Um show na recepção ao ônibus com a delegação americana, um show nas arquibancadas com um mosaico que trazia o objetivo e um show no número de pessoas que testemunharam in loco o jogo. Assim foi América 2x0 Pouso Alegre, primeira partida das finais da Série D 2022.
O América de Leandro Sena começou pressionando muito o Pouso Alegre de Paulo Roberto e havia uma avenida pelo lado direito. Quem caiu por ali infernizou: Everton, Elvinho, Felipinho... Mas os ataques partiam de tudo quanto era canto. E assim, mais de 30 mil pessoas, mais um recorde, acompanharam Téssio, o cara dos gols decisivos de fora da área, abrir o placar para o América. De novo com desvio, tal qual uma cereja num bolo.
Aí o Pouso Alegre entendeu que ia precisar adiantar suas peças, mesmo que fosse mais para marcar do que mesmo para atacar, porque a coisa parecia ir para o beleléu rapidamente. Essa movimentação surtiu efeito e o América viveu um desencontro, errando passes e insistindo em bolas diretas da defesa para o ataque, o que deixou o jogo um tanto quanto modorrento.
O segundo tempo trouxe a saída de Elvinho para a entrada de Araújo e o jogo ofensivo do América praticamente morreu de vez. Algumas peças aparentavam um cansaço até certo ponto precoce, embora seja preciso ressaltar que a marcação do visitante de fato exigiu muito dos jogadores do América.
Mais algumas mexidas e o América foi se ajeitando. As melhores puxadas de ataque surgiam de arrancadas de Iago, o cara que faz o time adversário se arrepender profundamente por deixá-lo livre. Numa delas, sofreu um pênalti. E aqui a história tem a nota triste.
Wallace Pernambucano, que sempre converte pênaltis de forma magistral e que ainda sonha com a artilharia da competição, cobrou a penalidade num jogo de final como não se faz nem em pelada que vem depois de uma cervejada. Foi uma cena ridícula, vergonhosa, um desrespeito para tudo que aquele momento representava na temporada. Sorte dele e do América que o auxiliar pegou o goleiro adiantado (nem precisava, tamanha foi a desgraça da cobrança) e a cobrança pôde ser refeita de forma apropriada e profissional, dando a vantagem que o time merecia e pelo qual a torcida aguardava ansiosamente.
Sobre isso, quando me encaminhava para sair da Arena das Dunas, fui abordada por João Fernando que me disse que achava que Wallace já havia cobrado daquele jeito porque vira o goleiro adiantado e teria sido ele o primeiro a apontar isso para a arbitragem. Respondi que eu precisava ver em vídeo para ter certeza porque tive a impressão de que o auxiliar teria apontado a infração. De todo jeito, ainda que a hipótese de João Fernando esteja correta (não vi ainda o vídeo), acho muita coragem - para não dizer irresponsabilidade - um jogador cobrar um pênalti de uma forma desrespeitosa como aquela apenas para apontar que o goleiro teria se antecipado. Se a arbitragem não marcasse a infração, o América teria uma ladeira muito maior para enfrentar tanto no jogo de hoje como em Minas Gerais, por ocasião do jogo da volta.
Mas, entre mortos e feridos, salvaram-se todos. Wallace se redimiu com a cobrança de sempre e agora tem 9 gols, precisando de mais 2 para alcançar a artilharia da competição, que segue com Ítalo e Rafael Tavares (Amazonas), com 11 gols cada.
A torcida ainda puxou hola, fez mosaico com luzes de celular, cantou e vibrou muito. Até gritos de "mais um" ela entoou ante a animação geral com a fase mágica que o América passou a viver desde a volta de Leandro Sena ao comando técnico.
Veio o apito final e o lindo passo penúltimo desta longa caminhada na Série D foi confirmado na direção certa.
Agora é aguardar o jogo final. Que a seriedade e o empenho de sempre do América de Leandro Sena estejam em campo no próximo domingo em Minas Gerais.
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