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A saudade de ambas as partes era imensa. A tradução disso foi coisa linda de se ver: bom público na Arena das Dunas, quase 4.500 pessoas - o melhor, com folga, do estadual até aqui - e um time empenhado em agradar a essa torcida em campo. Sobrou para o ASSU.
O domínio foi total do time de Waguinho, que ainda assim se estressou com sua parte ofensiva, cobrando muita seriedade o tempo todo. A cobrança também se refletiu em campo. Sobrou para o ASSU: 7x0.
Eu poderia reclamar do péssimo desempenho de André Krobel no primeiro tempo. Parecia desorientado, errando lances bestas. Dos primeiros dois lances de Ewerton. Ou até dos lances que deram errado de Wallace Pernambucano e alguns poucos de Tiago Orobó. Mas André melhorou no segundo tempo, com suas cobranças de falta e cruzamentos na medida, Ewerton pegou o ritmo rapidinho, Wallace Pernambucano trabalhou bem de pivô com um lindíssimo lance de calcanhar de pagar ingresso novamente no gol de Adílio - olha a base aparecendo - e Tiago Orobó infernizou o lado esquerdo do ASSU marcando dois gols, um deles, uma pintura.
Na verdade, Waguinho implantou duas coisas no América 2020 que eu sonhava há muito ver: o América impõe ao seu adversário o que aquele Tubarão impôs ao América na Copa do Brasil 2018 e o América é essencialmente ofensivo - do goleiro ao atacante, as opções de passe e de movimentação são majoritariamente velozes e para frente.
Tanto é assim que o dono do jogo de novo para mim foi o cara que jogou com a camisa 5. César Sampaio esbanjou vontade e habilidade em roubadas de bola já engatadas com contra-ataques de encher os olhos de qualquer um.
Faltavam ao time de Waguinho tempo de trabalho, entrosamento, torcida e um tapete magnífico como o da Arena das Dunas. De tudo isso, apenas o entrosamento ainda não chegou totalmente, mas quem percebeu? O time é tão disciplinado taticamente que nem as substituições quebram o ritmo, pelo contrário.
Há sim uma certa exposição defensiva, que deve melhorar com o tempo de trabalho para que o time ache o ritmo certo para se recompor. Só que futebol tem como objetivo marcar gols e que estes sejam em maior número do que o de seu adversário. Logo, também não dá para reclamar disso, já que, em 3 partidas, o América marcou 14 vezes e sofreu apenas 2 gols.
Lembram de uma tal dependência do jogador X? Não existe. Como apontei acima, o time funciona com quem quer que esteja do elenco vestindo a camisa. Basta ver que os 7 gols de ontem foram marcados por 6 jogadores diferentes: Tiago Orobó-2, que foi substituído, Romarinho, que foi substituído, Adriano Alves, Adílio, que entrou no 2.° tempo, Wallace Pernambucano e Felipe Pará, que entrou no 2.° tempo.
Torcida feliz, time eficiente, treinador que rende louros à torcida (viram que ele puxa o time para saudar a torcida no fim do jogo?). É difícil não confiar que 2020 será uma temporada para ficar por muito tempo na memória de quem tiver a felicidade de presenciar os jogos, vez que o time e o elenco seguem em nítida evolução.
Na quarta-feira, às 20h, há um velho teste de fogo para as pretensões do América: o Globo no Barrettão. Mais um jogo duro, sem tapete e com vento atrapalhando. Torcer para que a eficiência seja mantida.
P.S.: o crescimento é do elenco como um todo, mas Renan Luís sobe mais degraus a cada jogo. Impressionante!