segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Enfim, gostei


Tenho uma enorme tendência a ser cética ou até do contra. Não consigo de imediato embarcar em qualquer moda ou onda. Resisto o quanto posso para me distanciar da opinião geral e formar a minha própria, que pode ou não coincidir com aquela.

Talvez isso tenha origem naquele velho conselho de mãe: "Você não é todo mundo". Talvez Freud explique.

De todo jeito, sigo rejeitando unanimidades. Dificilmente assisto a um filme na estreia. Pelo contrário, normalmente deixo para ver quando ele já está na iminência de sair de cartaz. 

Pedro Almodóvar é um belo exemplo. Aclamado pela crítica, não me lembro de um único filme seu que eu tenha assistido e gostado a ponto de elogiar. Cenas de sexo ou violência gratuitos me parecem um instrumento fácil para capturar audiência. Daí eu não gostar nem de filme de terror e nem de comédias em que os atores riem da própria piada para provocar riso na platéia.

Mas aí a Netflix me sugeriu Julieta. Botei na lista e nem vi que era Pedro Almodóvar. No fim do domingo, procurando um filme, não série, para assistir e que não tivesse mais de 1h40 de duração, terminei me voltando para ele. Assim que surgiu na tela o nome do diretor, bateu aquela enorme dúvida: "Continuo ou não?". Resolvi prosseguir.

E não é que, enfim, eu gostei de um filme de Almodóvar? Alguns diálogos meio improváveis sim, mas há um clima de suspense nesse drama que me manteve ligada até o fim. Nada de violência ou sexo gratuitos, sem qualquer ligação com os fatos. Cenários cativantes, atuações idem.

O que posso dizer sobre o filme sem estragar o clima para quem pretende assisti-lo? Bem, Julieta acompanha não exatamente de forma linear a jornada de uma mulher em busca de sua filha desaparecida. A ideia é montar o quebra cabeças devagarinho, peça por peça, mas como se só entendessêmos ou revelássemos a imagem final com a colocação da derradeira peça. Mas não se iluda! O filme é um drama, apenas com um certo ar de mistério, mas é essencialmente um drama.

Se gosta de drama, assista. Se nunca gostou de Almodóvar, talvez este seja o filme capaz de mudar sua opinião como aconteceu comigo. Se já gosta dele, bem, talvez Julieta revele uma nova faceta do diretor espanhol.

Manchetes do dia (3/12)

A manchete do bem: Em livro final, Hawking cria guia para o século 21 e além.

As outras: Medicina da família tem 70% das vagas sem interessados, 13.º salário ajuda brasileiro a tentar renegociar dívidas e Ativistas protestam após morte de cão; Carrefour afasta equipe.

Bom dia, minha gente!

Fonte: Folha de S.Paulo 

Today's headlines (12/3)

The headline for good: Trade truce by China and U.S. gives both sides political breathing room.

The others: 'Yellow vests' riot in Paris, but their anger is rooted deep in France, American's death revives evangelical debate over extreme missionary work, and Israeli police urge bribery and fraud charges against Netanyahu. Again.

Good morning, everyone! 

Source: The New York Times 

domingo, 2 de dezembro de 2018

Magnificamente assustador


Primeiro, nota-se o desconforto do ator com a desproporcional prótese em sua boca. Isso salta aos olhos a ponto de eu me perguntar se não tinha sido muito preciosismo adicionar algo tão esquisito e que chamava tanta atenção. Temi pelo resto do filme.

Queen e sua face imortal Freddie Mercury passaram a existir para mim com I Want to Break Free, cujo clipe era debochadamente engraçado com um bigodudo de saia reclamando dos afazares domésticos. Essa é a primeira imagem que vem à minha cabeça, ainda de criança de primeira infância, é essa.

Muitos anos depois é que descobri sua fase sem bigode, para mim, um tanto sem graça. O bigode era a cereja do bolo daquela figura teatral, imponente, majestosa mesmo no palco.

Digo tudo isso para voltar ao filme que me fez chorar copiosamente sem que houvesse uma cena com qualquer tom de piedade. Afinal, a rainha Freddie Mercury não combinava nada, nada com qualquer tipo de dó que não fosse a nota musical. 

Queen era brega? Era. Mas de uma forma transgressora, sem fórmulas em busca do sucesso, como eles mesmos bem definiram em cena da valorosa biografia Bohemian Rhapsody.

O filme retrata a história da banda enaltecendo aquele que sempre foi responsável por sua personalidade, tanto que hoje o Queen é uma banda sem alma, ou uma alma penada em busca de descanso após a morte de sua identidade.

Mas voltando especificamente ao filme e ao evidente desconforto de Rami Malek com a prótese dentária, se eu achava que aquilo não ia dar certo, o ator me provou que eu não poderia estar mais enganada. Sua transformação ao longo dos 232 minutos de filme é assustadora. Quem é Rami Malek? O ator que eu vira como o faraó Ahkmenrah em Uma Noite no Museu sumiu completamente. É Freddie Mercury que vemos ali. Nos mínimos detalhes. É assustador!

Saí do cinema pensando como Rami Malek conseguiria voltar a ser ele mesmo. Sim, Freddie Mercury encarnou nele e a separação não deve ser tarefa fácil. Como ele se olha no espelho agora? Como Freddie ou como Rami? 

Se o filme tem falhas de biografia como fãs apontaram, o que Rami Malek nos apresentou tornou tudo isso muito menor. 

E a banda desalmada que tudo já tentou para reencontrar sua essência talvez esteja a cogitar uma turnê com Rami Malek no playback para emocionar ao vivo públicos mundo afora. A especulação é puramente minha, antes que alguém acredite. Mas nessa até eu embarcaria. Afinal, o resultado seria bem melhor do que o visto no último Rock in Rio com Adam Lambert, coitado, que tem talento, mas rainha mesmo, só Freddie Mercury.

Bohemian Rhapsody é daquelas obras obrigatórias. E ponto final.

Podcast: Moldando

A formação da espinha dorsal do América, as últimas contratações do ABC e demais participantes do estadual, detalhes da base e tudo mais do futebol do RN.


Manchetes do dia (2/12)

A manchete do bem: Um novo tempo começa para o velho Juvino Barreto. 

As outras: Atraso de salários retira R$ 1 bilhão de circulação no RN, Líderes mundiais elogiam trajetória de George Bush, e Desafio de 75km vai cortar o litoral potiguar. 

Bom domingo, minha gente!

Fonte: Tribuna do Norte 

Today's headlines (12/2)

The headline for good: U.S. and China call truce in trade war.

The others: Global growth cools, leaving scars of '08 unhealed, U.S. soccer hires Gregg Berhalter as coach of national team, and Houston recalls legacy of George Bush, its lone star Yankee and senior booster.

Good morning, everyone!

Source: The New York Times 

sábado, 1 de dezembro de 2018

Uma graça

Uma eleição na OAB/RN é um evento memorável. Mas nem pense que é pelo glamour ou coisa semelhante. Nada disso. É pelo clima mesmo.

Do nada começamos a receber ligações dos partidários. Antigamente, essas ligações eram da chapa da situação. Em priscas eras, o próprio candidato me ligou e até me ofereceu uma possível vaga na comissão que fosse do meu interesse. Como se eu tivesse tempo e paciência para tais reuniões ou gostasse de tais ofertas. Da única vez em que participei de uma comissão dessas - o que não durou muito - fui atendendo a pedido de minha mentora desde os tempos de estágio na OAB/RN, Dra. Margarida.

Na eleição deste ano, foi a oposição que gostou de bater papo comigo. Perdi as contas das ligações recebidas. Bati bons papos (adoro!) e defendi alguns pontos que acredito estarem em falta na atual gestão. Mas não prometi meu voto. Afinal, por toda a gratidão que tenho a Dra. Margarida, é preciso muita, mas muita credibilidade mesmo de outra chapa para que eu não atenda a um singelo pedido de minha eterna mentora.

No dia mesmo da eleição, o clima sempre me remete aos velhos jogos internos dos meus tempos de Escola Doméstica de Natal. Sim, há claques com gritos organizados e mamães sacodes. Não,  não são profissionais de recreação contratados, mas advogados e estagiários e simpatizantes. Cada grupo com a cor escolhida: azul, rosa ou verde. É uma verdadeira peregrinação atravessar esses grupos. Dá para prometer uns 300 votos diferentes para avançar mais rápido.

Neste ano, a OAB repetiu a dose com a Arena das Dunas como local de votação. Antigamente era no Centro de Convenções. Era votar e renovar as energias olhando o marzão de Natal. Agora, o estresse é que se renova com a falta de estacionamento com o Carnatal instalado.

Para minha sorte, um dos flanelinhas me reconheceu ainda do tempo do Machadão e imediatamente me arranjou uma vaga que parecia especialmente reservada para que eu não perdesse tempo. Saí da fila e estacionei. Sabe-se lá de que horas eu teria saído da Arena se tal providência não tivesse caído do céu.

Votar mesmo é na urna eletrônica. Pelo menos a minha categoria não me envergonha com estória (com E mesmo) de urnas fraudadas.

O resultado é noticiado pela imprensa. As claques são desfeitas e a vida segue até a próxima eleição daqui a 3 anos, quando viveremos o mesmíssimo roteiro de ligações de novos amigos, claques à la jogos internos dos tempos de ED e romarias até o local de votação.

Um ciclo sem fim. Pelo menos engraçado é.

Manchetes do dia (1/12)

A manchete do bem: Banco Mundial oficializa extensão de empréstimo para o RN.

As outras: Governo pede 'socorro' para evitar dívida de R$ 1 bilhão com servidores, Estratégia de Saúde da Família perde 110 médicos no RN e Túnel da BR 101 será interditado hoje.

Bom dia, minha gente!

Fonte: Tribuna do Norte 

Today's headlines (12/1)

The headline for good: When the social mission comes before making a buck.

The others: George Bush, 41st president, dies at 94, Trump signs new trade deal with Canada and Mexico after bitter negotiations, and Marriott hacking exposes data of up to 500 million guests.

Good morning, everyone!

Source: The New York Times