quarta-feira, 21 de agosto de 2013

De Padang, Barretão, Nazarenão...

Primeiro, o Mecão ficou sem casa. Derrubaram o templo do futebol do RN: o Machadão, nascido Castelão. Até o gramado mandaram arrancar antes para que o América não tivesse onde jogar na temida Série C de 2011. 

Quem tomou tal decisão (de arrancar o gramado antes da hora) deve se arrepender até hoje. Goianinha acolheu o América com uma paixão que fez com que, rapidinho, o alvirrubro se sentisse em casa de verdade, mesmo a 54 km de Natal. E que caso de amor! Os torcedores que saíam de Natal sempre gostaram daqueles ares. Os da região curtiram ver o time de coração de pertinho. E os jogadores... bem, os verdadeiros artistas agradeceram o palco nobre, raro no futebol tupiniquim, que permitia um jogo bonito, veloz, encantador. E assim o Mecão engrenou e passou, mais uma vez de passagem, pela Série C. Parece que foi há tanto tempo...

Em 2012, então, foi de arrebentar. América campeão potiguar e quebrando um indigesto tabu contra o Abc. Campeão de fato e de direito. Sobrou no campeonato após a chegada de Roberto Fernandes. Só perdeu quando isso não representou perigo algum à sua caminhada.

Mas e a Série B? Estaria o time, cuja a base era da Série C, pronto para a maratona? E onde jogaria? A CBF nunca aprovaria um estádio acanhado (só no tamanho!) como o Nazarenão para uma competição daquele porte. Mas esqueceram que o América nunca teve culpa de Natal ter sido escolhida para ser sede da Copa do Mundo 2014. Também esqueceram que o presidente do América é um cara que não aceita um não como resposta se a argumentação não convencer. Esqueceram também que o Orgulho do RN é sim time de tradição nesta competição nacional. Não deu outra: Nazarenão liberado com capacidade para pouco mais de 5.000 apaixonados pelo alvirrubro natalense/parnamirinense/goianiense (é assim mesmo?), enfim, potiguar, e campanha irrepreensível do América (14 rodadas entre os classificados para a Série A, algumas como líder e invicto).

Mas a condição imposta seria resolver o problema da pequena capacidade até o 2.º turno. Nova ameaça ao Orgulho do RN, já que o único proprietário de estádio particular com capacidade mínima para os jogos preferiu desdizer o que já tinha dito e recusou-se a alugar seu campo. "Ok, vamos para a frente", deve ter pensado Alex Padang, que não esmoreceu em sua luta e enfim a CBF liberou o Nazarenão com novas arquibancadas metálicas para regozijo dos alvirrubros e desespero de muitos.

Chega 2013, e o América de Roberto Fernandes já não é o mesmo. Eliminação na Copa do Nordeste. Surgem as primeiras críticas contundentes ao presidente americano. É a velha alma do torcedor: venceu, o presidente é Deus; perdeu, o diabo, além de burro e ladrão. Acreditam que ainda me impressiono com essas trocas instantâneas de opinião? Pois é. Limpeza no elenco e saída do treinador. O único erro na minha modestíssima opinião, foi a aposta em Alexandre Irineu, quando havia opções melhores em casa mesmo. Derrota na estreia do estadual e Padang não titubeia: traz de volta Roberto Fernandes, para delírio da torcida. Diria mesmo uma jogada de mestre.

Só que o time estava jogando o essencial para vencer e só. Mas eis que o América tinha que mudar de casa. Goianinha só com arquibancadas alugadas. Surge o contrato com a Arena das Dunas. E alguém cismou de empurrar goela abaixo da torcida que a Arena das Dunas representaria o fim da construção da Arena América, aquela que já estaria pronta desde o estadual do ano passado. Na verdade, era a picuinha que queriam para dividir o Conselho do América com futricas. O pior é que ainda há gente que gosta dessas coisas. Futriquinha para lá, futriquinha para cá, quase que propuseram que Alex Padang virasse persona non grata no América. Logo ele!

Muitas futricas depois, surge o milagre do Barretão. Nunca me convenceu. É que há um ditado que diz que apressado come cru, ou que a pressa é inimiga da perfeição, e ambos se aplicam com exatidão ao estádio de Ceará-Mirim. Será um grande estádio quando estiver pronto. Mas até sem banheiro foi inaugurado! E o gramado...

Voltando às futricas, a pressão para que Alex Padang assinasse com o Barretão por 5 anos foi avassaladora. O próprio Marcone Barreto chegou a chamar Alex de louco e arrogante por não assinar a proposta. Até ônibus grátis para que os torcedores conhecessem a maravilha do Barretão foi disponibilizado na pressão para que Alex assinasse a tal proposta. Eu permaneci do lá de cá, ciente das dificuldades de acesso a Ceará-Mirim nos horários loucos da CBF para a Série B. E, pelo que passei, tive pena de Padang. Se eu, que não passo de uma reles sócia, já tive que enfrentar críticas do estilo "isso é frescura de quem mora na Zona Sul", "arranje o dinheiro das arquibancadas móveis", "só você não enxerga que vai dar muuuuuito mais gente no estádio, já que Goianinha nunca lotou", imaginem o que esse homem não passou. Confesso que vi algumas críticas com alta carga pessoal na internet, como se houvesse aquela velha mágoa de antigas futricas provenientes da eterna fogueira das vaidades que é o Conselho Deliberativo do América - algo, infelizmente, comum, mas que andava adormecido.

Padang bate o pé. Barreto reduz o prazo do contrato para 2 anos. Ainda arde a campanha contra a Arena das Dunas. Padang diz que o América vai mesmo se virar com as arquibancadas móveis. Chovem críticas à "burrice" do presidente. Mas Barreto cede de novo e o América fecha com o Barretão até maio de 2014 (salvo engano). Fiquei triste por já imaginar a debandada da torcida, não por frescura (de que me acusaram), mas por impossibilidade fisica mesmo de quem trabalha/estuda no centro ou na zona sul até às 18h de chegar ao Barretão nos jogos às 19h30. 

O apressado come cru. E assim o América perdeu um título estadual ganho (falha de Dida - única no campeonato- é verdade, mas as luzes do estádio foram alvo de reclamação) e foi eliminado vergonhosamente da Copa do Brasil. O gramado já dava sinais da dureza que seria sair do Nazarenão. E o estacionamento, os banheiros, enfim, a infra-estrutura do estádio e dos arredores afugentavam os heróicos torcedores no estádio. E assim o público foi minguando. E assim o América só conseguiu uma vitória em casa. E assim aqueles que queriam o Barretão por 5 anos e acusavam Alex Padang de loucura por não aceitar passaram a defender o óbvio: a volta ao Nazarenão.

Mas já? E os grandes públicos? E o dinheiro das arquibancadas? E o trem? E a estrada que seria duplicada? Graças a Deus tudo ficou para trás. Porém, agora, Alex Padang era o louco que não queria voltar ao Nazarenão. E a minha solitária campanha #QueroONazarenãoDeVolta ganhou fôlego. Assim, sem qualquer menção ao fato da salvação que eram os cinco anos no Barretão. Aprendi na vida que mágoa e rancor só fazem mal a quem os alimenta. Tento evitá-los. Mas não suporto ver injustiças (daí ser advogada) e ficar calada. Também não me preocupo se estou com a minoria ou com a maioria - defendo o que acho certo, razoável. Portanto, não poderia passar sem fazer esse desagravo a Alex Padang, por quem sempre tive grande admiração pelo fato de que, desde a época do Alex Sandro do Mirassol, sempre ter demonstrado não ser muito afeito a mentiras.

Mais uma saraivada de críticas e o incansável Alex Padang consegue que a CBF libere o Nazarenão sem a necessidade de arquibancadas metálicas. Aí foi demais para mim. Nazarenão de volta! Quase chorei. E sem aqueles mostrengos desnecessários. Vou poder acompanhar o Mecão nos jogos às 21h e voltar para casa sem grandes sustos ou cortejos na BR 101. Vou estacionar o carro sem medo de atolamentos ou insetos e sem pagar R$ 5. Felicidade geral da nação americana, como se viu nas redes sociais. E agora? Para quem vão os elogios? E as críticas pra-lá de ácidas?

De minha parte, já agradeci publicamente a este exemplo de amor ao América - único presidente de clube a dialogar quase que diariamente com torcedores e até detratores pelo Twitter, de maneira franca. Tem defeitos? Certamente. Todos os temos. Quem convive mais de perto tem autoridade para dizer. Obviamente, eu não tenho essa autoridade. 

Nas situações narradas, outro já teria renunciado. Por isso, aplaudo a persistência de quem não esmoreceu mesmo com tantos ataques de tudo quanto é lado.  Também agradeço por sua luta com unhas e dentes para que o América continue a ser, como sempre foi, o Orgulho do RN! Aproveito para dizer (que Janine não saiba disso!) que rezo todos os dias, e não é de hoje , para que Padang aceite pelo menos mais um mandato à frente do América. Se não acontecer, lamentarei. Mas ele já terá marcado definitiva e positivamente seu nome na história do Mecão.

3 comentários:

  1. Perfeito! Agradeço todos os dias por termos um presidente como Alex Padang. Nunca foge à luta.

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  2. Parabéns!!! pelo texto. E quanto a ALEX PADANG só demonstra amar o MECÃO como nós, apenas, encontra-se no cargo de presidente. Pense num CABA porreta.
    Cláudio César

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  3. O maior presidente que o america já teve nesses últimos anos!
    Matheus Chagas

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