sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

América não é bicampeão do Nordeste

Sei que o tema é polêmico para quem entende o contrário, mas não posso aceitar essa estória (com "e" mesmo) de que o América é bicampeão do Nordeste. 

Explico. O América sagrou-se campeão de um torneio promovido com os clubes do Norte e do Nordeste brasileiros dentro do Campeonato Nacional de 1973: a Taça Almir de Albuquerque. Invicto. 4 vitórias e 3 empates do timaço que tinha Scalla, Hélcio Jacaré e Ubirajara. Querer reduzir o âmbito da competição conquistada (Norte-Nordeste) à região Nordeste é diminuir o feito do Mecão. Se tivesse sido apenas vice-campeão, aí sim o América teria sido apenas campeão do Nordeste. Mas não! O alvirrubro foi campeão do Norte-Nordeste tendo marcado 11 gols e sofrido apenas 3. Não tenho muito a falar além do que é retratado pela história (aqui sim, com "h"), porque nem pensava em nascer na época.

Em 1998, o Mecão alcançou outro feito inédito para o Rio Grande do Norte: sagrou-se campeão do Nordeste em cima do poderoso Vitória, de Sérgio, Preto, Petkovic, Esquerdinha, Donizete Amorim, Agnaldo... Só o salário de Petkovic, então surgindo como grande craque no Brasil, pagava todo o elenco americano e ainda sobrava. Posso escalar o (super) time ofensivo de Arturzinho porque acompanhei todos os jogos no Machadão: Gabriel, Gilson, Paulo Roberto, Ronald, Rogerinho; Gaúcho, Carioca, Moura e Biro-biro; Paulinho Kobayashi (artilheiro) e Rogers, com algumas alterações ao longo da competição.

Confira a ficha dos dois jogos da final e o vídeo da última partida (Machadão).
1.º jogo (20/05/1998 - Barradão):  Vitória 2x1 América (Evando e Flávio; Leonardo). 
Vitória: Sérgio, PauloCésar (Donizete Amorim), Flávio, Fábio Bilica, Esquerdinha; Donizete Oliveira, Preto, Kléber (Elvis); Alex (Renato Nascimento), Petkovic, Evando; Hélio dos Anjos (técnico).
América: Gabriel, Gilson, Ronald (Carlos Mota), Lima, Rogerinho (Bruno Lima); Montanha, Carioca, Moura, Biro-Biro; Paulinho Kobayashi, Leonardo (Wanderley); Arturzinho (técnico). 
2.º jogo (04/06/1998 - Machadão): América 3x1 Vitória (Biro-Biro, Paulinho Kobayashi e Carioca; Flávio).
América: Gabriel, Gilson, Paulo Roberto (André Luiz), Lima, Rogerinho (Bruno Lima); Montanha, Carioca, Moura, Biro-Biro; Paulinho Kobayashi, Leonardo (Wanderley); Arturzinho (técnico).
Vitória: Sérgio, Paulo César (Donizete Amorim), Flávio, Fábio Bilica, Esquerdinha; Donizete Oliveira, Preto, Fernando (Evando), Kléber (Alex); Agnaldo, Petkovic; Hélio dos Anjos (técnico).


Assim, o América conquistou dois grandes feitos para o Rio Grande do Norte: foi campeão Norte-Nordeste em 1973 (Taça Almir) e campeão do Nordeste em 1998. Nada de bicampeão do Nordeste, diminuindo a conquista anterior.

E agora em 2013, exatos 40 anos após a conquista da Taça Almir e 15 anos após conquistar o Nordeste, o América entra em campo numa Copa do Nordeste novamente forte (com apoio da Globo e da CBF) para aí sim tentar sagrar-se bicampeão do Nordeste, também deixando de lado, pelo menos por enquanto, a polêmica sobre se será bicampeão ou duas vezes campeão. A César o que é de César.

Fontes: http://www.youtube.com/watch?v=lNrDkeQjubI, http://pt.wikipedia.org/wiki/Copa_do_Nordeste_de_Futebol_de_1998, http://www.bolanaarea.com/reg_nordestao_1998.htm,  http://pt.wikipedia.org/wiki/Ta%C3%A7a_Norte-Nordeste

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Quem será o atacante do América?

A especulação toma conta do futebol do RN. Quem será o atacante que o presidente do América Alex Padang promete anunciar hoje por ocasião da apresentação oficial do elenco na sede social localizada na Avenida Rodrigues Alves, Tirol?

Muitos nomes surgem na bolsa de apostas: Rodrigo Tiuí (ex-Fluminense e que andava pelo Criciúma), Leandrão (ex-Abc e que andava no São Caetano), Nunes (ex-Santo André e que anda pelo Botafogo-SP), Schwenck (ex-Figueirense e que anda pelo Guarani), embora este último já tenha sido descartado desde o ano passado por Alex Padang, que afirmou não gostar de seu estilo de jogo. Ainda surgem Somália (ex-Fluminense e que andava pelo Duque de Caxias), Fábio Júnior (ex-Cruzeiro e que andava pelo América-MG), Júnior Negão (ex-Abc e que andava pelo Guarani), Ederson (ex-Abc e que voltou ao Atlético-PR). Desses citados, Somália, Fábio Júnior, Júnior Negão, Nunes e Leandrão parecem ter a característica que o Mecão busca: centroavante de força.

Ressalte-se que, no início do ano, o presidente também descartou a volta de André Neles e de Wanderley.

Roberto Fernandes até já disse que começa a temporada sem um camisa 9 se for preciso, mas não quer a contratação de qualquer um para o lugar de Isac. Assim, a expectativa da torcida cresceu e muito em relação ao tal nome.

E para aumentar a curiosidade, Alex afirmou pelo Twitter que anunciará não mais um, mas dois atacantes na festa de hoje à noite.

Quem será que acerta os contratados antes da hora? Façam suas apostas.


sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Temporada promete

Há tempos o Rio Grande do Norte não vivia uma temporada tão promissora como a de 2013. América e Abc na Série B, Baraúnas na C, a volta com força total da Copa do Nordeste (que já traz a clássica final de 1998 logo na primeira rodada - América x Vitória). E o reflexo disso tudo é visto pelo nível das contratações anunciadas.

Pelo menos no papel nomes como Rico (América), Schwenck (Abc), Rogerinho (Baraúnas) mostram que os clubes trabalham com a perspectiva de temporada cheia e desejam alçar voos mais altos. Isso para citar apenas os mais conhecidos. Se formos para os de casa, aí temos a permanência de Roberto Fernandes no América, a volta de Wassil Mendes ao Santa Cruz...

Até a Copa São Paulo terá mais de um representante do RN!

Enfim, a temporada 2013 promete. Vejamos se a promessa será transposta para a realidade. 

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Começou o processo de desconstrução da imagem de Cascata

Pronto! Bastou Cascata soltar o verbo contra o Abc (mais especificamente seu presidente) para começar o processo de desconstrução de sua imagem. E o pior: é a imprensa que se presta a papel tão ridículo.

Cascata jogou no América na Série B de 2008. Não ficou por motivos financeiros. Não houve acordo para renovação. Nunca falou mal do América e nem o América deixou escapar qualquer informação que desabonasse sua conduta.

Em 2010, Cascata foi um dos grandes responsáveis pelo sucesso do Abc, então afundado na Série C. Virou ídolo. E permaneceu no clube até 2012, embora no primeiro semestre do ano passado tenha se transferido para o Náutico.

Pois não é que somente agora que se transferiu para o América é que descobriram que Cascata seria um jogador desagregador? Agora? Depois de 2 anos no clube? Não entendi. Quer dizer que renovaram esse tempo todo com um jogador que impedia a formação de um grupo coeso? E as entrevistas de Rubens Guilherme no finzinho da Série B de 2012 afirmando que o grupo de jogadores era sim unido, já que eles se ajoelhavam e e rezavam antes dos jogos abraçados?

Quando a chiadeira da torcida do América é grande com a imprensa daqui de Natal, ninguém entende. Mas um fato desse é de enojar. Enquanto Cascata foi jogador do Abc, nunca se falou em qualquer noitada, em desentendimento com jogadores ou com a diretoria. Bastou "entregar" o presidente do Abc, Cascata já é vítima de insinuações de todos os tipos nas redes sociais e nos blogs. Que a torcida do Abc faça isso, não é louvável, mas é compreensível. Mas profissionais da imprensa natalense jogarem sua credibilidade na lama para servir de caixa de ressonância de recalques de dirigentes (sejam eles quem forem) é inadmissível. É totalmente aético! É de enojar!

Essas coisas só acontecem aqui porque jogadores, diretores, empresários têm tanto rabo preso uns com os outros que não acionam a justiça. Insinuações são motivo suficiente para uma interpelação judicial que servirá como justificação a um possível pedido de indenização por danos morais, para ficarmos apenas na seara da justiça cível (não criminal).

Será que os cursos de jornalismo Brasil afora não ensinam pelo menos as consequências de um jornalismo aético? Revoltante.

E o profissionalismo foi por água abaixo!

Rubens Guilherme, empresário de sucesso, assumiu o Abc no fim da gestão de Judas Tadeu como o salvador da pátria. Time rebaixado, endividado, somente alguém com uma visão profissional e neófito no futebol poderia salvar o patrimônio do clube alvinegro.

Alguns tropecinhos no começo, o time engata e é campeão estadual em 2010. Engata boa campanha num Campeonato do Nordeste incipiente, desprezado pelos clubes das Séries A e B, mas o que o Abc tinha a ver com isso? Foi lá e chegou à final. Foi campeão da Série C e tchan, tchan, tchan... eis o modelo profissional a ser seguido por todos os clubes brasileiros.

Faltou dizer que havia com Rubens um profissional que respirava futebol 24h por dia: Flávio Anselmo. E ele é quem parece ser a chave para o grande mistério do que houve com o Abc de Rubens. Enquanto Flávio Anselmo acertou em contratações, a administração de Rubens foi tida como modelo. Bastou o elenco desandar um pouco e o rival América se acertar para que a administração de Rubens perder o rumo.

Falo com a visão bem de fora. Além de não ser abecedista, não vivo os bastidores do futebol, pelo menos não esse de negociação de jogadores. Mas é incrível a mudança por que passa a administração de Rubens! De modelo a ser seguido, Rubens passou a colecionar desafetos entre conselheiros, jogadores, empresários, torcedores e até mesmo membros da imprensa. O antigo amigo do peito Flávio Anselmo foi praticamente eleito inimigo número 1 ante o teor da entrevista de ambos nos últimos tempos. Os salários já não são pagos mais tão em dia. Há notícia de salários superfaturados. E a imagem de clube bem administrado começou a fazer água ante as notícias de dívidas,de valores divergentes da Timemania... Até uma negociação de imóveis foi questionada pela torcida.

A realidade é que o mundo do futebol é muito passional para ser analisado com a razão. Conseguiu vitórias? O cara é um heroi. Não conseguiu? Ladrão mequetrefe. Assim. De uma hora para a outra. Eu particularmente louvo os que mantêm o patrimônio de um clube. Afinal, muitos lutaram para sua construção para que outros joguem tudo fora com arroubos administrativos. Aparentemente, o América aprendeu a lição. O Abc ainda não. Aparentemente, já que apenas nas crises descobrimos a realidade.

Mas uma coisa impressiona: com ou sem dívida, ninguém larga o osso. Parece até uma questão de honra. Vá entender.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

O que fiz em 2012?

Eu me fiz essa pergunta ainda em 2012, lá pelo mês de novembro. Lembrei dos projetos repetidamente adiados e dos abandonados no meio. Lembrei daqueles que deram certo. E sonhei com novas conquistas, muitas delas coisas simples da vida.

Não deixei muito espaço para especulação. Comecei a virada do ano já no início de dezembro. Mudanças na casa, no dia-a-dia (com hífen ou sem? Continuo no dilema dessa tal nova ortografia). Virei pintora, jardineira, cozinheira, enfim, dona de casa.

Fui a vários médicos, fiz muitos exames, encarei a realidade de muito estresse. Estou disposta a tomar as rédeas dos acontecimentos. Não é facil, mas é muito prazeroso.

Não fiz muitas resoluções de ano novo - aquelas que mal chega o carnaval e já estão sumariamente adiadas para outro momento e que terminam virando novas resoluções de fim de ano.

Como sempre, fiz um balanço e, como sempre, cheguei à conclusão de que sou feliz exatamente com a vida que tenho, mesmo com todos os percalços. Acho muito importante valorizar tudo que temos, especialmente quando vemos tantos que nem saúde têm.

Assim, quero que 2013 seja um ano marcado por saúde, felicidade, tranquilidade, prosperidade, respeito, ética, tolerância, disciplina, harmonia, amor... E quero parar de reclamar que o ano está voando. Quase consegui isso em 2012, mas bastou chegar junho que o danado passou a acelerar de novo.  É isso.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Campanhas inesquecíveis de fim de ano

Uma pena que não consegui localizar todas no YouTube. Nessa época, essas campanhas marcavam mesmo e todo mundo cantava. Com as minhas amigas, havia uma disputa para saber quem memorizava primeiro. A mesma coisa acontecia com os sambas enredos da escolas do Rio de Janeiro. Aquela que caía no gosto popular primeiro já chegava como grande favorita.

Apesar de não ter encontrado o vídeo, a Brahma tinha uma musiquinha chiclete (Pensou cerveja, pediu/  Brahma Chopp - um/ Brahma Chopp - um/ Brahma Chopp - a número um) que era transformada em quase tudo, inclusive propaganda da Copa do Mundo e mensagem de fim de ano. A de fim de ano tinha os seguintes versos: Feliz Natal e um lindo/ Ano bom - um/ Ano bom - um/ Ano bom - um/ Feliz Natal e um lindo/ Ano bom/ São os votos da Brahma Chopp - a número um.

Para os saudosistas, vamos recordar a propaganda para a Globo 90 é nota 100, o Vira Virou da Mocidade em 1990, e a música da Brahma da Copa 1994 - já que não encontrei a de fim de ano.








quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Se o mundo acabar...

O mundo vai mesmo acabar. Muita gente não quer ver, mas os Maias (o povo indígena, não a oligarquia que domina a política do RN há muito tempo) afirmaram há não não quantas centenas de anos que o último dia do mundo seria 21 de dezembro de 2012. Quem sou eu para duvidar? Os sinais são evidentes. Coisas inexplicáveis aconteceram ao longo dos últimos anos. 

Vejamos a lista: 

  1. O orkut é uma rede social quase extinta no Brasil (confesso que ainda jogo MiniFazenda).
  2. O Abc ganhou um título nacional. 
  3. Dercy Gonçalves morreu.
  4. O América foi campeão estadual e comemorou. 
  5. Eu passei a gostar da ideia de viajar pelo Brasil. 
  6. Mamãe abriu a mão (aleluia!) e pagou sua viagem. 
  7. O Corinthians foi campeão da Libertadores. 
  8. O Abc passou o América no ranking (modificado) da CBF. 
  9. Janaina acatou a ideia de se submeter a uma cirurgia refrativa (isso após um lengalenga para usar lentes). 
  10. Um homem negro foi eleito e re-eleito presidente dos EUA.
  11. Lula perdeu a aura de santo no Brasil.
  12. Uma prefeita foi afastada por corrupção em Natal-RN.
  13. Niemeyer morreu.
  14. 99% das pessoas usam o telefone celular para qualquer outra coisa, menos ligar.
  15. A Copa do Nordeste, além de voltar, terá TODOS os seus jogos transmitidos para todo o Brasil.
  16. Cada clube de Natal (inclusive Alecrim) terá seu próprio estádio.
  17. A Arena das Dunas está dentro do prazo (atingiu 50% das obras).
  18. O Brasil sediará uma copa do mundo e os jogos olímpicos.
  19. A Rádio Globo (finada Cabugi) não é mais a líder de audiência em futebol.
  20. O Reveillon de Natal não terá queima de fogos.
  21. Tudo agora é definido em 140 caracteres.
21 fatos intrigantes que confirmam (ou não) que o fim do mundo está perto. Pelo sim, pelo não, eu vou é aproveitar cada segundo do dia 21.12.12. Vai que acaba mesmo!

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Um show de baixaria e desrespeito

Tive a sorte de estar trabalhando no horário. Logo, não precisei acompanhar in loco ou pela tv ou pelo rádio o show de horrores que foi o último clássico de 2012 entre Abc e América. Relato então pelo que li e ouvi de pessoas tidas como fontes fidedignas.

O clima de animosidade já começa entre os dirigentes. Tão profissionais que nem se importam em garantir a segurança de seus clientes, os torcedores. E tome acirrar os ânimos entre os torcedores, como se não vivéssemos sob o fio da navalha de uma violência animalesca, contida sabe Deus como, movida por um ódio mortal de um semelhante que apenas tem o péssimo destino de torcer por um time rival.

Aí o time visitante chega ao estádio e o local para estacionamento do ônibus está ocupado por veículos particulares. Show de profissionalismo.

Aí o árbitro local começa a adotar critérios diferentes para cartão amarelos. Isac sobe o alambrado para comemorar e recebe um. Ederson e outro sobem com o mesmo intuito e... ninguém sabe, ninguém viu. Show de imparcialidade.

Aí o juiz não deu um toque claro de mão do Abc, que na sequência marcou o 1.º gol de empate. Show de competência.

Aí sobram expulsões para todos os lados, especialmente o do América. Show de profissionalismo.

Aí Roberto Fernandes quer sair pelo vestiário, mas a porta foi trancada pelo administrador do estádio. Show de profissionalismo.

Aí Vinícius insiste em pegar uma bola dentro do gol de Dida. O pau quebra: Cléber dá uma cabeçada em Vinícius, Edson Rocha dá um chega pra lá no mesmo jogador, Bileu dá uma voadora em Edson Rocha, um segurança do Abc agride um jogador do América... Show de alto nível para quem pagou o ingresso.

Aí a torcida do Abc transforma o gramado em local adequado para arremesso de objetos que tinham como alvo os jogadores do América. Show de alto nível para quem assistia ao jogo de casa.

Aí Lúcio tira a camisa ainda em campo ao ser anunciada sua substituição e o árbitro, mais perdido que cego em tiroteio e doido para se livrar de tudo o que já havia plantado, resolve expulsar o jogador e terminar o jogo em virtude do número insuficiente de atletas do América em campo. Show de bom senso.

O que se viu no estádio Frasqueirão foi um verdadeiro show de baixaria e de desrespeito, como bem classificou um torcedor do Abc entrevistado por Mara Martins na 96 FM. Um jogo que não valia mais nada conseguiu envergonhar a todos do RN. O STJD deveria pegar pesado com todos.

Os comentários do PFC deram também o tom do que o Brasil pensa do futebol do RN. Um futebol em que dirigentes têm ódio mortal uns dos outros, em que os dirigentes do Abc insistem em transformar seu estádio em arapuca para o América, colocando em risco a vida de TODOS: imprensa, torcedores de ambos os clubes, jogadores e comissões técnicas. 

Se as confusões de sábado tivessem ocorrido no pequeno Nazarenão, quantas vozes já não teriam se levantado em favor da interdição do estádio?

Mas não é preciso que o Maria Lamas Farache seja interditado. É preciso que seus dirigentes se lembrem de que os adversários não são inimigos armados, prontos a matá-los na primeira oportunidade, mas sim pessoas como os próprios abecedistas, que têm família, um lar, um trabalho e que querem apenas acompanhar um jogo de futebol em paz.

Será que isso é pedir muito?

É preciso que abecedistas e americanos parem com esse ódio mortal mútuo. Somos todos seres humanos e merecemos respeito. Pagar para ver um espetáculo como o de sábado, muito mais apropriado para a era em que Roma colocava gladiadores para lutarem até a morte em sua arena, é deprimente, perturbador e degradante.

Ou se caminha para o profissionalismo, pensando no conforto e na segurança do torcedor, ou o futebol não mais se recuperará. 

Quem quer ser o próximo alvo?

Aos jovens, fica o conselho: vão viver! Coisa alguma na vida, especialmente um clube de futebol, vale o risco de nunca mais voltar ao convívio de seus familiares.

E que esse show de baixaria e de desrespeito consiga envergonhar seus causadores como um todo e seja exemplo do que nunca mais deve ser repetido por aqui.




sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Como as coisas mudam

Cresci no finzinho da ditadura. De memória privilegiada, como tanto exaltam familiares e amigos, lembro-me de coisas de quando tinha apenas um ano de idade. Lógico que, quanto mais próxima a lembrança, mais riqueza de detalhes.

Lembro das camisetas  e bandeiras da campanha de José Agripino em 82. Enfrentava Aluizio Alves. Muita gente na Rua Princesa Isabel para ver a carreata/passeata da vitória.

Lembro de Carlos Alberto em campanha na TV com as mãos acorrentadas e com o bordão "vamos quebrar as correntes".

Lembro de como as pessoas comentavam a respeito do Presidente João Figueiredo, tido como ruim por não gostar do povo.

Lembro da disputa Paulo Maluf x Tancredo Neves no Congresso Nacional, da vitória do primeiro civil depois de longos anos da ditadura.

Lembro da morte de Tancredo bem perto do meu aniversário, uma tristeza sem fim da população que enfim parecia se soltar das amarras da repressão imposta pelos militares.

Lembro do "sopro forte no Rio Grande do Norte" do "tamburete" Geraldo Melo.

Lembro do terror que as campanhas de Lula e Brizola causavam à população em geral, ante os boatos de que se um deles ganhasse, os militares reassumiriam o poder.

Lembro do debate Collor x Lula com jornalistas de vários canais (Boris Casoy é o mais vívido em minha lembrança), quando o caça-marajás afirmou em alto e bom tom: "eu nem sei se meu adversário sabe ler".

Lembro de Collor pedir que seus apoiadores saíssem às ruas vestidos de verde e amarelo para demonstrar que o povo estava do seu lado. Grandes hordas vestidas de preto pediram o seu impeachment.

Lembro de ter dado muitos votos a Lula e ao PT a partir dos meus 16 anos. Da alegria de ver a eleição de Lula pela primeira vez.

Lembro da decepção em ver o PT apoiar uma reforma da previdência pior do que a proposta por FHC e expulsar membros que se mantiveram fieis aos antigos ideais do partido.

Lembro da tristeza de constatar que quem critica, em se tratando de campanhas eleitorais, é porque gostaria de fazer igual ou pior se tivesse a chance.

Lembro deste ridículo caso do Mensalão e da desfaçatez do Presidente do Brasil ao dizer que tudo não passava de mero caixa 2 de campanha e que ele de nada sabia.

Como um presidente pode se prestar ao papel de ir para TV defender um crime? 

Agora em 2012, o STF analisa mais de 80.000 páginas que compõem o processo que tinha 40 réus (número sugestivo) e termina por condenar 25 deles por crimes como lavagem de dinheiro, corrupção ativa/passiva, formação de quadrilha... 

Sabem qual é a reação do PT, aquele partido que sempre esteve ao lado do povo na busca da democracia? Acusar o maior órgão da justiça brasileira, guardião de nossa constituição - tida como constituição-cidadã e uma das mais avançadas do mundo-, de realizar um julgamento político.

Nunca me senti tão enojada na vida. Já vi de tudo na política: inimigos viscerais abraçando-se como irmãos de sangue; opiniões sendo disfarçadas descaradamente; famílias desfeitas na busca pelo poder. Mas confesso que ver um partido político que se diz defensor da democracia, que lutou contra a ditadura, não ter o mínimo pudor de atacar o Poder Judiciário e a imprensa de um país somente porque membros seus foram julgados por corrupção é algo que me deixa seriamente perturbada.

Quer dizer que quando a imprensa denunciou os crimes de Collor, tudo era justo exercício da liberdade de imprensa e de expressão, mas quando os crimes denunciados foram perpetrados por membros do PT, agora tudo não passa de movimento de um imprensa golpista, a serviço de rancorosos conservadores?

Que o julgamento, dirigido pelo então presidente do STF, que afastou Collor da presidência da república era a mais fiel expressão das provas coletadas, e que o julgamento que determina a prisão por corrupção de José Dirceu, José Genoíno e Delúbio Soares, algumas figuras expressivas do PT que desviaram recursos públicos, não passa de distorção de fatos empreendida pelos mais renomados magistrados brasileiros (muitos nomeados por Lula e Dilma, diga-se de passagem) por mero sabor político?

Aí vem o Ministro da Justiça e, ante a iminência da prisão de José Dirceu, "descobre" que a situação do sistema penintenciário brasileiro é tão degradante que ele prefere morrer a ser mandado para a prisão.

Parem o mundo que eu quero descer! O PT simplesmente iniciou um movimento para tentar anistiar os bandidos de colarinho branco, somente porque oriundos de sua cúpula.

A sociedade brasileira não pode e nem vai admitir tamanho golpe às nossas instituições.

Todos são iguais perante a lei. Mas o PT agora defende que alguns são mais iguais que os outros. Uma vergonha!

Tenho certeza de que os militantes históricos devem estar boquiabertos com a desfaçatez desses dirigentes e que, mais cedo ou mais tarde, o verdadeiro PT recobrará a consciência e tentará remediar essa terrível mancha em sua história, sob pena de o PT caminhar a passos cada vez mais largos na direção de ser mais uma dessas legendas espúrias que rasgam os estatutos a cada possibilidade de ganho político.

Afinal, as figuras passam, masa história e a dignidade de um partido ficam. Ou não?