quinta-feira, 15 de julho de 2021

Irresistível



Sabe aquele thriller estilo gato-e-rato que a gente ama tentar decifrar? Killing Eve, da Globoplay, tem essa pegada.

Mas não é só isso. A série consegue isso e muito mais. Há atrizes e atores perfeitos em suas atuações, há cenários absolutamente charmosos da Europa e há o melhor do humor ácido, irônico, tão tipicamente britânico.

Killing Eve é antes de tudo uma série de suspense/thriller com um emaranhado internacional de intrigas. E ainda há muito pano para as mangas para onde quer que você olhe. Quase nenhum personagem é insignificante e assim é preciso prestar atenção em tudo que se passa na tela a todo momento para não perder o fio da meada.

E qual é o fio da meada? Uma série de assassinatos ao redor do mundo, aparentemente sem ligação, mas que uma agência de inteligência britânica começa a investigat para descobrir quem está por trás das mortes. Somente uma agente fareja que é uma mulher a responsável pelas mortes e aí começa uma obsessão dupla entre a agente e a psicopata.

Não há o que ressaltar da sempre perfeita Sandra Oh, mais conhecida por seu papel (Christina Yang) em muitas temporadas da gigante Grey's Anatomy (por sinal, as 16 primeiras temporadas - são 18 e contando - estão disponíveis tanto na Globoplay como na Netflix). Não há falhas na interpretação da mulher (Eve, que dá nome à série) que enfim vira uma agente da inteligência no comando de uma investigação para capturar uma psicopata de alta periculosidade e que tem sua vida pessoal abalada pela ascensão profissional.

Mas o que Jodie Comer faz como a psicopata é simplesmente genial. Ela é um poço infinito de talento. Se isso já é perceptível na tela com uma psicopata cheia de nuances diferentes, apaixonada pelos caros luxos da vida em virtude de um tédio que não passa, e que cria uma relação de tanta intimidade com a câmera a ponto de a audiência conseguir capturar seu pensamento apenas com uma leve mudança no olhar, é na comparação com a atriz na vida real que levamos o maior susto: nem a voz e nem o sotaque de Villanelle pertencem à atriz em seu dia-a-dia - são construções exlcusivas para a personagem que fala muitos idiomas (e bem, viu?)

São 3 temporadas disponíveis na Globoplay. A série acaba na 4.ª temporada, esperada por aqui somente em 2022. As duas primeiras têm um ritmo que torna quase impossível não querer maratonar os 16 episódios de mais ou menos 40 minutos cada. Os dois últimos episódios da 2.ª temporada, então, são de uma perfeição que me leva a apontar o final da 2.ª temporada como o melhor final de série de todos os tempos. E isso traz uma carga pesada para a 3.ª temporada, tendo que dar sequência a algo tão perfeito. Daí ela estar mesmo um pouco abaixo das duas primeiras e uma leve recuperação só aparecer nos últimos episódios.

Estômagos fracos precisam ser alertados para a violência de algumas mortes, mais fortes na primeira temporada, especialmente porque é feito um grande suspense para que não se saiba exatamente a hora em que elas vão ocorrer e nem como elas vão ocorrer, além de todo o domínio emocional que a psicopata impõe a suas vítimas. Ainda assim, o humor macabro e a ironia deliciosamente britânica dão suas caras na maior parte das vezes. Ri genuinamente em quase todos os episódios e agora mal posso esperar pela chegada da temporada final para saber o desenlace dessa estória que faz a audiência torcer descaradamente pela psicopata sem o mínimo constrangimento. 

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