Duas coisas me chamaram a atenção para a série da Amazon Prime Video Gêmeas - Mórbida Semelhança, lançada em abril: trata-se de releitura do filme do fim dos anos 80 - início dos anos 90 com Jeremy Irons nos dois papéis principais e a presença da atriz com atuações cada vez mais desafiadoras Rachel Weisz. Fui fisgada.
Na nova obra, temos irmãs gêmeas que são ginecologistas e obstetras que trabalham juntas e planejam abrir um centro revolucionário de saúde para a mulher.
Infelizmente não tenho como comparar com a obra original, mas a decisão de transformar o filme em minissérie de 6 longos episódios (por volta de 1 hora cada) me pareceu bem acertada, ainda que não me tenha sido possível maratonar. Aliás, inicialmente, só consegui assistir ao episódios de forma quebrada, por sua carga emocional e a quantidade de cenas em ambientes escuros (acredito que a decisão aqui foi para dar muito mais veracidade à montagem necessária para que Rachel Weisz contracenasse com ela mesma).
A obra trata daquela ligação existente entre pessoas gêmeas, especialmente as idênticas, que nós jamais entenderemos por completo. Até onde vai esse laço? Quais são as consequências dele? É possível rompê-lo de forma saudável?
As irmãs Mantle (Beverly e Elliot, nomes da obra original), magnificamente interpretadas em suas nuances por Rachel Weisz, têm uma relação muito peculiar e que se vê muito ameaçada quando Beverly se interessa por uma atriz que a procura como paciente. Só esse mote já dá uma pequena ideia de todas as questões éticas que serão abordadas, inclusive ao termos a dona de uma farmacêutica envolvida na crise dos opióides (essa aconteceu mesmo) que abalou os Estados Unidos querendo investir no centro de Beverly e Elliot.
Muito além do que já vimos por aqui com Ruth e Raquel, por exemplo, a relação delas entre si e com todas as pessoas no entorno vai sendo revelada sem pressa e sem qualquer ideia de didatismo, mas chegamos ao fim da minissérie com um bom entendimento de tudo que se passou.
A obra também ganha muitos pontos ao abordar claramente as dificuldades da maternidade, especialmente desde a gestação até o período pós-parto, o que é um bônus num mundo que fantasia sobre super mães guerreiras que tudo sabem e de nada duvidam como se elas fossem a mais absoluta realidade.
Na Amazon Prime Video, esta minissérie é classificada como terror, mas não é. É o que se chama thriller psicológico, mas as coisas mais brutais são mais ditas do que mostradas, embora os partos em geral sejam bem cruentos. Não há sustos, isso posso garantir. O que de mais mau gosto vamos ver será o que se convencionou chamar de excentricidade das famílias ricas.
No mais, vale muito assistir ao pouquinhos e aguentar a escuridão de suas cenas porque é um excelente trabalho de Rachel Weisz e é uma obra ao mesmo desafiadora e - por que não? - esclarecedora.
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