Depois de muitos anos e muitas recomendações, eu adicionei Cem Anos de Solidão, pelo qual o colombiano Gabriel García Márquez foi agraciado com um Nobel de Literatura, à minha lista de obras lidas.
É uma experiência diferente e ao mesmo tempo cheia de rememorações. De realismo fantástico, ou mágico, como é denominado, a obra traz uma mistura de personagens de uma família (Buendía) com um local (Macondo) e uma sequência de fatos que assolam ambos de forma trágica, mas também com um tanto de destino aguardado por quem sabe muito das coisas da vida.
Não pretendo - e nem poderia - ter qualquer intenção de criticar uma obra que conquistou o maior prêmio da literatura mundial. No entanto, há sim um detalhe que me incomodou ao longo das páginas, embora ele não tenha tirado o brilho da construção do enredo e das próprias personagens, tão forjadas em suas próprias e fortes convicções: a visão puramente masculina, carregada de machismo, em alguns momentos, muito violenta, sobre como se dão as relações sexuais e de afeto entre um homem e uma mulher.
Supere-se isso, afinal o livro foi escrito, salvo engano, em 1967, e a construção de cada personagem e a confusão dentre as personagens masculinas, quase todas com o mesmo nome ou nomes muito parecidos, envolvem e encaminham a leitura em risadas que posso dizer inocentes, espôntaneas mesmo, dores sentidas e, de novo, o fascínio das convicções fortemente arraigadas em cada personagem, seja masculina ou feminina.
Além disso, Cem Anos de Solidão também aborda, e com maestria, como a História (com H maiúsculo) costuma ser contada e firmada pelo lado da força, não importando o que seja preciso fazer para que a versão oficial se imponha.
Ou seja, a ficção mais uma vez bebe da fonte da realidade e dá mote para uma boa reflexão. Não deixe de ler.
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