na base, se dá essa condição pro atleta de base, mas os empresários, que são os seus procuradores, acham muitas vezes melhor uma outra condição. Isso aí naturalmente desqualifica todo um trabalho, toda intenção que nós teríamos de fazer um trabalho um pouquinho mais efetivo nessa valorização dos jogadores da base. Então, infelizmente, a gente sabe que o mercado hoje é isso. Um clube não tem condições de fazer com um atleta juniores um contrato muito longo e, quando acaba essa contrato, ou está próximo de acabar, realmente os procuradores e empresários muitas vezes direcionam o futuro desse jogador, que não é a continuação no seu clube de origem. Então, tudo isso aí nós temos que atentar, organizar, analisar para que nós possamos realmente achar o caminho certo pro América.

"Hora de os eleitores darem o troco"

Uma excelente entrevista veio nas páginas 3 e 4 do primeiro caderno da Tribuna do Norte de domingo. O pai da Lei da Ficha Limpa, o advogado Márlon Reis, falou sobre o momento do Brasil. Interessante é que, no fim da entrevista, Márlon opina sobre a democracia brasileira, numa quase repetição do que falei num dos momentos do Podcast de sexta-feira. Vale a pena conferir exatamente como grafada:

"Como o senhor analisa o atual momento da política nacional?
Estamos vivendo um momento de mudança, no qual estão em conflito concepções de país. O Brasil sempre foi movimentado por uma ideia extremamente conservadora e elitista, que colocava fora do alcance dos mecanismos judiciais pessoas poderosas política e economicamente. Ao mesmo tempo havia uma grande inconformidade da sociedade brasileira. Estamos em um momento de transição. Isso deixou de acontecer, mas não está totalmente fora da realidade. Há, então, um conflito entre dois 'Brasis'. É natural que isto acabe se tornando uma fonte de crise. Trata-se de algo inerente a um momento de transformação.

Com relação a essas reações, há propostas em discussão no Congresso Nacional, como uma nova lei de abuso de autoridade e outros mecanismos que se tenta instituir. Isso pode representar avanços ou se trata de reações que querem impedir operações em andamento?
A maioria congressual está em desavergonhado conflito com os interesses da sociedade. Não se preocupa em reverter o profundo desinteresse pela vontade que da sociedade neste campo. A sociedade quer mais lisura e o combate à corrupção. Todos os projetos que estão sendo urdidos no Congresso Nacional sobre esse tema são para gerar retrocesso. Todos, sem exceção. 

Alguns advogados e até lideranças políticas apontam excesso na Lava Jato. O senhor percebe abusos ou excesso do Ministério Público e Polícia Federal?
Na verdade essas instituições têm atuado de forma exemplar. Existe uma reação conservadora à Lava Jato. Uma reação de segmentos acostumados com a impunidade. É bom lembrar que a Lava Jato não está circunscrita à atuação de algum membro do Ministério Público ou algum juiz. Todas as decisões e manifestações institucionais estão submetidas a recursos. Então, são muitos âmbitos do Poder Judiciário: Tribunal Regional Federal, Superior Tribunal de Justiça, Supremo Tribunal Federal. Há todo o sistema judiciário a ser considerado. Não envolve apenas uma decisão de um juiz ou um posicionamento de um promotor ou procurador que deve ser levada em conta.

Podemos observar uma nova discussão sobre a Lei da Ficha Limpa. Desde que foi instituída a cada eleição tem essa discussão. Há ameaças à aplicação deste lei neste momento no qual o país está?
A Lei da Ficha Limpa tem inimigos poderosos até hoje inimigos poderosos até hoje, que não se conformaram com o fato de que a sociedade brasileira alterou a lei de inelegibilidade para aumentar de forma bastante relevante os rigores do processo de registro de candidatura. É natural que, tendo em vista o poder econômico e político, muitos setores atingidos frontalmente pela Lei da Ficha Limpa reajam. Entretanto, a Lei da Ficha Limpa está consolidada. Tem como maior escudo a legitimidade social. É por isso que os adversários da lei, por mais poderosos que sejam, são reiteradamente derrotados na tentativa de enfraquecê-la.

O caso mais visível, atualmente, que envolve a aplicação da Ficha Limpa, diz respeito ao ex-presidente Lula, que foi condenado em primeira instância e deve ser julgado pelo Tribunal Regional Federal. Esse caso vai ser exemplar para aplicação da Lei?
É o caso mais rumoroso. Seria a primeira vez que um ex-presidente da República estaria atingido pela Lei da Ficha Limpa. Mas, para isso, é preciso saber se o Tribunal tem a mesma visão sobre o caso, em julgamento, que o magistrado que atuou em primeira instância. O Tribunal Regional Federal se manifesta autonomamente. E tem diversas opções de julgamento. Uma delas é manter a condenação. Portanto, é preciso, primeiro, saber como decidirá o TRF.

Em caso de condenação, há possibilidade dele continuar elegível?
Se houve manutenção do juízo condenatório, ele estará alcançado pela Lei da Ficha Limpa e não poderá ser candidato.

Houve situações, nos municípios, nos quais condenados por órgão colegiado mantiveram a candidatura?
Não basta ser condenado por órgão colegiado. É preciso preencher alguns requisitos. Só a análise de cada caso pode elucidar o que houve.

Além da condenação por órgão colegiado, quais são os demais requisitos para ficar inelegível?
No caso da condenações por improbidade administrativa, é preciso que tenha havido a suspensão dos direitos políticos. Se a decisão não incluir a suspensão dos direitos políticos, não gera inelegibilidade. Para o público que não é da área jurídica pode ficar difícil de entender como alguém condenado pode ter escapado. Mas a Lei da Ficha Limpa foi feita pensando nos casos mais graves. Não é uma maneira de tirar toda e qualquer pessoa condenada. Mas, sim, as pessoas condenadas nas situações mais graves. Nos demais casos, compete ao eleitor julgar com o voto.

Recentemente, houve decisão de Supremo na qual admitiu que afastamento de parlamentares, e outras medidas restritivas, sejam confirmadas pelos Legislativo. Foi uma decisão que respeitou a separação dos Poderes ou uma decisão equivocada?
Foi uma medida equivocada da maioria dos membros do Supremo Tribunal Federal. Com todo respeito, o STF falhou por se dobrar a uma pressão do Parlamento.

Tivemos a reforma política, com a cláusula de barreira, mas acabou adiando o fim das coligações proporcionais para 2020. Como avalia essa reforma?
Mais uma mudança na lei eleitoral que não tem a grandiosidade necessária para se caracterizar com uma reforma política. Não entrou nos pontos essenciais, cujo centro é o sistema eleitoral. As regras de eleição para o Legislativo precisam ser justificadas. Mas algumas propostas apresentadas eram tão ruins, que acabamos comemorando a manutenção do modelo atual. Apesar disto, algumas mudanças pontuais podem ser comemoradas, como a possibilidade de financiamento coletivo de campanha. Isso é algo que defendemos. Estivemos no Congresso sustentando a viabilidade e necessidade de adoção deste modelo, o chamado 'crowdfunding', nas campanhas para modernizar e facilitar a participação cívica dos brasileiros no processo de financiamento eleitoral.

Há um problema de representatividade no sistema politico do país. Como senhor acha que deviam ser as mudanças para melhorar essa situação?
Primeiro, precisamos acabar com a ideia de que eleições precisam ser caras. Diante da proibição das doações empresariais, os parlamentares aprovaram um fundo bilionário para financiamento das campanhas, com recursos concentrados em pouquíssimos partidos. É uma maneira que eles encontraram para manter as eleições em patamares astronômicos. Precisamos acabar com essa cultura de que eleição precisa ser algo caro. Eleição tem que ser de forma simples, austera. E que propicie mecanismos para dar aos eleitores conhecimento sobre os candidatos e suas propostas.

Na avaliação do senhor, não deveria ter financiamento público para a campanha? Só de pessoa física?
Entendo que poderia ter, não é esse o problema. Considero que o valor foi exagerado e a maneira de distribuição foi injusta. Mas não sou contra a existência de um algum nível de financiamento público.

Devia ser equitativo, todos os candidatos terem o mesmo volume de recursos?
Não. Mas pelo menos que o a diferença não fosse tão grande. A diferença entre os que têm mais e os que têm menos não poderia ser tão absurda quanto é hoje.

Estamos mais ou menos há um ano das eleições e se cogita nomes e os partidos se preparam para a disputa. O país poderá avançar em 2018?
É possível, porque nós teremos a possibilidade da manifestação dos eleitores nas urnas. A acho que é a hora de os eleitores darem o troco. O volume de informações nunca foi tão alto sobre as debilidades da representação política. Entendendo que em 2018 é um ano de profunda renovação. Todos os eleitores devem ser exortados a realizar uma ampla renovação dos quadros políticos, buscando nomes que sejam de fato conectados com a sociedade e não com os seus interesses pessoais.

Como avalia os nomes que surgiram até o momento para presidente?
Sou filiado à Rede Sustentabilidade, então defende o nome de Marina Silva, a respeito de quem não há questionamento ético ou denúncia. Ela se porta de forma moderada. Com relação aos demais candidatos... Há, realmente, uma profusão de problemas até de natureza criminal. O ex-presidente Lula realmente tem uma profusão de processos criminais, Bolsonaro tem como grande desvantagem o extremismo. Mas a sociedade brasileira não é extremista. Além disso, as propostas que ele representa são superadas e ultrapassadas em todo o mundo civilizado. Precisamos de outro temperamento, de estadista, e não de discursos que disseminam o ódio.

O senhor fez uma campanha contra a corrupção eleitoral. Acha que a Justiça Eleitoral está preparada para, no próximo ano, impedir irregularidades, como o uso de caixa dois?
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a partir de fevereiro de 2018 mudará de composição e passará a ser integrado por uma maioria bem mais exigente do que a atual composição. Espero, para 2018, uma postura ainda mais assertiva da Justiça Eleitoral contra a compra de voto e o abuso de poder político e econômico.

Como viu o episódio no qual houve uma troca de acusações entre os ministros Luís Roberto Barroso e Gilmar Mendes no STF?
O ministro Gilmar Mendes vem praticando excessos há muito tempo. Adota posturas claramente incompatíveis com o que se espera de um magistrado. Ele vive opinando sobre processos dos quais nem é julgador. Parece um participante ativo da vida partidária e congressual em situações que não lhe dizem respeito como ministro do Supremo Tribunal Federal. Então, de alguma maneira, o ministro Barroso verbalizou uma série de críticas que são de conhecimento da maioria dos brasileiros.

Considera que as instituições do país estão funcionando bem, principalmente o Judiciário e os Tribunais Superiores?
Sim. Claro que sempre é possível melhorar, mas estamos em pleno funcionamento das nossas instituições. Precisamos aprimorar mais, seguir adiante. No futuro, não terá tanta guarida à grita conservadora para que pessoas mais poderosas não sejam alcançadas pela Justiça.

Como o senhor vê a perspectiva do país daqui por diante?
A tendência é superarmos essa crise em poucos anos. E vamos readquirir a capacidade de diálogo. O Brasil está um momento no qual o diálogo está suspenso entre vários segmentos. Mas vamos recuperar. Isso será necessário e essencial. Digo sempre que o Brasil não está mais na sua infância democrática. Estamos na adolescência. Por isso, estamos vivendo tantos conflitos. Trata-se de algo típico da adolescência. Mas, em compensação, é a fase que precede à adulta. Por isso, sou otimista. Vamos superar este momento e a história registrará como uma transição."