domingo, 28 de julho de 2013

Dinheiro e felicidade

Relação difícil essa. Sempre ouvimos que dinheiro não traz felicidade. Mas a sua ausência também ocasiona estresse e preocupação. Afinal, como gozar a felicidade se não sabemos como pagaremos as contas no fim do mês?

Abordo o tema por ter lido no Estadão http://blogs.estadao.com.br/daniel-martins-de-barros/a-alegria-do-papa/ que o Papa Francisco fez afirmação categórica neste sentido. O articulista traz ainda dados de pesquisa que mostram que o grau de felicidade não aumenta entre os que ganham mais de $ 13,000. Faltaria a essas pessoas aproveitar mais as coisas simples da vida.

Já tive minha fase consumista, não nego. Também não deixo de assumir que sou vidrada em ter segurança material - algo como saber que se uma catástrofe ocorrer hoje, não vou passar fome amanhã. Mas a maturidade me trouxe de volta o apego por coisas simples, como assistir à tv ou ler o jornal em casa.

Em minhas muitas fases no relacionamento com o dinheiro, foi nos momentos de baixa que fiz descobertas maravilhosas, especialmente no quesito amizades. É que ser amigo na fase boa é fácil. Complicado mesmo é aguentar alguém que recusa convites ou não faz festas por estar sem grana. E foi num evento assim que separei o joio do trigo e vi amigas se cotizarem para que eu participasse de um réveillon, pois queriam a minha presença. Gesto simples, mas inesquecível. 

Dinheiro é muito bom e sua presença ou ausência pode sim trazer felicidade. Só depende da sua perspectiva.


sábado, 27 de julho de 2013

À beira do gramado

Na noite dessa sexta-feira, talvez pelo vazio das arquibancadas, o Premiere, canal pay-per-view que exibe jogos de futebol da Série B, proporcionou um espetáculo à parte para seus espectadores: um microfone que captava quase tudo que o novo técnico do América Argel Fucks dizia.

Argel não parou um só minuto. Cantou o jogo, como se diz na gíria, o tempo inteiro. Houve um contra-ataque no segundo tempo em que isto ficou bem nítido. Fabinho subia em velocidade com a bola pela direita quando o treinador gritou "Chico". Neste momento, Fabinho reduziu a passada e aguardou a passagem do lateral Chiquinho, para quem rolou a bola. Chiquinho fez a mesma coisa e o América fez ótima jogada na direita.

Algumas coisas ficaram claras com esse espetáculo que o PFC proporcionou. Argel é um treinador que se recusa a ficar calado. Grita o tempo todo, seja para reclamar (com xingamentos ou não), seja para elogiar, o que o faz com boa frequência. Eu me apaixonei à primeira vista. Espero que seu comportamento seja esse sempre.

Quando colocou Mazinho, ele demonstrou enxergar a avenida da esquerda que nós torcedores vemos desde o ano passado. Chamou Fabinho e orientou como queria o posicionamento dos três volantes, com Mazinho lá pela esquerda. Tudo ao vivo e de pertinho para emocionar quem finalmente via um treinador dizer o que deveria ser dito.

Uma curiosidade é que somente Fabinho e Vandinho, dentre os atletas com nome no diminutivo, são assim chamados por Argel. Renatinho é Renato. Chiquinho, Chico. E pelo que jogaram ontem certamente estarão em campo contra o Asa.

Andrey deu dois sustos, mas salvou outras tantas. Zé Antonio só teve uma pequena falha, que nem deve ser computada. Edson Rocha nem parecia que reestreava ontem. Norberto ainda busca aquele futebol do ano passado, mas não prejudicou. Renatinho marcou como nunca antes em suas duas passagens pelo América. Ricardo Baiano foi...Ricardo Baiano - força e disposição à toda prova e a serviço do Mecão. Inclusive teve seu desempenho elogiado por Argel ("uma atuação de luxo!"). Fabinho fez um partidaço na marcação e deu mostras de que aquele velho Fabinho pode estar de volta. Rai, apesar da displicência, desequilibra em um ou dois lances, tanto que deu o passe para o gol e quase marca um golaço. Almir sentiu os meses parados e mostrou apenas 20% de futebol. Pimpão tem bastante vontade, mas parece sentir a falta de entrosamento. E Vandinho fez o que se espera: na única chance, nem pensou. Gol.

Ainda entraram Chiquinho, Mazinho e Alex. Os dois primeiros, bem. O último fez sua pior apresentação no América. Mas quem se importa? O Mecão venceu um grande adversário e quebrou mais um tabu nesta Série B (nunca vencera o Atlético em Goiás).

E na entrevista pós-jogo, Argel mostrou que preenche todos os requisitos para ser um bom treinador. Analisou o que estava errado, mas jogou todos os louros da vitória sobre os jogadores, que mostraram grande empenho, vontade e entrega, segundo suas palavras.

Na terça-feira, todo o trabalho de Argel e do grupo de jogadores será posto à prova. O jogo será no Barretão (tabu 1: o América nunca venceu ali) contra o Asa (tabu 1,1, já que não dá para dizer que seja um tabu mesmo: o Asa venceu o América neste ano pela primeira vez e tirou-lhe a vaga na 2.ª fase da Copa do Nordeste). Encontro de duas retrancas. Mas Argel já deu o recado: "precisamos que o torcedor nos abrace nestas duas partidas em casa." Eu, que detesto o Bur.. ops, Barretão estarei lá, de camisa nova e abraçando o Mecão. E você?




sexta-feira, 26 de julho de 2013

Frases da semana

"Se o governo não é capaz de fazer um acesso como esses, deveriam pedir o impeachment."
José Antunes Sobrinho, presidente do Conselho de Administração do Consórcio Inframérica, responsável pelo Aeroporto de São Gonçalo do Amarante, a respeito de o aeroporto ficar pronto antes do prazo e o governo do RN não construir as vias de acesso.

"A medida da grandeza de uma sociedade é dada pelo modo como esta trata os mais necessitados, que não têm outra coisa senão a sua pobreza"
Papa Francisco, em visita à Favela da Varginha,  Rio de Janeiro 

"Assim só se ele passar por dentro de mim."
Argel Fucks, técnico do América, mostrando aos jogadores de defesa como deveria ser a marcação em jogadas perto da área.


quinta-feira, 25 de julho de 2013

3-5-2 ou 4-4-2?

Devo dizer que o 3-5-2 verdadeiro, aquele em que há um líbero que é zagueiro na defesa e bom volante no ataque, sempre contou com minha apreciação. 1 goleiro, 2 zagueiros, 1 líbero, 2 alas, 1 volante, 2 meias, 2 atacantes. Inegavelmente muito mais ofensivo. 

Menos no Brasil. Aqui o 3-5-2 vira 5-3-2, com 3 zagueiros pesados e uma ruma de gente se amontoando na defesa. Nossos técnicos (jogadores então...) em geral ainda engatinham em posicionamento tático e por isso o 3-5-2 é um desastre no Brasil.

Daí eu ter me conformado com o equilíbrio do 4-4-2. 1 goleiro, 2 zagueiros, 2 laterais, 2 volantes, 2 meias, 2 atacantes. As falhas de posicionamento de zaga normalmente obrigam a troca de um meia por um volante. É o velho problema brasileiro.

A falta de treinamentos adequados (leia-se: técnicos que entendam de esquemas táticos e tenham talento para ensinar aos jogadores) desde a base  até o profissional causa alguns problemas recorrentes no futebol brasileiro: zagueiros pesadões, laterais que nem vão à linha de fundo, nem marcam, volantes mais preocupados com jogadas de efeito do que com a marcação, quase extinção de meiocampistas clássicos e proliferação de atacantes de beirada de campo.

Argel, novo técnico do América, dizem, já testou os dois esquemas por aqui e só vai tirar a dúvida na hora do jogo contra o Atlético-GO. Porém, sobre uma coisa não há dúvida: esse 3-5-2 é o abrasileirado, mais próximo do 5-3-2. Mas quer saber? Acho que é disso que a vazada defesa americana está precisando. Afinal, não dá para fazer omelete sem pelo menos 1 ovo.

terça-feira, 23 de julho de 2013

"Treina fraco, joga fraco"

"Treina forte, joga forte". Esse é o lema de Argel Fucks, novo treinador do América. Ou pelo menos era, já que foi dito em entrevista antiga. Eu confesso que penso do mesmo jeito. Como mera ex- atleta de basquete e caratê, posso garantir que o atleta, ou até mesmo o treinador, que não leva a sério os treinamentos não terá o rendimento esperado na hora do vamos ver.

Era nítido o problema de treinamento com Roberto Fernandes, o mito. Em 2013, era do que o pernambucano mais reclamava. Foi assim na Copa do Nordeste, quando a eliminação precoce serviu de mote para que torcedorea dissessem que ele então pararia de reclamar, já que recebera uma pré-temporada de 1 mês até o estadual. Foi assim com a tal pausa para a Copa das Confederações, que não mudou coisa alguma no time.

Também era nítida a falta de motivação do próprio Roberto. O América começou a tomar de 2 em 2 gols e o então técnico cruzava os braços e baixava a cabeça em campo. Onde estava o elétrico treinador? Só durava até o primeiro revés. Além disso, as entrevistas já beiravam o ridículo: ora ele brigava com um repórter, ora reclamava que a realidade não ia mudar até a volta de seus titulares.

Era sabido que essa desmotivação do treinador atingiria o elenco. Renatinho Potiguar confirmou o que já se sabia a Marcos Lira, repórter da Rádio Globo, conforme relato de Marcos Lopes.

Índicio mais forte de tudo isso é que Argel desembarcou e já foi para uma reunião a portas fechadas com elenco e diretoria. Será suficiente? Só o tempo dirá. Mas Edson Rocha e Júnior Negão já estão de volta ao time.

Com bom discurso e tendo sido um zagueiro aguerrido, Argel Fucks chega no momento em que ainda é possível uma reação na Série B. Vamos torcer para que os bons ventos voltem ao Mecão.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Quem será o novo técnico do Mecão?

Especulação há para todos os gostos. Diá, Vica, Vilson Tadei, Argel Fucks, Roberval Davino, Zé Teodoro, Guilherme Macuglia, Pintado, Flávio Araújo... e por aí vai. De público, o presidente Alex Padang já descartou Diá e Pintado e teria prometido alguém com título no currículo e experiência na Série B. Isso elimina Vilson Tadei e Argel Fucks.

Vica, Zé Teodoro e Flávio Araújo estão empregados. Da lista especulada, sobra Roberval Davino. Seria ele?

Saberemos nesta semana. Mas o que importa é que o novo treinador precisa saber montar defesa e tirar leite de pedra do que há disponível por enquanto. Se for para chegar aqui e reclamar das contusões e dos que ainda estão entrando em forma, é melhor nem perder tempo. Trabalhar com o que tem é condição sine qua non.

E aí? Será que é Roberval Davino mesmo? Ou alguém inesperado?

P.S.: Argel Fucks foi anunciado agora pelo presidente. Parece-me que tem o perfil que delineei acima. Veremos. Sorte ao América!

sábado, 20 de julho de 2013

Zé Antonio e mais 10

Nunca pensei em fazer tal afirmação, mas ante o desmantelo do time de Roberto Fernandes, a escalação do América agora tem que ser Zé Antonio e mais 10. E o motivo é que o zagueiro (que está em forma) é um bom cobrador de faltas - o que pode ser decisivo daqui para frente.

Em 1997, foram os gols do zagueiro Gito (9) que foram decisivos em muitas partidas da Série A. O América jogava num trancado 4-6-0, sem que seus laterais soubessem o que era linha de fundo. Mas, no aperto, lá vinha Gito fazer a alegria do Machadão.

Como o que resta ao América é esperar a intervenção divina para que os titulares da cabeça de Roberto Fernandes estejam aptos ao bom futebol, a escalação de alguém com a capacidade de mudar o jogo numa bola parada não pode ser desprezada. Especialmente, sendo ele o zagueiro em melhores condições no momento atual.

Então, é passar o cadeado no meio de campo, escalar Zé Antonio e pedir que uma força superior consiga mudar a cabeça de Roberto Fernandes - tudo isso, mas não necessariamente nesta ordem.

Vamos parar a Série B

Eis a única saída para o América: parar a Série B. De novo. É que Roberto Fernandes já deu seu veredicto de que o time do América só apresentará algo de positivo quando os titulares da cabeça dele estiverem em forma. Como até lá o América vai apanhando de 4 em 4 gols, é preciso arranjar alguma desculpa para que a Série B seja interrompida ou suspensa, ou pelo menos no que diz respeito aos jogos do América.

Andrey (nitidamente fora de forma), Norberto (esqueceu o futebol do ano passado), Cléber (ainda sem ritmo), Edson Rocha (contudido), Raí (ainda aprimorando a forma); Márcio Passos (ainda não está no auge técnico), Daniel (joga mesmo?), Fabinho (esqueceu o futebol do ano passado), Cascata (contudido); Vinícius Pacheco (esqueceu o futebol em algum lugar)/Rodrigo Pimpão (ainda aprimorando a forma), Vandinho (fora de forma). Dentre esses 12 estão os 11 titulares de Roberto Fernandes.

Segundo o treinador, agora é esperar o fim do primeiro turno para ver o que acontecerá no segundo. Precisa disso tudo, não, Roberto. Ou você encara um esquema que aproveite as características dos jogadores que estão bem fisicamente e, portanto, disponíveis, ou o América já carimba a passagem para a Série C desde agora, o que, sinceramente, eu acho que já ocorreu.

Uma possível escalação (parte física) para o próximo jogo seria essa: Dida (ou até o gordinho Andrey, já que goleiro só melhora jogando mesmo), Norberto/Walber, Zé Antonio, Edvânio, Rai; Ricardo Baiano, Fabinho, Jerson (ou Jerson, Fabinho), Vinícius Pacheco (ou outro meia com vigor físico); Pimpão (ou Jimmy), Alex. Se Nata ainda estiver no elenco, o meio poderia ser Ricardo Baiano, Nata, Fabinho e Jerson. Assim mesmo, na retranca. Ou escala quem corre e quem marca, ou toma goleada.

O aviso está dado. E nem arbitragem respeita mais o América, haja vista os dois últimos jogos com erros gritantes. Que Roberto Fernandes ponha a mão na consciência e salve o Orgulho do RN da vergonha a que está exposto, sob pena de apupos cada vez mais desonrosos no pasto de Ceará-Mirim.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Eu tive um sonho...

...mas nada glamouroso como Martin Luther King Jr. Na verdade, tive um pesadelo. Sonhei que o América jogava num buraco qualquer no Rio Grande do Sul - eu estava em Gramado.  

O Mecão era impiedosamente goleado: 8x0. O algoz era o Goiás (que, Graças a Deus, não está no caminho americano em 2013). Um terror! 

A torcida e a imprensa pediam a cabeça de Roberto Fernandes. De alguma forma, eu conseguia acesso ao vestiário, mas encontrava o técnico e sua esposa antes de entrar ali. 

Muito simpática a esposa de RF no meu sonho. Nem sei se ele é casado mesmo, mas nos sonhos tudo é tão real e sem explicação...  Bem, ela estava lá com a camisa branca do América, de mãos dadas com o marido e arrasada porque ele sairia do Mecão.

Nesse momento, consigo falar com ele. Bob já estava trocando de camisa - agora uma verde, pois seria o novo treinador do Goiás. Avisei-lhe que, numa votação até os anos 2000, a torcida americana tinha Adilson Batista como o maior treinador dos últimos tempos. Mas que se essa eleição fosse feita agora, ele seria o escolhido sem dúvida alguma.

O pernambucano encheu os olhos de lágrima e disse que não queria ir, mas o time não reagia. Eu lhe dizia para não insistir baseado no que o jogador tinha feito, mas no sangue que ele vinha dando agora nos treinamentos. Com isso ganharia o respeito absoluto do grupo novamente e certamente os resultados apareceriam em campo.

Aí acordei. Não sei se Bob desistiu da troca. Tomara que tudo não tenha passado de um pesadelo pior, pois a realidade do Barretão já é ruim o suficiente.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Qual o problema do América?

Psicológico é que não é. Salários em dia são grande motivação no futebol brasileiro nos últimos tempos. Também não há de ser físico, já que o elenco passou a pausa da Copa das Confederações todinha fazendo treinamentos físicos. A ponto até de Roberto Fernandes dizer que o time perdeu para o Abc na Taça Ecohouse (aquela em que o vice foi campeão) estava "preso".

Então qual o problema do América? São vários. É técnico, em virtude do nível dos jogadores - Andrey, Vinícius Pacheco, Thiago Adam, por exemplo, não estão em boa fase. 

É também tático, já que Roberto Fernandes não consegue entrosar seus zagueiros e volantes, nem armar o time para tirar o máximo do que ele tem disponível. Aliás, RF entrou numa espiral de lamentações pelo que não tem disponível - muito longe daquele RF que chegou aqui e que, além de não poder realizar uma única contratação, ainda perdeu titulares para o DM e para outros clubes.

É ainda de localização. O Barretão - campo escolhido para sediar seus jogos na B - é tão diferente do Nazarenão que não conseguiu trazer o sentimento de que o Mecão joga em casa. O gramado de Ceará-Mirim é diametralmente oposto ao de Goianinha. Este era um tapete que permitia um jogo bonito, de velocidade. Aquele mais parece um pasto, pesadão, que esconde os pés dos jogadores de tão alto, o que só favorece aos times que se retrancam.

E isso é tão óbvio que as melhores partidas do América nesta Série B ocorreram fora de casa. 

Como voltar para o paraíso do Nazarenão parece impossível, não nos resta muita coisa: ou Roberto Fernandes retranca o time para jogar em casa ou esta maldição do Barretão vai nos acompanhar até a Série C.