quarta-feira, 2 de março de 2022

Memória curta, a traidora

Atire a primeira pedra quem nunca voltou para conferir se havia ou não feito o que deveria fazer. Pode ser trancar a porta de casa, do carro, apagar a luz, enviar uma mensagem, pagar uma conta. A memória, especialmente a curta, nos trai diariamente e sem a menor cerimônia.

Todos os dias eu procuro um culpado para essa traição ininterrupta. Idade? Estresse? Pandemia? Mente? Celular? Tudo junto? Na minha busca, até descobri que a perimenopausa (antes da famosa menopausa) também é capaz de tal artimanha. 

Sobre idade, eu queria dizer que quando ainda adolescente na faculdade, eu voltava "n" vezes ao estacionamento para conferir se havia mesmo trancado a porta do carro. Isso me incomodava tanto, que no veículo seguinte que comprei, fiz questão de colocar um alarme que travasse as portas, algo tão comum hoje em dia muito provavelmente pela enorme quantidade de pessoas que sofriam/sofrem do mesmo mal, para evitar pelo menos que tivesse que descer/subir a enorme escadaria do Setor I da UFRN.

Desconfio mesmo é do automático, esse modo que temos de resolver as coisas habituais sem de fato prestar atenção nelas, algo que vem piorando com o uso das redes sociais, aparentemente essesciais a cada pausa que temos em atividades. 

Mas resolver, que é bom, nada. Ou pelo menos não há como saber se a solução foi definitiva até que o próximo pequeno ato seja esquecido, interrompendo a calmaria de quando há efetiva dedicação a focar nos hábitos em execução. 

Ou seja, a luta concentração x hábito é sem fim e a memória curta parece adorar esse embate intenso para empreender seus ardis. No menor descuido, lá se foi o sossego (tranquei mesmo a porta?). Resta-nos, por enquanto, a certeza da vida que segue no martírio da (des)atenção.

"Momento incrível para mim"

O atacante Thiaguinho conversou ontem com o assessor de imprensa Canindé Pereira sobre seu momento no América.

(Imagem: Canindé Pereira)

Boa fase
É um momento incrível para mim, um momento assim de muita felicidade, em que eu tenho trabalhado bastante para isso e sou muito grato a Deus por este momento. Venho me sentindo bem dentro de campo e fora, com meus companheiros e toda a comissão. Por todo o apoio que têm me dado, venho me sentindo muito bem. 

Clássico
A gente vem bastante focado, trabalhando forte, pois sabemos a importância que tem este clássico. A gente o enfrenta como uma final e a gente quer muito vencer. Estamos aí para defender a invencibilidade, na qual nos temos 1 vitória e 1 empate, e nós vamos com todo o foco que a gente vem mantendo durante esta semana para, se Deus quiser, fazermos um bom jogo e sairmos de campo com uma vitória. (...) Eu vejo como um jogo diferente dos outros por ser clássico e a rivalidade que tem entre os 2 times. Então, o foco é dobrado, a concentração, dobrada. A gente só pensa em vencer, entrar em campo com o intuito de ganhar e nós vamos entrar em campo para isso, para sair com os 3 pontos, pois é um grande objetivo da gente vencer todos os clássicos, até porque o clássico mais importante com a vitória no domingo para a nossa busca de título no 2.° turno.

Artilheiro e líder em roubadas de bola
Até eu me surpreendo com esse detalhe de recuperar bolas por eu ser um cara mais ofensivo, mas em campo eu estou para cumprir as funções, tanto atacar como defender. Então, o que o professor vem pedindo eu tento manter em cada jogo. Então, quando tiver que voltar para marcar, para recuperar a bola, eu vou fazer isso. E eu me sinto à vontade, tanto para defender como para atacar. No que eu puder ajudar a equipe dentro de campo, eu vou ajudar e dar o meu melhor. 

Top 10 da Globoplay

Eis as obras mais assistidas disponíveis na Globoplay em fevereiro.

  1. Império de Mentiras
  2. Pecado Capital
  3. O Caso Celso Daniel
  4. Angela Black
  5. Morando com o Medo
  6. Éden
  7. Professor T
  8. Ouro Verde
  9. Serviço Secreto
  10. As Fabulosas Aventuras dos Freak Brothers

Manchetes do dia (2/3)

A manchete do bem: 
  • Justiça de Israel suspende despejos de famílias palestinas em Sheikh Jarrah
As outras: 
  • Banco Mundial prepara ajuda emergencial de US$ 3 bilhões para Ucrânia
  • HQs nacionais vão além da Turma da Mônica e vivem melhor momento em anos
  • Ministros da Defesa de Bolsonaro levaram parentes e Jair Renan em voos da FAB
Bom dia.

Fonte: Folha de S.Paulo

Today's headlines (3/2)

The headline for good: 
  • With one eye on Covid, New Orleans celebrates return of Mardi Gras
The others: 
  • Countries rush to release emergency reserves as oil prices soar.
  • A surge of unifying moral outrage over Russia's war
  • Ukraine war sets off Europe's fastest migration in decades
Good morning.

Source: The New York Times

terça-feira, 1 de março de 2022

Manchetes do dia (1/3)

A manchete do bem: 
  • Pesquisa mostra que 58% querem revisão da reforma trabalhista
As outras: 
  • Crise do clima e desmatamento ameaçam futuro da Amazônia, diz painel da ONU
  • Twitter coloca alerta em postagens com conteúdo de veículo estatal russo
  • Novo trailer de 'Animais Fantásticos' traz cena de Maria Fernanda Cândido
Bom dia.

Fonte: Folha de S.Paulo

Today's headlines (3/1)

The headline for good: 
  • G.O.P. leaders condemn lawmakers' appearance at white nationalist conference
The others: 
  • Time is running out to avert a harrowing future, Climate Panel warns
  • Russian rocket barrage kills civilians as first talks show no progress
  • Ukraine war tests the power of tech giants
Good morning.

Source: The New York Times

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Besteirol de respeito


Para as pessoas que viveram os anos 90, a referência imediata é Corra Que A Polícia Vem Aí!. O filme era tão debochado que a personagem principal simplesmente não passava pelas portas dos cenários, e sim por fora delas. Eis o tom do que a gente encontra em Patrulha Médica.

A nova série da Netflix não tem a menor vergonha de se assumir um besteirol completo, com todas aquelas correrias nonsense que vemos em séries médicas e filmes de ação.

A cada episódio de aprocimadente 20 minutos vemos a Dra. Lola Pratt puxar uma trama maquiavélica de um vírus mortal que vai destruir o mundo. 

Para se ter uma ideia, logo no episódio inicial, ela precisa de uma carona num Honda Fit vermelho para ir do Childrens Hospital onde trabalha até a Universidade de São Paulo. É tão absurdo isso que as personagens precisam ficar reforçando o tempo todo que o hospital fica mesmo em São Paulo. 

Há muito mais coisas absurdas ao longo dos 10 episódios e alguns são tão bestas, mas tão bestas que não nos resta outro caminho senão rir de tamanha besteira. 

Sem querer dar spoiler, mas já dando, há um determinado diálogo do qual ainda não me recuperei. "Como você sobreviveu à quesa do avião?" "Não sobrevivi" "Se você é um fantasma, me diga logo".

Já dá para perceber que Patrulha Médica é mesmo um prato cheio para quem adora criticar os filmes que se levam a sério, mas que não têm enredo adequado para tanto. Esta série é plena exatamente no contrário - é um besteirol de respeito, daqueles que a gente precisa ver de vez em quando para rir de coisas tão absurdas e lesadas. 

Sempre empolgante

É quase impossível completar a coleção de Agatha Christie. Mais de uma centena de livros e peças com direitos de publicação espalhados pelas mais variadas editoras. Para quem gosta como eu a tarefa inclui garimpar em livrarias e sebos em busca de novidades.

(Imagem de minha autoria)

O livro que acabei de ler eu acredito que encontrei na Saraiva do Midway, mas também pode ter sido na Leitura do Natal Shopping. É livro "novo", da coleção L&PM Pocket da Nova Fronteira. O título é para lá de sugestivo: Por Que Não Pediram a Evans?. Ora, ora, são as perguntas que movem o mundo. Imagine um livro de assassinato e investigação!

No caso, uma bola caída num penhasco durante uma partida de golfe leva à descoberta de um homem caído, quase morto, que faz uma última pergunta antes do derradeiro suspiro - sim, a pergunta do título. Ele tinha uma foto de uma mulher consigo. 

Mesmo com a investigação oficial cravando a morte como acidente, o filho de um religioso e uma socialite ficam curiosos a respeito da identidade da foto e da resposta à pergunta. Mas quando ele tem a sua cerveja envenenada, os dois percebem que há algo mais a respeito daquela morte, ainda que eles não tenham a menor ideia do que seja exatamente. 

A partir daí, somos tragados para o olho do furacão das intrigas misteriosas da talentosa autora britânica e queremos logo saber onde tudo vai dar. 

Não se trata de obra com as melhores personagens de Agatha (o detetive belga Hercule Poirot e a velhinha xereta Miss Marple), mas o enredo é como sempre engenhoso, apesar de que o fim mesmo da estória, não tanto do mistério, deixa um pouco a desejar. Mas Agatha é Agatha e sempre vale a pena. 

30 anos depois

Nos anos 90, existia o antecessor de todos esses clubes de assinatura de livros hoje existentes era quem dava as cartas. O Círculo do Livro tinha um conceito bem legal para quem gosta de ler: a gente recebia uma brochura com "n" opções de obras com suas sinopses a cada período de 2-3 meses e tinha que adquirir 2-3 unidades para manter a associação. Toda essa explicação é feita na confiança de que a minha memória não esteja a me trair.

Os livros todos tinham edições especiais da editora do clube, sempre com capa dura. Ou seja, você não encontraria aquela edição daquele jeito numa livraria física (na época, nem internet existia como hoje).

Eu fazia minhas escolhas, destaca o cupom da revista, postava no correio e esperava chegar a caixa com minha nota para pagar (ou pagava antes, não lembro).

Dentre as minhas empolgadas compras, muitos livros de Agatha Christie e vários outros de muitos tipos e autores e autoras para expandir meu universo de leitura.

Numa dessas expansões, adquiri Do Outro Lado da Mesa, de autoria de Leon Knopfholz e Jaime Aron Teig e empilhei na fila de leitura sem nunca, de fato, considera-lo como opção. Só que a pandemia me trouxe receio de morrer sem ter esgotado essa fila da minha biblioteca, então encarei a leitura.

(Imagem de minha autoria)

A intenção do livro de marketing não fica muito longe da baboseira da auto ajuda. Há coisas interessantes nele, mas há uma permanente sensação de que tudo é muito bem embaladinho apenas para que muitas páginas sirvam de linguiça para um punhado de frases efetivas. 

No caso, os 30 anos de separação entre a escrita e a minha leitura apenas provaram a minha tese: nenhuma das empresas citadas (nem a familiar vilã que podava o talento dos "meninos", nem as duas mocinhas estruturadas para dar vazão a esse talento aparecem mais em buscas na internet). Talvez o dinheiro do livro tenha sido tanto que os autores e suas famílias simplesmente decidiram viver destes louros. Quem sabe? 

A única coisa que achei legal foi a quase descrição do que se faz hoje para vender coisas para os usuários da internet, isso com 3 décadas de diferença. De resto, é daquelas leituras do tipo panfleto bíblico: a gente lê achando graça da mente que pensou aquelas fantasiosas associações e das mentes que vão crer piamente naquilo tudo.