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quarta-feira, 29 de julho de 2020
"A gente tem que fazer essa torcida feliz"
Mais sobre a transmissão
Ernesto Teixeira me enviou sua opinião sobre a transmissão das partidas que faltam do estadual deste ano em plataforma da FNF e ela segue abaixo para abrilhantar as discussões (inúmeras) a respeito.
A PLATAFORMA DE STREAMING DA FNF DEVERIA SER GRATUITA EM 2020
Por Ernesto M. Teixeira de Araújo
No dia de ontem (28.08), a FNF reuniu todos os clubes associados de primeira divisão para definir o retorno do Campeonato Potiguar do presente ano. Como este blog já abordou em outra postagem, um dos pontos discutidos, e aprovado por unanimidade pelos clubes, foi a cessão dos direitos de arena para a FNF, que transmitirá o restante do campeonato, no formato pay per view, por meio de uma plataforma própria a ser ainda divulgada.
Segundo fontes da imprensa que estavam no local da reunião, o serviço de streaming funcionará da seguinte maneira:
serão transmitidos no mínimo 08 e no máximo 10 jogos do restante da competição, a saber: América x Globo, Santa Cruz x ABC, América x Palmeira, Potiguar x ABC, ABC x América, Potiguar x América, América x ASSU, além da final da Copa RN (Segundo Turno) e as duas eventuais finais do campeonato.
Serão vendidos tanto “ingressos virtuais avulsos” para um único jogo, como um pacote completo de todos os jogos, a ser ainda detalhados na ocasião de lançamento da plataforma.
Por exigência de América e ABC, nos jogos em que essas equipes forem mandantes, os seus sócios receberão uma espécie de voucher para acessar o jogo sem custos para eles.
Todo o arrecadado com eventuais cotas de patrocínio e ingressos virtuais serão depositados em uma conta única, no qual a receita líquida apurada (descontadas as despesas para os jogos de transmissão) será dividida da seguinte forma: a) 60% para América e ABC (30% para cada); b) 8% para o Potiguar; c) 7% para o Santa Cruz; d) 20% para Globo, Força e Luz, Palmeira e ASSU (5% para cada). Os demais 5% da operação, segundo noticiado pela imprensa, ficariam com a operadora do serviço de streaming ou com a FNF, o que não faz nenhum sentido.
A ideia, tomada de forma abstrata, parece boa. O caminho para a negociação e exploração de direito de arena deve ser por meio da união de clubes. Como não há um interesse pelas redes de televisão de adquirir os direitos do campeonato potiguar, a saída pode ser o lançamento de uma plataforma de streaming dos clubes em conjunto, a exemplo do LiveFC na Copa do Nordeste, ou do FutebolCatarinense.TV no Campeonato Catarinense.
Inicialmente, é de se lamentar que foi preciso uma pandemia global para que essa ideia tenha surgido, deixando o torcedor potiguar (principalmente para quem mora fora) sem opções de ver o campeonato por meio de imagens. Igualmente lamentável o fato de que a ideia não surgiu pelas mãos dos clubes, que deveriam ser os maiores interessados, mas por iniciativa da própria FNF (que, se em tese, é a associação dos clubes do RN, na prática é uma entidade de um homem só).
No entanto, se a ideia parece boa na teoria, na prática parece pura ilusão, pelo menos a curto prazo. Não consigo vislumbrar, sob o ponto de vista econômico, meios e tempo necessário para lançar a plataforma, viabilizar cotas de patrocínio, divulgar ostensivamente os pacotes e incentivos para a assinatura dos mesmos, e, principalmente, testar a própria plataforma.
Em consequência disso, penso que a FNF poderia utilizar parte dos seus recursos próprios para lançar a plataforma de forma gratuita para o restante desse campeonato (que poderiam ter custos reduzidos pela captação de patrocínio). Caso a aceitação fosse boa, aí sim poderia se pensar formas de capitalizar o serviço com assinaturas de PPV para a próxima temporada. Afinal, o lançamento de produtos de mídia não pode se dar de forma atropelada, sem conhecer a realidade local. É preciso que se dê um tempo para que os consumidores se acostumem com esse novo produto.
Se assim procedesse, e a aceitação fosse boa, a próxima temporada poderia trazer, com planejamento e participação dos clubes na formulação dos pacotes, diversas melhorias, tais como a captação de melhores patrocínios e o licenciamento para emissoras de tv aberta ou a transmissão gratuita de um dos jogos da rodada pelo YouTube.
Lançar o serviço esse ano de forma onerosa, faltando um mês para o fim da competição, e no meio de uma crise econômica e sanitária sem precedentes, é correr riscos demasiados de dar tudo errado, queimando-se uma boa oportunidade para poder viabilizar uma “caixinha” a mais no começo da temporada de 2021.
Por fim, é preciso ressaltar que os clubes NÃO devem investir em plataformas de streaming próprias de forma isolada. Além de não sabermos se a “MP do Mandante” será aprovada pelo Congresso Nacional (tudo indica que sequer será apreciada), o investimento não se justifica para apenas jogos como mandante. É preciso uma solução conjunta e a plataforma da FNF poderia ser pensada como uma experiência de uma plataforma conjunta dos clubes do RN.
Fica minha sugestão nesse espaço cedido pela minha colega e amiga Raissa Silva, e torcermos para que soluções criativas sejam aperfeiçoadas em prol do futebol do RN.