quinta-feira, 30 de julho de 2020

Desde pequenininho

Numa excelente contratação do América, especialmente pelo potencial mostrado na base, o centroavante Zé Eduardo deu entrevista hoje na chegada ao clube e revelou que foi no Orgulho do RN que foi formado. 

(Imagem: Canindé Pereira, América)

Formação
Eu cheguei no América com 5 anos de idade, na escolinha. Fiz a escolinha toda no América. Fiz Sub-17, saí no Sub-19 para jogar pelo Visão Celeste a Copinha. Aí fiz uma boa Copinha e fui contratado pelo Cruzeiro.

Transição para o profissional
Foi bastante tranquilo. Achei que ia ser um pouco mais difícil, mas consegui me adaptar muito bem. 

Volta ao América
Hoje sou um Zé Eduardo diferente, muito diferente. Um pouco mais de rodagem. Até porque dá para ver a diferença de base para o profissional. E vamos trabalhar para fazer uma boa campanha no América. 

Nada de pesadão
Eu gosto de jogar como um 9, centroavante, mas sou um jogador que não é aquele jogador pesadão, que fica no meio da área. Saio, movimento e é nessa posição que eu gosto de jogar.

O que a torcida pode esperar
Pode esperar um Zé Eduardo aguerrido, com muita raça e, se Deus quiser, muitos gols.

Moendo reputações

Muito boa, mas de revirar o estômago, a palestra de Felipe Neto agora à noite no I Congresso Digital da OAB.

Felipe falou sobre fake news e deu uma verdadeira aula de como funciona a máquina de moer reputações implantada no Brasil com mais força a partir de 2018 utilizando-se de milhares de grupos de WhatsApp, majoritariamente, e Telegram, todos organizados em estruturas que lembram pirâmides. Apontou dados e mostrou exemplos da comunicação criminosa que infesta o dia a dia do povo brasileiro.

Eu, você e todo mundo conhece alguém ou tem alguém na família que vive a mandar esses vídeos e notícias de coisas odiosas ou mentiras deslavadas nos grupos de família/amigos.

Eu já estou cansada de dizer a quem eu possa que a função das fake news é causar ódio. Logo, se você recebeu um vídeo ou mensagem com fato que lhe fez ficar bufando de ódio, não compartilhe. Há 99,99% de chance de ser um fato completamente fabricado para fazer o mal unicamente. Confira se um veículo tradicional de imprensa publicou algo a respeito. Veículos tradicionais têm CNPJ e endereço. Publicar notícias falsas os torna alvos de ações judiciais que costumam doer muito no bolso, ao contrário da realidade de perfis falsos nas redes.

Se essas estruturas funcionam, muito se deve a quem consome esse tipo de coisa sem o menor senso crítico de pelo menos buscar a credibilidade de quem produziu aquilo antes de sair compartilhando a mentira fabricada com intenção criminosa.

Lembro ainda criança de um boato que se alastrou pelo país de que o presidente (à época, Fernando Collor) e a cantora Fafá de Belém estavam com Aids. Na época, só o boca a boca transmitia boatos, os avós das fake news. Ainda assim, uma mentira desse tipo rodou o Brasil e levou até a cantora ao programa de Faustão na Globo para desmentir o que tanto se comentava.

Dá até saudades de uma coisa assim, uma mentira perdida na memória de décadas atrás. A produção atual dá conta de muitas - sabe-se lá quantas - por dia. Talvez até por hora. E com uma capacidade de disseminação que também leva apenas horas, talvez minutos, para atingir o mundo todo. 

Eu me pergunto quando atingiremos a maturidade no uso digital. Considerando que a internet está entre nós, no dia a dia, desde a década de 90, me parece  absolutamente assustador estarmos em pleno 2020 e ainda não termos adquirido o mínimo de civilidade ou mesmo de sabedoria para não virarmos marionetes ou seres desprezíveis. 

Aqui do lado

Ontem tive a oportunidade de acompanhar um painel sobre Direito Desportivo no congresso da OAB em que uma das pessoas chamadas a debater era a advogada Michelle Ramalho, presidente da Federação Paraibana de Futebol.

Não a conhecia e fiquei encantada com sua clareza de ideias. Falou claramente sobre posicionamento da CBF que não permitiria que uma federação numa canetada reconhecesse um campeão sem terminar o campeonato ou mesmo que impedisse rebaixamento. Tudo teria que passar por unanimidade dos filiados. E como sabia que não haveria unanimidade para o último assunto, por exemplo, nem levou a discussão adiante.

A Paraíba hoje tem transmissão online e de TV para os jogos do campeonato, um esforço da presidente da FPF para levar as partes ao entendimento da situação nova de não haver público nos estádios, o que eliminou uma das rendas dos clubes. Convenceu os clubes de que seria mais valioso para todos a negociação coletiva.

Ela até defendeu que a abertura de shoppings traz o questionamento a respeito da abertura fracionada dos estádios, vez que é um ambiente ao ar livre e que poderia ter 2 mil pessoas devidamente separadas onde antes caberiam 20 mil. 

Sobre a rigidez dos protocolos, disse que chegou a proibir prefeito que queria assistir a jogo de entrar no estádio nesta reabertura.

Michelle foi eleita em 2018 e em 2019 a final do campeonato feminino já estava na TV Tambaú para toda a Paraíba.

Enfim, a Paraíba fica aqui do lado, mas parece estar do outro lado do mundo.

Manchetes do dia (30/7)

A manchete do bem: Organização LGBT apresentará queixa-crime contra Silas Malafaia por transfobia.

As outras: Caso único, Brasil passa de 200 mortes de grávidas e puérperas por Covid-19, Bolsonaro põe brasileiros em risco, diz deputado americano e Em nova missão, Nasa volta a estudar possibilidades de vida em Marte.

Bom dia.

Fonte: Folha de S.Paulo

Today's headlines (7/30)

The headline for good: U.N. panel takes aim at heavy-handed police tactics at protests.

The others: Lawmakers, united in their ire, lash out at big tech's leaders, Teachers are wary of returning to class, and online instruction, too, and Mysterious coronavirus outbreak catches Vietnam by surprise.

Good morning.

Source: The New York Times

quarta-feira, 29 de julho de 2020

"A gente tem que fazer essa torcida feliz"

O volante Wallace Rato falou sobre a preparação do elenco para a volta do estadual ao assessor de imprensa do América Canindé Pereira.

(Imagem: Diego Simonetti, América)

Preparação física
Está todo mundo bem fisicamente já, vem trabalhando há bastante tempo. Fizemos a intertemporada lá no Retrô. Então, em relação à preparação física, está todo mundo bem já fisicamente.

Versatilidade
Estou aqui para ajudar, onde botar eu vou jogar. Até no gol se quiser eu jogo.

Grupo de jogadores
É um grupo muito bom. Fui bem recebido quando cheguei. Rapaziada boa, está todo mundo focado, todo mundo com o mesmo objetivo e eu creio que vamos colher bons frutos aqui. (...) 

Entrosamento
A gente está se conhecendo bastante. Estamos bastante entrosados. Eu creio que o que Roberto está passando para a gente, a gente está conseguindo absorver, e vai dar certo na Copa do Brasil, na Série D e no estadual. Vamos conseguir bons resultados.

Motivação pós-pausa
Para mim, a motivação é a mesma. A gente tem que entrar, ganhar, a gente tem que fazer essa torcida feliz porque essa torcida está nos apoiando. Estamos tendo toda a estrutura e temos que dar resultado dentro de campo.

Mais sobre a transmissão

Ernesto Teixeira me enviou sua opinião sobre a transmissão das partidas que faltam do estadual deste ano em plataforma da FNF e ela segue abaixo para abrilhantar as discussões (inúmeras) a respeito.

A PLATAFORMA DE STREAMING DA FNF DEVERIA SER GRATUITA EM 2020

Por Ernesto M. Teixeira de Araújo


No dia de ontem (28.08), a FNF reuniu todos os clubes associados de primeira divisão para definir o retorno do Campeonato Potiguar do presente ano. Como este blog já abordou em outra postagem, um dos pontos discutidos, e aprovado por unanimidade pelos clubes, foi a cessão dos direitos de arena para a FNF, que transmitirá o restante do campeonato, no formato pay per view, por meio de uma plataforma própria a ser ainda divulgada.

Segundo fontes da imprensa que estavam no local da reunião, o serviço de streaming funcionará da seguinte maneira: 

  1. serão transmitidos no mínimo 08 e no máximo 10 jogos do restante da competição, a saber: América x Globo, Santa Cruz x ABC, América x Palmeira, Potiguar x ABC, ABC x América, Potiguar x América, América x ASSU, além da final da Copa RN (Segundo Turno) e as duas eventuais finais do campeonato.

  2. Serão vendidos tanto “ingressos virtuais avulsos” para um único jogo, como um pacote completo de todos os jogos, a ser ainda detalhados na ocasião de lançamento da plataforma.

  3. Por exigência de América e ABC, nos jogos em que essas equipes forem mandantes, os seus sócios receberão uma espécie de voucher para acessar o jogo sem custos para eles.

  4. Todo o arrecadado com eventuais cotas de patrocínio e ingressos virtuais serão depositados em uma conta única, no qual a receita líquida apurada (descontadas as despesas para os jogos de transmissão) será dividida da seguinte forma: a) 60% para América e ABC (30% para cada); b) 8% para o Potiguar; c) 7% para o Santa Cruz; d) 20% para Globo, Força e Luz, Palmeira e ASSU (5% para cada). Os demais 5% da operação, segundo noticiado pela imprensa, ficariam com a operadora do serviço de streaming ou com a FNF, o que não faz nenhum sentido.

A ideia, tomada de forma abstrata, parece boa. O caminho para a negociação e exploração de direito de arena deve ser por meio da união de clubes. Como não há um interesse pelas redes de televisão de adquirir os direitos do campeonato potiguar, a saída pode ser o lançamento de uma plataforma de streaming dos clubes em conjunto, a exemplo do LiveFC na Copa do Nordeste, ou do FutebolCatarinense.TV no Campeonato Catarinense.

Inicialmente, é de se lamentar que foi preciso uma pandemia global para que essa ideia tenha surgido, deixando o torcedor potiguar (principalmente para quem mora fora) sem opções de ver o campeonato por meio de imagens. Igualmente lamentável o fato de que a ideia não surgiu pelas mãos dos clubes, que deveriam ser os maiores interessados, mas por iniciativa da própria FNF (que, se em tese, é a associação dos clubes do RN, na prática é uma entidade de um homem só). 

No entanto, se a ideia parece boa na teoria, na prática parece pura ilusão, pelo menos a curto prazo. Não consigo vislumbrar, sob o ponto de vista econômico, meios e tempo necessário para lançar a plataforma, viabilizar cotas de patrocínio, divulgar ostensivamente os pacotes e incentivos para a assinatura dos mesmos, e, principalmente, testar a própria plataforma. 

Em consequência disso, penso que a FNF poderia utilizar parte dos seus recursos próprios para lançar a plataforma de forma gratuita para o restante desse campeonato (que poderiam ter custos reduzidos pela captação de patrocínio). Caso a aceitação fosse boa, aí sim poderia se pensar formas de capitalizar o serviço com assinaturas de PPV para a próxima temporada. Afinal, o lançamento de produtos de mídia não pode se dar de forma atropelada, sem conhecer a realidade local. É preciso que se dê um tempo para que os consumidores se acostumem com esse novo produto.

Se assim procedesse, e a aceitação fosse boa, a próxima temporada poderia trazer, com planejamento e participação dos clubes na formulação dos pacotes, diversas melhorias, tais como a captação de melhores patrocínios e o licenciamento para emissoras de tv aberta ou a transmissão gratuita de um dos jogos da rodada pelo YouTube.  

Lançar o serviço esse ano de forma onerosa, faltando um mês para o fim da competição, e no meio de uma crise econômica e sanitária sem precedentes, é correr riscos demasiados de dar tudo errado, queimando-se uma boa oportunidade para poder viabilizar uma “caixinha” a mais no começo da temporada de 2021. 

Por fim, é preciso ressaltar que os clubes NÃO devem investir em plataformas de streaming próprias de forma isolada. Além de não sabermos se a “MP do Mandante” será aprovada pelo Congresso Nacional (tudo indica que sequer será apreciada), o investimento não se justifica para apenas jogos como mandante. É preciso uma solução conjunta e a plataforma da FNF poderia ser pensada como uma experiência de uma plataforma conjunta dos clubes do RN. 

Fica minha sugestão nesse espaço cedido pela minha colega e amiga Raissa Silva, e torcermos para que soluções criativas sejam aperfeiçoadas em prol do futebol do RN. 

Primeira experiência

Se faltando 19 dias a FNF prometia se "organizar para através do marketing (...) reinventar o futebol do Estado" (sic) (confira aqui), ontem, 28/7, os primeiros passos foram dados.

Segundo a FNF, a transmissão dos jogos que faltam ficará a cargo exclusivamente dela "com qualidade de televisão" e a montagem da equipe já está sendo pensada pelo jornalista Thiago César com apoio do assessor de imprensa da FNF Iuri Seabra.

O projeto não teve detalhes revelados. Nas palavras do presidente da FNF José Vanildo, " é um formato que temos certeza que será sucesso e que deve servir de modelo para outras competições e federações pelo Brasil. O projeto foi aprovado por unanimidade pelos filiados e representa uma nova forma de captação financeira para todos eles".

Como se vê, a revolução foi unânime, o que revela uma situação que foi vista como lucrativa por e para todos em virtude do fato de se ter que achar uma solução a toque de caixa (eram 19 dias no primeiro anúncio) para os pedaços que faltam do estadual, incluindo possíveis finais gerais. Poderiam ter pensado nisso bem antes, né?

Além disso, a FNF prometeu e promete um produto revolucionário, como se depreende das palavras de seu presidente.

Pelo comentário do presidente do América Leonardo Bezerra no Twitter, a viabilidade de custear uma plataforma para transmissão apenas dos jogos hoje marcados do América no estadual ficou prejudicada antes os prejuízos já amealhados pelo clube, o que nem surpreende, já que até o Flamengo, não faz muito tempo, chorou o prejuízo da transmissão própria em cima da hora

De todo jeito, eu sempre entendi que é mais vantajosa a negociação em bloco, apesar de que não há TV alguma interessada no estadual daqui a ponto de pagar pela transmissão. Certamente essa primeira experiência, muito motivada pela proibição de torcida nos estádios, será uma verdadeira cobaia até para o que o América já pretende, apontando problemas e soluções a serem muito bem observados para seu próprio projeto.

A FNF deve saber que tem uma bomba relógio armada contra si ao assumir uma transmissão para a qual nunca mostrou o devido interesse anteriormente. Faltando apenas 12 dias para que este produto esteja funcionando a contento, um fracasso na plataforma, no formato das vendas ou até na equipe montada não será perdoado ante a animosidade que se formou nas torcidas, especialmente a do América, pela própria experiência de anos com a TV Mecão.

Aliás, detalhes importantes ainda vão ser anunciados, como preço (haverá desconto para sócios?), condições de pagamento, requisitos mínimos de acesso à plataforma.

De minha parte, torço para que seja um sucesso, pois já passou da hora da FNF enfim trabalhar efetivamente para produzir algum lucro para os clubes norte-rio-grandenses.

Manchetes do dia (29/7)

A manchete do bem: Questão racial domina Emmy em que Netflix bate recorde absoluto.

As outras: Madonna compartilha vídeo em defesa da cloroquina e Instagram censura postagem, Petrobras diz que erro resultou em 2 milhões de anúncios em sites de fake news e Produtos exportáveis ganham espaço no país; básicos perdem.

Bom dia.

Fonte: Folha de S.Paulo

Today's headlines (7/29)

The headline for good: 'This is about justice': Biden ties economic revival to racial equity.

The others: Russian intelligence agents push disinformation on pandemic, Uber and Lyft drivers win ruling on unemployment benefits, and Netflix breaks HBO's record for the most Emmy nominations ever.

Good morning.

Source: The New York Times