Declaração infeliz do Procurador Geral

É o mínimo que se pode dizer a respeito da declaração do Procurador Geral Manoel Onofre Neto. Instado a se manifestar sobre o afastamento judicial de Micarla de Souza da Prefeitura de Natal, o promotor defendeu que o afastamento era importante para garantir a traquilidade da fase de transição.

Apesar de entender que o processo tramita em segredo de justiça, o que impede a manifestação sobre o que consta nos autos, não poderia ter sido mais infeliz a declaração do promotor. Nunca ouvi falar que numa democracia fosse necessário retirar um prefeito do cargo só porque outro foi eleito e a data da posse só se dará em 60 dias.

O nobre membro do Ministério Público poderia ter se limitado a afirmar que o afastamento da prefeita era essencial ao bom andamento do processo judicial, ou até mesmo ter se recusado a fazer qualquer comentário ante a determinação para que esse processo tramite em segredo. Mas afirmar que uma medida tão severa contra uma prefeita eleita democraticamente se deve para garantir a tal transição para o novo governo é um escárnio à democracia brasileira, chegando mesmo a ser uma afronta à nossa constituição, que não prevê tal modalidade de afastamento do cargo.

Se politicamente o afastamento da prefeita já era defendido por grande parte da população de Natal, juridicamente não há a menor possibilidade de que tal afastamento tenha se dado para "garantir uma transição tranquila", como disse o procurador. Ou seja, o nobre membro do MP - que sempre prestou bons serviços à sociedade potiguar como guardião da lei - perdeu uma grande oportunidade de ficar calado.

Uma coisa é o arrependimento (já esperado) de grande parte dos eleitores de Micarla. Outra bem diferente é o império da lei sobre sua administração. Confundir justiça com política não costuma dar bons resultados a uma democracia. Ainda mais nesta terrível fase por que passa Natal.

Roberto Fernandes comenta a Série B

Nesta quarta-feira, a Intertv Cabugi transmitiu entrevista do treinador americano Roberto Fernandes concedida após o treino do América no Centro de Treinamentos do clube. Na entrevista, ele confirma o que eu já vinha defendendo há algum tempo: a atipicidade desta Série B.

Com uma campanha praticamente irrepreensível e até mesmo muito semelhante a de 2006, o América não figura como um dos favoritos ao acesso à Série A de 2013. E o motivo é simples: esta edição da Segundona quebrou todos os parâmetros do que seja uma campanha para ser campeão, para conquistar o acesso, para se manter na competição e mesmo para ser rebaixado. Há várias faixas de clubes bem definidas: 3 prováveis campeões, 2 prováveis 4.ºs colocados, 4 virtuais rebaixados e mais 1 ou 2 levemente ameaçados. O resto engloba um grande limbo.

E isto já era perceptível desde o início da competição. Quantas rodadas o América precisou perder para sair do G4? E para sair definitivamente? E os 4 lá de baixo?  Aliás, em muitas posições, até duas vitórias seguidas não mudam muita coisa na classificação. 

E o treinador americano enfatizou justamente que o América realiza sim uma campanha digna de acesso, vez que em outros anos, inclusive no último acesso do América em 2006, o 4.º classificado sempre ficou com 62-65 pontos. A continuar neste passo, o 4.º colocado, seja ele São Caetano ou Atlético-PR, terá feito campanha digna de ser campeão em qualquer ano anterior.

Para quem acusou este pensamento de pessimista, eis a resposta. 

E se o América vencer o Boa Esporte e o Atlético-PR não vencer, ainda há um vaga-lume no fim do túnel...

Tribuna do Norte precisa se retratar

No calor da campanha para prefeito de Natal, houve grande discussão a respeito da possibilidade de a candidatura de Carlos Eduardo Alves ser excluída do pleito em virtude de um recurso da Câmara de Vereadores de Natal encontrar-se pendente de julgamento em Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte.

Na verdade, a Câmara rejeitou as contas do então prefeito Carlos Eduardo Alves por irregularidades, tais como a retirada de recursos do fundo de pensão previdenciária dos servidores para cobrir a folha de pagamento e venda da conta da prefeitura ao Banco do Brasil sem licitação. O Tribunal de Contas do Estado dera parecer a favor da aprovação, mas com ressalvas. 

Juiz estadual deu liminar em favor da candidatura de Carlos Eduardo Alves, revestindo como inafastável a decisão do Tribunal de Contas, que na verdade não passa de órgão auxiliar do Poder Legislativo, não podendo a este se sobrepor.

Perceba que o mérito ainda se encontra longe de ser julgado. Neste momento, discute-se apenas a liminar. O TJRN adiou por 3 vezes a decisão a respeito da liminar, talvez para não interferir na formação do 2.º turno em cima da hora. O fato é que o entendimento atual das cortes é que o Poder Legislativo não está vinculado ao parecer do TCE, sob pena de afronta à Constituição.

Ou seja, pessoal, esta discussão vai longe. Longe mesmo. Tão longe que ontem o Presidente do TRE, desembargador João Rebouças, já delineava a possibilidade de nova eleição direta em Natal se até 2014 o recurso da Câmara for considerado procedente pelo TJRN, e eleição indireta (caberia aos vereadores escolherem novo prefeito para Natal) se isto ocorrer depois de 2014. 

Um grande imbróglio, sem dúvida.

Mas a Tribuna do Norte teve a coragem de fazer matéria de página inteira com o jurista Paulo de Tarso defendendo que não haveria mais qualquer possibilidade jurídica de mudança a respeito da candidatura de Carlos Eduardo Alves. 

Quem está certo, então? O Presidente do TRE/RN ou a Tribuna do Norte e Paulo de Tarso? 

Mais uma vez, a imprensa potiguar (estou generalizando, o que de certo admite exceções) demonstra que tem lado, o que é normal, mas que para defender este lado é capaz até de distorcer a realidade. 

A que ponto chegamos e a que ponto chegaremos?

Eleitores de Natal reelegem Carlos Eduardo Alves

Carlos Eduardo Alves (PDT) foi reeleito prefeito de Natal neste domingo, 28/10. Junto com sua companheira de chapa, Wilma de Faria (PSB), ele obteve pouco mais de 58% dos votos válidos.

Mais de 102 mil eleitores não compareceram, mais de 15 mil votaram em branco e mais de 40 mil anularam o voto, o que corresponde a mais de 30% do eleitorado, que simplesmente preferiu lavar as mãos a escolher entre a chapa Carlos Eduardo Alves/Wilma de Faria e Hermano Morais/Osório Jácome.

Resta torcer que o novo prefeito (mais um de sobrenome Alves ou Maia) resolva as urgências desta cidade. 

Aos que não votaram, por favor, não reclamem no futuro.

#VotoFichaLimpa

FHC, Dilma e o Apagão

Em 2001, sofremos todos nós com um racionamento de energia imposto pelo Governo FHC. Havia uma limitação de acordo com o gasto do consumidor e este teria que baixar seu consumo, sob pena de pagar uma conta de luz bem mais salgada. O sistema elétrico nacional sofria risco de um apagão ante o aumento do consumo e a ausência de investimentos no setor.

Em 2003, começa o Governo Lula e Dilma Rousseff é alçada à condição de Ministra de Minas e Energia. Aparentemente, a terrível fase do Apagão (na verdade, do risco de apagão) ficara para trás.

Ontem, 25 de outubro de 2012, portanto 11 anos após o famigerado racionamento, eis que o Nordeste, parte do Norte e até o Distrito Federal brasileiros ficaram sem luz por mais de 4 horas sem que haja até o momento uma explicação plausível.

Em entrevista coletiva (deu pena de nós brasileiros!), o Ministro interino (Edison Lobão está de licença médica) informou que a sucessão de eventos (este foi o 4.º Apagão de setembro para cá) não é considerada normal, embora o Apagão de ontem tenha sido possivelmente fruto de um curto-circuito. Possivelmente?

Na verdade, parece que a via-crúcis do Governo Dilma na área de energia começou após duas situações no mínimo curiosas. Uma, num bate-boca com FHC, que disse que a atual presidente recebeu uma herança maldita de Lula, Dilma afirmou em carta que, ao contrário de Lula, não recebeu um país sob risco de apagão. A outra, quando a presidente anunciou a redução de valores nas contas de energia dos brasileiros.

Afinal de contas, passados 11 anos do tal risco de Apagão, o Brasil recebeu ou não investimentos que o tirem desse risco? De quem é a culpa? Vamos ou não ter uma solução? Ou vamos apenas assistir a um jogo de empurra-empurra de responsabilidades?

Frases da Semana

"Os astros hoje estão alinhados pela concessão."

Ministro Dias Toffoli, ao julgar o Habeas Corpus 103.412 na 1.ª Turma do Supremo Tribunal Federal

"Eu acredito em Deus, mas também na astrologia."

Ministro Dias Toffoli, respondendo ao Ministro Marco Aurélio de Melo, que demonstrou estranheza a respeito do comentário anterior

"E nos autos?"

Cláudio Humberto, em sua coluna na Tribuna do Norte, a respeito dos comentários do Ministro Dias Toffoli.

Vale a pena renovar

Apesar de não saber detalhe algum dos contratos, como valores, duração e empréstimos, resolvi brincar de dirigente do América e passo a relatar com quem vale a pena renovar e o motivo.

Goleiros:

Dida - tem boa estatura e demonstrou grande potencial, apesar da evidente falta de experiência - problema este que só pode ser resolvido colocando-se o arqueiro para jogar, de preferência sem que o técnico dê entrevista apontando suas falhas. Acredito que o jovem goleiro pode se firmar definitivamente na equipe durante a Copa do Nordeste e o Estadual de 2013.

Thiago Schimdt - jovem e com passagens em outros campeonatos, demonstrou apenas um defeito: o tiro de meta. Mas merece a continuidade para a temporada 2013 pelas grandes atuações.

Zagueiros:

Edson Rocha - de péssimo negócio, o zagueiro tornou-se o grande capitão do América. Simplesmente passa pela melhor fase dentre todas as suas atuações na Série B.

Cléber - seriedade e simplicidade, Clebão já havia deixado saudade em 2010. Voltou com a corda toda e forma com Edson Rocha a melhor dupla de zaga do América desde de Mota e Gito e uma das melhores da Série B.

Zé Antonio - prata da casa, habilidoso, muito técnico, só lhe falta aprender que de vez em quando a melhor jogada é dar um bicão na bola.

Rodrigão - voltou melhor do que na Série C. Deu até vontade de que o América jogasse com 3 zagueiros. Aliás, se de fato ofensivo, o 3-5-2 é melhor do que o 4-4-2. O problema é que os times brasileiros só são equilibrados neste último. 

Laterais direitos:

Norberto - abençoado seja Flávio Araújo, que enxergou em Norberto um excelente ala. Se não se contundisse tanto, talvez errasse menos, mas ainda assim é fundamental.

Thiaguinho - habilidoso, bom no bote defensivo, ligeiro, Thiaguinho tornou-se pulmão do América e conseguiu tirar a equipe de um terrível marasmo no meio da competição.

Laterais esquerdos:

Wanderson - habilidoso e ligeiro, Wanderson conseguiu até diminuir a terrível deficiência que tem na marcação. Forte elemento surpresa, porque sabe fazer gols. Quando joga simples é um craque.

Bruno - prata da casa, o garoto tem estrela. Marcou gol na estreia e até que não se saiu mal quando pegou a batata quente de entrar sem muito ritmo na Série B. Pode ser boa alternativa se bem trabalhado pela comissão técnica.

Volantes:

Ricardo Baiano - guerreiro incansável.

Márcio Passos - grosso quando teve de ser e alternativa de saída quando o time precisou.

Fabinho - reencontrou o bom futebol na fase final desta Série B. Cruza muito bem e tem facilidade para driblar, além de não decepcionar na marcação.

Michel - bom passe, simplicidade, boa visão de jogo e boa marcação.

Meias:

Netinho - um pouco lento, mas sabe compensar com excelentes passes e lançamentos, e principalmente, em jogadas de falta e escanteio.

Thiago Galhardo - cumpre muito bem a função que Fabinho cumpria no Estadual 2012. Arisco, veloz e donos de bons dribles.

Atacantes:

Lúcio - longe de ser o velocista matador de 2009, ele demonstrou que, num time entrosado, sabe deixar os companheiros na cara do gol.

Isac - da água para o vinho - eis a mudança de Isac com Flávio Araújo para Isac com Roberto Fernandes. Bom chute de média distância, bom cabeceador, apesar de lento.

Pingo - dribla em velocidade e é dono de ótimos cruzamentos e chutes diagonais. 

Daivisson - pode ser um grande substituto para Isac.

Nem preciso dizer que os comentários acima são fundamentalmente reflexo do cérebro da equipe: Roberto Fernandes. Apesar de ter passado da conta na manutenção de uma mesma equipe, o que terminou por se refletir nas condições físicas dos titulares absolutos, o pernambucano trouxe de volta ao América o espírito vencedor, de quem sabe o tamanho de sua tradição. Mudou o olhar da torcida para a maioria dos jogadores. Merece a renovação, assim como toda a comissão técnica.

E que venha a temporada 2013, embora a de 2012 ainda esteja em andamento.

Hora de escolher

No próximo domingo, os eleitores de Natal têm a difícil missão de escolher quem será responsável pela administração de nossa bela cidade pelos próximos 4 anos. Uma escolha que definirá os rumos de nossas vidas, afinal é o governo municipal que é o principal responsável por coisas tão importantes em nosso dia-a-dia, como a coleta de lixo, o ensino fundamental, a pavimentação e a iluminação das ruas, o controle do tráfego, o funcionamento regular dos postos de saúde nos bairros, o transporte público...

Muita gente tem o triste pensamento de que anular ou votar em branco resolverá o problema de nossa cidade. Mas lavar as mãos não tira a culpa de quem não quer escolher errado. Pôncio Pilatos também lavou as mãos quando tinha a possibilidade de livrar Jesus Cristo da cruz. Foi tão culpado quanto os que pediram sua crucificação.

São duas propostas de administração. Se você não concordar com nenhuma delas, não há problema. Basta identificar aquela proposta mais prejudicial à cidade. Aí, vote na outra. Você ajudará Natal a se livrar de um  mal maior, não tenha dúvida.

Então, no domingo, basta escolher entre o 12 de Carlos Eduardo Alves/Wilma de Faria e o 15 de Hermano Morais/Osório Jácome. Simples assim.

Time sem vibração

Há muito tempo venho comentando a falta de vibração do time americano. Os titulares parecem, em sua maioria, anestesiados. Não se incomodam com marcações erradas da arbitragem, nem faltas duras dos adversários. Até gol tem gente que anda se dando o luxo de não comemorar. Simplesmente irritante para quem não mede esforços para acompanhar seu time.

Não bastasse a apatia, foram duas goleadas de 4x0 nas duas últimas partidas. Sempre iniciadas do mesmo jeito: falha de marcação na cabeça da área e gol do adversário de fora da área. Difícil mesmo é diagnosticar o motivo para tanto, especialmente daqui de fora.

Posso chutar aqui um conjunto de fatores e ainda assim não acertar. Começo pela reclamação que fiz já há algum tempo: Roberto Fernandes demorou muito para mexer no time titular. Criou seus pequenos monstros absolutos e agora paga o preço por ter gente desmotivada tanto entre os titulares como entre os reservas.

Além disso, não há de ser muito motivador ouvir o tempo todo que bons mesmos são os outros times como era comum nas coletivas do treinador logo após os jogos.

Agora vamos à diretoria. Precisava mesmo sair divulgando que quem interessava já estava de contrato renovado para 2013? Como deve ser trabalhar numa empresa em que a maioria de seus colegas já tem o próximo ano garantido e você nem foi chamado para uma conversa a respeito? Quantos jogadores vivem esta situação? Aqui me parece ter havido um lapso imperdoável. 

Teria sido esse o motivo da saída de Leandro Sena ou o buraco foi mais embaixo? O presidente minimizou a saída do diretor dizendo que talvez fosse por motivos pessoais, mas Sena foi enfático ao afirmar que não menosprezaria suas convicções éticas para permanecer no América. Ficou uma enorme pulga atrás da minha orelha.

Quanto aos jogadores, alguém precisa incutir em suas cabeças que profissionalismo também faz parte do caráter. Insatisfações são comuns a todas as profissões em vários momentos da vida. Mas transformar isto num empecilho ao bom desempenho de suas tarefas fica para quem não valoriza as coisas que tem. Chateou-se com o treinador? Verbalize! Mas não faça corpo mole para pressionar o cara. A birra é com a diretoria? Bote para fora sua insatisfação! Mas não faça de bobo o torcedor que tanto gasta para que seu salário seja pago. Neste mundo globalizado e das redes sociais, falta de profissionalismo se propaga com a rapidez de um espirro. Que passem a pensar mais em seus bolsos quando quiserem dar uma de primadona.

Aliás, tem coisa mais feia do que um jogador marcar um gol, o momento máximo do futebol, e sair sem comemorar? Tem sim. É fazer um gol e mandar uma banana para sua torcida, como fez Cascata, do Abc. A diretoria deve tomar uma atitude logo e multar o jogador, sob pena de perder de vez o comando de um time já acéfalo.

Voltando ao América, é hora de tentar identificar o motivo da falta de vibração e procurar corrigi-lo, seja mandando alguém tirar férias logo, ou demitindo. Se a apatia também atingir a diretoria (já atingiu o treinador, que ficou o 2.o tempo todo sentado no banco e que saiu absolutamente mudo do estádio num táxi - atitude também reprovável e que merece punição), a vaca da próxima temporada vai rapidinho para o brejo sem nem pestanejar.