sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

O chuveiro

Nunca tive boas lembranças de chuveiro elétrico aqui em casa. Como os chuveiros daqui ficam praticamente colados nas caixas d'água, não havia pressão suficiente para que água saísse forte e quente. Ou seja, ou uma, ou outra; ambas as características não. Pior: em geral, o chuveiro virava uma bica (nada de água espalhada) que pelava até o pensamento de tão quente.

Além disso, não sei por que cargas d'água eu quase sempre levava choque (pequeno, é verdade) na hora de abrir e fechar a torneira con aqueles chuveiros de ajuste fixo (verão/inverno, ou algo semelhante).

Por causa disso tudo, durante muitos anos eu simplesmente abri mão de ter chuveiro elétrico aqui. Nunca fez falta no calor de sempre de Natal. Apenas em dias/noites chuvosos é que o banho virava uma sinfonia de gritos de terror com o contato com a água gelada. Mesmo com este sofrimento, a adrenalina liberada dava uma sensação boa após o banho-gritaria.

Só que o passar da idade fez mamãe sentir cada vez mais frio mesmo em dias de calor e eu não poderia deixar que o banho virasse uma tortura com hora certa para ela. Parti para buscar um chuveiro que não fosse tão ruim como os antigos que nos faziam ter que escolher entre manter a pele ou morrer congelada.

O rapaz que sempre faz serviços para nós recomendou que comprasse um com turbo. Fomos à Leroy Merlin e recebemos uma verdadeira aula dos vários tipos de chuveiro e saímos de lá com um que não era turbo, mas com regulagem eletrônica de temperatura e que o funcionário nos jurou que nunca um cliente com o mesmo problema que tínhamos voltara para reclamar.

O chuveiro virou um xodó. Até em dias de calor, aquela água morninha, aconchegante era bem-vinda. 

Alguns anos depois, Janaina descobriu que dava para tirar algumas manchas com aquela água fervente do chuveiro elétrico. No dia em que me empolguei e resolvi lavar 3 peças grandes sem dar um mísero intervalo para a quentura máxima, o chuveiro pifou.

Lá fui eu para várias lutas. A primeira delas com a eletricidade. Morro de medo. Sem saber qual disjuntor específico, desliguei todos. 

A segunda das lutas foi a altura. Tenho pavor. Subir uma escada assim me cansa mais do que meia hora de corrida. Suo em bicas de tanta tensão. Desço esgotada.

A terceira foi com a abertura do compartimento da resistência, quase tão difícil quanto o do chuveiro em si, impossível de abrir para limpar, o que me obriga a outro malabarismo na hora da limpeza trepada na escada. A sorte é que um vídeo no YouTube deu a dica de utilizar uma chave de fenda para pressionar uma alavanca. 

Resistência tirada. Corri n'A Lampadinha. Nada da resistência que eu queria. Só na Leroy mesmo. Rapidinho peguei, paguei e voltei para casa para tentar reinstalar tudo à luz de uma lâmpada de emergência. 

Tudo pronto e... nada do chuveiro funcionar. Apostei que a escuridão tinha me atrapalhado e eu retornaria pela manhã. 

No outro dia, tirei e recoloquei a resistência nova e nada do chuveiro funcionar. Chamamos o rapaz dos serviços. Teria algum fio se soltado na hora que a resistência queimou? 

Antes mesmo de ele aparecer por aqui, a internet já me apontava que o problema poderia ser o próprio chuveiro. Passei a ter certeza de que seria esse o problema e que eu havia gastado dinheiro à toa com a resistência nova.

Quando o rapaz fez os testes, apontou que era mesmo o chuveiro (não disse?). Recomendou que comprasse de outra marca. 

Fui à Leroy e todos os chuveiros pelos quais nos interessamos tinham maior potência, o que levava à troca de fios e disjuntor. Nem pensar. Na faixa de potência que queríamos, as outras marcas, com modelos ditos mais modernos - e para lá de feios na minha opinião - a diferença de valores para o modelo que tínhamos e que funcionara até então chegava a R$ 400! 

Conversamos muito com outro funcionário de lá e terminamos no mesmo chuveiro. Mas, para minha surpresa, havia uma diferença de R$ 40 de uma cor para a outra e eu tinha certeza de ter visto a cor que queríamos mais barata no próprio site da Leroy. 

Saquei o celular e descobri que a cor que queríamos ficaria ainda mais barata no site do que a cor mais barata da loja (R$ 15, o que dava R$ 55 de diferença entre o da loja e o do site). Quando fui fechar a compra, cadê que eu me lembrava da senha? Pedi para resetar a senha, mas o link seria enviado por email, um dos endereços que uso, justamente o da conta na Leroy, é lento de doer. 

Sentamos no cafezinho para esperar a senha. Quando chegou, finalizei a compra e descobri que as entregas só ocorriam até as 19h e já eram 18h37! E ainda havia um prazo de 4 horas entra a confirmação do pagamento e a efetiva entrega. Não desisti. Já estavámos lá mesmo, aguardei até 18h50 para perguntar sobre a retirada.

Achávamos que era no atendimento ao cliente e, por sorte, a funcionária percebeu o que queríamos e nos aconselhou logo a buscar diretamente o setor correto.

Faltando 2 minutos para o encerramento das entregas, conseguimos ser atendidas pelo simpático funcionário do setor que nos disse que demoraria de 40 a 50 minutos porque ainda iriam busca o produto cuja entrega estava agendada para o dia seguinte. Esperamos bem menos que isso, saímos com o produto pouco depois das 19h e evitamos uma nova ida à Leroy no dia seguinte. Tudo com um atendimento da maior simpatia.

O rapaz do serviço só veio hoje para instalar o novo chuveiro. Infelizmente, com a típica impaciência masculina, ele ainda quebrou o local que corresponde ao encaixe da tomada, mas isso será substituído nesta semana e não impediu a volta da água morninha para um banho relaxante depois de tantas idas e vindas. Sorte que estamos no verão ou os banhos-gritaria teriam voltado à moda.

Assim, voltamos ao modelo R$ 400 mais em conta, que funcionou bem por alguns anos e ainda conseguimos comprar mais barato pelo site, não sem antes uma bela de uma jornada para a volta do que não deveria ter ido. 

Espero que ele resista pelo dobro de tempo porque até resistência reserva eu já tenho por aqui. 

P.S.: sigo levando pequenos choques se pegar na torneira com o chuveiro ligado, principalmente se tiver com alguma cutícula machucada. Nem me estresso mais, até porque já levei choque empurrando carrinho no supermercado sem tocar em nada de eletricidade (só Jesus na causa mesmo).

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