Salgueiro 1x0 América revelou-se uma verdadeira tortura para quem se aventurou a assistir a mais uma transmissão da MyCujoo.
Primeiro, o jogo começou sem som algum. Nada. Um absoluto silêncio para a partida durante uns bons minutos.
Depois, câmera nervosa. A mesma câmera da imagem geral era utilizada para trazer os lances em detalhes. O vaivém produziu tontura e enjoo até em quem não sofria de labirintite.
Por fim, uma narração descaradamente clubística, além de estridente e desorientada. Só existia Romarinho no meio campo do América. Eu estava vendo a hora Romarinho cruzar e Romarinho cabecear para o gol. As marcações do árbitro também pareciam um mistério de outro mundo. O narrador torcia contra os goleiros porque tinha trauma de um lance de Hugo, goleiro do Flamengo, seu time de coração. Para piorar, em determinado momento do jogo, ele cismou que o América também era conhecido como... Floresta (?!), algo que não entendi até agora. Ainda deu tempo do América virar Americão.
O resultado do jogo, como observação, foi uma tragédia. O Salgueiro foi o único a conseguir uma vitória contra o América. Pois agora venceu as duas, o que traz um arrepio quando se pensa na fase eliminatória. As duas com falhas defensivas do Mecão, embora o Salgueiro hoje tenha jogado melhor do que na primeira partida. Além disso, o América, especialmente Wallace Pernambucano, brincou de perder gols feitos, coisa que também não traz lembrança boa alguma para a torcida americana. No caso de Wallace, ele hoje esteve mais para as apresentações pífias de outrora.
A ideia de adiantar Romarinho e enfiar Xaves por trás revelou-se inoperante. Romarinho não se encontrou mais à frente e só voltou a acertar alguma coisa quando recuou seu posicionamento.
As cobranças de falta também estiveram mais para lamentáveis, com muitas morrendo nas mãos do goleiro, algo extremamente irritante.
Eu ainda sonhei logo no primeiro tempo com a entrada de André Krobel para encostar em Everton Silva e Augusto, algo que deu certo em outra oportunidade, mas fui logo alertada de que Krobel não seguira com a delegação.
No segundo tempo, a entrada de mais um zagueiro melhorou o posicionamento do América com o avanço de Everton Silva, o que eu imaginava com a entrada de Krobel no primeiro tempo. O problema é que o rendimento com 3 volantes não é a mesma coisa. E Wallace Pernambucano estava naqueles dias de caneladas.
Sei que Dico está longe de uma atuação ao menos próxima do que se espera dele, mas não dá mais para aceitar a entrada de Thiaguinho, um atacante que não tem a menor ofensividade. Ele entra e eu tenho certeza de que posso desligar a TV porque desse mato não sairá mais coelho mesmo. Não desligo porque sou insistente, mais até do que Paulinho em colocá-lo em campo.
Preocupa muito que o América pela segunda vez leve um gol no primeiro tempo e não consiga nem empatar e que isso se dê contra o mesmo adversário.
Sigo batendo na tecla do equilíbrio do América. Hoje Renan Luís não esteve bem em momento algum do jogo. Quem poderia mudar o panorama por ali? Ninguém, porque Carlos Renato não tem ou não mostrou ainda esse perfil.
O meio ficou amarrado (não falo da falta de opções aqui porque aparentemente foi circunstancial), as laterais muito marcadas e Everton Silva isolado porque até Augusto também estava muito abaixo do que pode render. Elias também num dia muito individualista.
Meio e laterais bloqueados e o América sem paciência de trabalhar a bola ante a forte marcação do Salgueiro desenterraram a famigerada ligação direta. Isso tudo com um placar adverso é quase uma sentença de condenação transitada em julgada em tempo recorde.
Pelo menos duas boas notícias de hoje. Uma, os 3 zagueiros podem ser alternativa a um meio bloqueado, desde que não sejam mantidos 3 volantes. A outra é que a derrota não alterou a tabela de classificação e o América segue líder, apesar de não ter mais a moleza da liderança antecipadamente garantida sem depender de outros resultados.
Diretoria e comissão técnica precisam abrir o olho para o equilíbrio do elenco, cobrindo as evidentes ausências seja com contratações adequadas, seja com modificações no esquema tático. Também não custa o América aprender a pressionar mais efetivamente a saída de bola adversária quando estiver perdendo. Se o dia não está bom na construção de jogadas, impedir que o adversário fique à vontade é fundamental. É o que os adversários vêm fazendo para impedir a ótima saída de bola que vinha ocorrendo debaixo de pau e pedra implantada por Paulinho e que já não tem mais a mesma persistência de outrora.
Com mais de uma semana para a próxima partida (no domingo), que será contra um time que marca bem, é esperar que o equilíbrio do time seja reestabelecido. De um jeito ou de outro.