domingo, 4 de agosto de 2013

Campanha traumática

Lembro-me das palavras de Hélio Câmara em 2007. Naquele ano, a terceira temporada de uma gestão vitoriosa (dois acessos seguidos para as Séries B e A), as mudanças drásticas já davam o tom de que o ano não seria fácil. Hélio então alertava diariamente de que o novo modelo de Séria A- longas 38 rodadas - poderia ser traumático. Não haveria tempo para recuperação e as seguidas derrotas trariam ares de depressão ao elenco e à torcida.

Para piorar, às vésperas da competição, o América demitiu o técnico e quase o time todo. A situação foi tão impensada que 3 goleiros foram demitidos (Fernando, Gustavo e Sérvulo) e o que ficou (Marcelo Bonan) se contundiu no treinamento seguinte, deixando o elenco sem um goleiro apto a jogar a estreia contra o Vasco. Correram atrás de Sérvulo para desfazer a demissão e trouxeram Renê na sexta-feira para jogar no sábado.

O resultado não poderia ser outro: o América só obteve 3 vitórias ao longo da competição. Bateu o Santos em plena Vila Belmiro na 2.° rodada (alcançou a 10.° colocação) e o Paraná duas vezes (no Machadão e na Vila Capanema). Campanha negativamente inesquecível.

Agora é o Abc que trilha tal caminho, porém na Série B. Mudanças e mais mudanças, dívidas astronômicas, ameaça de bloqueio de rendas e patrocínios e o alvinegro só obteve uma única vitória ao longo de 12 rodadas. Faltam 26 rodadas, mas se o prognóstico for mantido, o Abc caminha para realizar uma campanha ainda mais traumática, como dizia Hélio Câmara, por estar na Série B e a queda ser para o inferno da Série C.

O Abc tem 6 pontos. O adversário mais próximo, o Paysandu, contra quem obteve sua única vitória, tem o dobro de pontos do alvinegro, que já caiu naquela roda viva de trocar treinador, contratar por nome e continuar no calvário de derrotas.

O futebol não perdoa vacilos administrativos. Ninguém passa 12 rodadas com uma única vitória sem motivo ou só por falta de sorte. Ninguém desperdiça tantos pontos impunemente. Ou o Abc se organiza administrativamente para reduzir seus gastos e recuperar alguma credibilidade em relação a pagamentos ou corre sério risco de cair para a terceira divisão com dívidas sufocantes e intermináveis. E aí o buraco pode ser mais embaixo. Como diria Jesus Cristo, quem tem ouvidos para ouvir que ouça!


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