Não gosto de falar sobre violência. Não gosto nem de ver as notícias a respeito na TV. É que sou de Humanas, então sinto aquela dor das famílias como se fosse minha. Mas hoje vi um caso muito próximo e assim não poderia deixar de falar a respeito.
Uma mãe tem um carro roubado, mas percebe que a filha e o namorado permaneceram no banco de trás. Ao tentar se aproximar para abrir a porta do veículo, é alvejada pelos três bandidos e morre ali mesmo, na frente da filha. Dentre mil opções que os bandidos tinham, como arrancar com o carro, dar um tiro para cima, dentre outras, os assassinos escolheram a mais fatal de todas.
Certamente iremos ouvir falar de outras mil teorias sobre como tal fato poderia ser evitado, como se a culpa fosse da vítima. Revoltante.
A verdade é que o cidadão brasileiro vive uma situação de desamparo. A lei só serve para os honestos. Os bandidos, desde os menores até os graúdos de colarinho branco, estão à vontade para expor suas maldades a quem atravesse seu caminho.
Enquanto isso, morrem os desamparados, em filas de hospital, na porta de suas casas, a caminho do trabalho, da escola, da padaria. São culpados por viver. São culpados por serem vítimas.
Quanto tempo mais vamos viver a lei do mais forte? Quando a lei valerá para todos? Quando teremos o mínimo de ordem nesta selva chamada Brasil?
Até quando seremos esses filhos do desamparo?