segunda-feira, 28 de março de 2016

Driblando a tristeza

Sou da época da Turma do Balão Mágico, programa infantil matinal da Globo que lançou Simony, Jairzinho, Mike, Toby e Fofão ao sucesso. Dancei com suas músicas e sabia as letras de cor e salteado. Uma, na minha inocência da primeira infância, eu achava que tinha sido escrita especialmente para o meu avô:

O meu avô é doce como caramelo
O meu avô é fofo como o algodão
O meu avô tem muitas coisas e um castelo
De mentirinha, mas é um bruta castelão
O meu avô conta piadas engraçadas
O meu avô tem figurinhas de montão
Muita graça, muito riso
Meu avô sabe brincar
É tão lindo seu sorriso
É meu aaaaa...
Avozinho, avozinho, avozinho dá um beijo
Dá um beijo, avozinho, um beijinho, meu amor
Avozinho, avozinho, avozinho, dá um beijo
Dá um beijo, avozinho, um beijinho, por favor
O meu avô tem uma estátua voadora
O meu avô tem um isqueiro de vulcão
O meu avô corta fumaça com tesoura
De mentirinha meu avô é campeão
O meu avô tem dois anéis lá de Saturno
O meu avô tem plantação de macarrão

O cabra era arretado! Deixou uma família de posses no interior de Sergipe porque queria ganhar o mundo e fazer sua própria história. Era impossível não rolar uma lágrima quando ele enchia os olhos d'água para falar da saudade da mãe que o tinha como filho favorito.

Saiu pelo mundo sem eira nem beira, porém cheio de vontade de viver. Não levou um centavo consigo e não recusou qualquer trabalho. Conquistou o coração de muitos que lhe cruzaram o caminho e se punham a ajudá-lo a avançar mais casas na sua batalha de fazer a vida.

Rodou por profissões e cidades deste Brasilzão. Foi para o sudeste. Virou enfermeiro só de olhar. Antes já negociara açúcar que carregava nas mulinhas da família até o litoral sergipano para ter o próprio dinheiro. Não recusou serviço. Arrebatou corações femininos. 

Entrou para o exército e aí foi que rodou o Brasil. Contava com gosto como fez um teste para mecânico do exército quando já estava lá dentro. A preparação incluíra a loucura de desmontar e montar de volta o motor de um GMC do exército com mais três amigos num fim de semana. Sabia de cor as questões que caíram na prova.

Inquieto, não sossegava o facho. Ainda no exército, terminou chegando a Natal em 10 de agosto de 1941, data relembrada com entusiasmo a cada encontro com qualquer interlocutor. Abriu uma mercearia. Conquistou muitos clientes num ramo já dominado por gente antiga.

Tava de bom tamanho? Que nada! Um dia cismou de que queria fazer parte da Rede Ferroviária Federal. Se ofereceu ao chefe local até como mão de obra para arrancar capim com as mãos. O cara ficou tão encantado com sua força de vontade que o nomeou como seu motorista particular. Aí deixou o exército.

No novo órgão, galgou posições e virou fiscal de trem. Começou a sentir que era hora de aquietar o facho. E passou a ouvir de muitos companheiros que o homem que se casasse com Juracy, secretária do chefão de lá, tirava a sorte grande. 

Num belo dia, empurrou a porta de vaivém da sala de Juracy e perguntou se o chefe dela estava lá, ao que ela respondeu que não. Atrevido, ele disse: "Eu sei. É com você que vim falar. Olhe, faz três meses que lhe namoro pelas costas e você não sabe. Eu quero casar com você. Se você disser que sim, eu caso com você se seu pai aceitar e se ele não aceitar."

Juracy, impressionada com tanta ousadia, respondeu como moça recatada da época: "Passe mais tarde lá em casa para falar com meu pai." Pronto, não resistira aos encantos daquele sergipano cheio de entusiasmo.

Pensam que ele contou a verdade sobre as posses de sua família? Disse que seus irmãos não pediam esmola porque não tinham um saco. Casaram-se e ele manteve a conversa fiada até levá-la para conhecer sua enorme família. Ainda teve a audácia de adverti-la de que estavam dormindo naquela noite anterior à viagem numa cama, mas que podiam dormir na noite seguinte numa esteira no chão.

No dia seguinte, praticamente uma romaria os recepcionou em Simão Dias. Juracy, que nunca ligou para posses, ficou extremamente chateada com a mentira que João Francisco vinha lhe contando desde o "namoro pelas costas". Foi preciso uma irmã intervir: "Juracy, não foi melhor assim? Já pensou se ele dissesse que era rico só para você casar com ele?" Sábia que só ela, vovó desfez a mágoa. 

Esse era o espírito de vovô. Brincalhão, falava alto, adorava contar um piada, não tinha pena de pregar peças em ninguém. Eu fui sua vítima número um quando pequenininha. Certo dia, sabendo que eu era fã dos filmes de Lassie na Sessão da Tarde, disse que ia me dar aquela cachorra dos filmes. Iludida, contei a todo mundo. Aí meu irmão cortou minhas asas dizendo que aquela cachorra havia morrido muitos anos antes de eu nascer.

Adorava jogar conversa fora no antigo Café São Luiz na Rua Princesa Isabel no centro da cidade. Sempre trazia um milho ou um pacotinho de castanha para as netas na volta para casa quando eu estava por lá. Também gostava de nos dar um dinheirinho quando pedíamos. Certa vez, pedi dinheiro para tomar sorvete. Sem pena, vovô me deu 1.500 cruzeiros. Ao mostrar a mamãe a "ruma" de dinheiro recebida (uma nota de 1.000 e uma de 500), minha mãe disse: "minha filha, esse dinheiro que papai lhe deu não compra nem um pirulito." O problema era que a nota de 500, que não valia mesmo nada, era muito parecida com a de 5.000, essa sim capaz de comprar o sorvete. Ela me ensinou a contar os zeros para não cair na lábia de vovô. No nosso encontro seguinte, ele estourou numa gargalhada quando eu lhe disse, do alto da minha sabedoria de 4-5 anos de idade, que ele não me enganaria mais com a nota de 500.

Nunca recusou trabalho. Acho que aprendi com ele essa história de não me contentar com um só ofício. Foi meu grande incentivador quando decidi que o valor que um sebo queria me pagar por minhas revistinhas quase novas era uma afronta e resolvi montar uma banca na porta de casa para vendê-las ao dobro do preço. Vendi todas.

Pegava todo mundo com duas histórias que contava bem sério. Numa, ele dizia que tinha amanhecido com um problema. Fazia uma pausa e dizia que tinha amanhecido com os calcanhares para trás. Noutra, quando uma pessoa entrava pela primeira vez em seu carro (demorava, mas só comprava zero km e à vista), falava sério que o veículo tinha vindo com um defeito: quando ele pisava no freio, o carro parava; quando acelerava, ele andava. Tinha pena das inúmeras vítimas, sendo eu sempre a primeira.

Driblou a morte várias vezes: levou uma facada direcionada a outra pessoa; não levou um só tiro que dois ladrões de carro dispararam contra ele e, sem estar armado, desarmou os meliantes e os botou para correr; desistiu de um voo que fez pouso forçado depois; sofreu parada cardiorrespiratória por erro médico numa cirurgia e foi ressuscitado sem sequelas permanentes; venceu um câncer. 

Aos 97 anos, já tinha alguns momentos de falha na memória. Quando perguntado sobre algo que não lembrava, respondia "eu sei, mas é que agora ando tão esquecido com essa minha doença...". 

Aos 97 anos, driblou mais uma vez a morte ao escapar de um tubo respiratório, algo considerado um milagre pela equipe médica. Foi aí que nos pregou a última peça: nos fez acreditar que não nos deixaria tão cedo. Dessa vez não teve graça. O sergipano arretado nos deixou em plena tarde do domingo de páscoa.

Perdi meu maior conselheiro e exemplo de vida. É por ele que carrego com tanto orgulho o Silva do meu sobrenome tão brasileiro.

Descanse em paz, vô.

domingo, 27 de março de 2016

Podcast: Que miséria de futebol!

Podcast de hoje sobre a pífia campanha de América e ABC na Copa do Nordeste e o nível do Campeonato Potiguar.

https://www.spreaker.com:443/episode/8111741



Potiguar 2016: Baraúnas x Globo às 17h

Local: Estádio Nogueirão

Baraúnas (4-4-2): Érico, Victor, Nildo, Cláudio Baiano, Márcio Costa; Darlyson, Batata, Luís Felipe, Murillo; Robert, Marcelo Sabino. Técnico: Agnaldo Sales.

Globo (4-4-2): Rafael, Geovanne, Negretti, Jamerson, Renatinho Carioca; Leomir, Pablo Oliveira, Rivaldo, Eduardo; Romarinho, Vavá. Técnico: Higor César.

Árbitro: Alciney Santos de Araújo (FNF)
Assistentes: Edilene Freire da Silva (CBF) e Anderson Fagner da Silva (FNF)

Destaques do Baraúnas
Murillo - bom na movimentação e na finalização.
Robert - bom na movimentação.

Destaques do Globo
Romarinho - bom na movimentação e na finalização.
Vavá - atacante que não perdoa.

Prognóstico: o Baraúnas (7.°) conta com a motivação de um novo técnico para superar a marcação do Globo (6.°). Empate.

Potiguar 2016: ASSU x Potiguar às 17h

Local: Estádio Edgarzão

ASSU (4-4-2): Elias, Ila. Romeu, Gilmar, Ítalo; Jair, Lano, Vasconcelos, Adham; Paulinho, Fagner Lins. Técnico: Wassil Mendes.

Potiguar (4-4-2): Santos, Gilberto Matuto, Anselmo, Ramon, Duduzinho; Odair, Dunga, Jozicley, Vaninho; Bruno Gaúcho, João Manoel. Técnico: Bira Lopes.

Árbitro: Suelson Diógenes Medeiros (CBF)
Assistentes: Jean Márcio dos Santos (CBF) e Leandro Lincoln Santos Neves (CBF)

Destaques do ASSU
Gilmar - bom no cabeceio.
Paulinho - bom na movimentação.

Destaques do Potiguar
Bruno Gaúcho - bom na movimentação e na finalização.
João Manoel - bom na movimentação e na finalização.

Prognóstico: o ASSU (4.°) não é fácil em seus domínios, ao passo que o Potiguar (2.°) tem sido um visitante indigesto. Empate.

Potiguar 2016: Alecrim x ABC às 9h30

Local: Arena das Dunas (transmissão ao vivo para todo o Brasil pelo EI MAXX)

Alecrim (4-4-2): Messi, Allan, Geilson, Cleiton Potiguar, David; Carlos, Arêz, Diego Mipibu, Renato; Adalberto, Ranielson. Técnico: Fernando Tonet.

ABC (3-5-2): Vaná, Gabriel, Léo Fortunato, Jerferson; Filipe Souza, Zaquel, Erivelton, Lúcio Flávio, Alex Ruan; Jones Carioca, Nando. Técnico: Geninho.

Árbitro: Ítalo Medeiros de Azevedo (CBF)
Assistentes: Vinícius Melo de Lima (CBF) e Rômulo Bruno Campos Alves (CBF)

Destaques do Alecrim
Arêz - bom na marcação e no apoio ofensivo.
Diego Mipibu - bom na movimentação.

Destaques do ABC
Vaná - seguro.
Erivelton -bom na movimentação e na finalização.

Prognóstico: Alecrim (3.°) e ABC (1.°) enfrentam a dureza da temperatura dos últimos dias em Natal. Empate.

sábado, 26 de março de 2016

4 vira...

... mas o jogo acaba mesmo em 7x0. Esse foi o placar que o América impôs ao definitivamente rebaixado Palmeira pelo Potiguar 2016.

O América, para variar, começou sonolento, mas com Lúcio, Cascata, Mateusinho e Brendo resolveram a vida de Guilherme Macuglia logo no primeiro tempo, garantindo-lhe mais uma sobrevida. Lúcio e Cascata marcaram duas vezes cada.

No segundo tempo, as modificações determinaram um ritmo menor de gols. Maracás, Brendo e até o contestado Jefferson marcaram e deram números finais para o placar.

Amanhã tem podcast. Como Alecrim x ABC acontece de manhã, acredito que entre 13h30 e 14h, comento ao vivo os detalhes do clássico e da maior goleada do Potiguar 2016. Aviso pelo Twitter.

Aluísio Guerreiro: "Por isso estão na Série C"

O furo aqui para o RN foi de Marcos Lopes. Foi ele que publicou no Twitter parte da resposta de Aluísio Guerreiro, ex-treinador do América, sobre sua passagem em Natal, em entrevista ao site Recanto dos Boleiros .

Aluísio, tido como de DNA americano, não poupou críticas ao clube. Interessante é que na página principal do site, ao clicar na aba entrevistados, aparece um resumo da carreira de jogador e de treinador do Guerreiro. Como técnico, só consta o América. E no cabeçalho da entrevista, diz-se que ele "levou a equipe da cidade de Natal ao título do primeiro turno do Campeonato Potiguar" (???). Confira trechos da entrevista abaixo:

"Outra passagem de destaque que você teve na sua carreira, foi pelo América-RN. Em 1977 você foi Campeão Potiguar, sendo o artilheiro da competição. Como essa temporada foi especial para você?

Foi muito especial porque de lá eu fui pro Ceará, fui Campeão Cearense e do Ceará eu fui pro Santos. Fiz gol em quase todos os times grandes quando eu jogava no América-RN, na primeira divisão. O América de Natal era da primeira divisão do Campeonato Brasileiro. Fiz gol contra o Corinthians, contra o Cruzeiro, Fluminense, vários clubes grandes e o destaque também era muito grande.

E neste ano você teve a oportunidade de treinar o América-RN. Foi uma passagem com 7 jogos oficiais, sendo 4 vitórias, 1 empate e 2 derrotas. Mas, apesar desse bom aproveitamento, você não seguiu no comando da equipe. Por que essa sua trajetória no América não continuou?

Na verdade foram 10 jogos, porque tiveram 3 amistosos. Mas eu vou falar uma coisa muito interessante: o futebol brasileiro está muito nivelado por baixo, porque o treinador no futebol brasileiro não consegue fazer o seu trabalho. Quando o treinador começa a ganhar e aparecer, o dirigente começa a fazer ingerência por causa de empresários. Infelizmente aconteceu isso comigo no América de Natal. E agora eles estão colhendo os frutos: começaram a perder e empatar. Mas eu fiz um bom trabalho, tenho certeza disso, porque eu ajudei a equipe a conquistar a Taça Cidade de Natal, que é o primeiro turno do Campeonato Potiguar e que levou a equipe à Copa do Brasil do ano que vem. Eu nunca vi isso, o teinador chegar à final contra o vice-líder, jogando pelo empate e ser demitido por um diretor, porque o presidente estava na Europa. Mas Deus está vendo tudo e graças a Ele eu dou sempre a volta por cima e vai aparecer um novo clube com um trabalho mais profissional em que eu possa desenvolver o meu trabalho.

(...)

Em qual das suas três experiências depois de "pendurar as chuteiras"(Diretor de Futebol na Portuguesa Santista, Consultor Técnico no São Carlos ou Treinador no América-RN), você se sentiu mais à vontade e pretende seguir na sua carreira?

Então, por incrível que pareça, o trabalho no América-RN foi muito interessante, porque nós começamos no dia 14 de Dezembro, fizemos uma pré temporada, fizemos um trabalho muito bom. Eu estava já projetando uma equipe pra renovação, para o América subir para a Série B do Campeonato Brasileiro, mas infelizmente as ideias não bateram, eles ficaram na 'mesmice' e por isso estão na Série C. Infelizmente não consegui dar sequência ao meu trabalho lá.

Então quais são seus planos para a sua carreira como treinador?

O meu projeto, quando eu fui para o América-RN, era assinar um contrato de 2 anos. Eu acho que um treinador tem que ter 6 meses ou 1 ano de trabalho para poder mostar, realmente, o trabalho dele. Mas são raríssimos os clubes em que um treinador consegue fazer o seu trabalho. Eu espero que apareça esse clube que tenha ideias e projetos para que eu possa me adequar ao clube. Eu tirei uma folga de 10 dias com a família e agora estou voltando ao mercado. Já tiveram vários contatos, mas nada que me atentasse a fechar. Apareceram algumas coisas que eu não achei interessantes. Eu não gosto de aventura e espero que apareça alguma coisa que seja boa para mim e para o clube.

Você pretende seguir a sua carreira aqui no Brasil ou no exterior?

Eu cheguei a fazer um estágio no Porto(de Portugal), assisti alguns jogos, participei em algumas situações, vi como eles trabalham e a gestão do Porto, para mim, é uma das melhores do futebol europeu. Acredito que essa experiência foi muito boa. Agora eu espero que, no novo clube em que eu venha a exercer a minha função, eu possa colocar em prática todo esse meu aprendizado. A princípio eu pretendo fazer um curso de inglês, ir me atualizando e estou até pensando em fazer um estágio em um time grande, com um treinador de ponta(Muricy ou o próprio Cuca). Eu conversei com meus filhos e eles querem que eu vá para fora, mas eu ainda vou esperar mais um pouquinho e torcer para o país melhorar um pouquinho para que eu possa trabalhar com dignidade, porque aqui tem muito "rolo", muito apadrinhameto, muito esquema e eu não tenho essa cabeça."

Aguardando o América responder sobre esse "'rolo, muito apadrinhamento, muito esquema", o dirigente que "começa a fazer ingerência por causa de empresários", e sobre o fato do trabalho no clube não ter o nível de profissionalismo que Aluísio esperava.

Potiguar 2016: América x Palmeira às 16h

Local: Estádio Barrettão (transmissão ao vivo para todo o Brasil pelo Esporte Interativo)

América (4-4-2): Pantera, Gabriel, Maracás, Gustavo, Alex Cazumba; Pedro Ivo, Tiago Dutra, Bruno, Cascata; Mateusinho, Lúcio. Técnico: Guilherme Macuglia.

Palmeira (4-4-2): Yure Wendell, Augusto. Artur Potiguar, Jardel, Marcondes; Russo, Romário, Santa cruz, Tiago Bispo; Binha, Ramon. Técnico: Marcos Ferrari.

Árbitro: Zandick Gondim Alves Júnior (CBF)
Assistentes: Jean Márcio dos Santos (CBF) e Leandro Lincoln Santos Neves (CBF)

Destaques do América
Maracás - faz sua estreia.
Lúcio - bom na movimentação e na finalização.

Destaques do Palmeira
Tiago Bispo - bom na movimentação.
Binha - bom na movimentação e na finalização.

Prognóstico: América (7.°) e Palmeira (8.°) tentam fugir da última colocação. Vitória do América.

quinta-feira, 24 de março de 2016

"Muda a postura ou muda a peça"

Essas foram as palavras de Beto Santos em entrevista a Marcos Lira da Rádio Globo. O repórter havia questionado sobre dispensas no América. O ultimato de Beto se refere ao jogo contra o Palmeira, no sábado, às 16h, no Barrettão. O presidente ainda ressaltou que ninguém é vitalício no clube.

Hoje numa reunião de 40 minutos no centro do gramado principal do CT entre Beto Santos, Jussier Santos, Iuri Bagadão, Walmir Nunes, comissão técnica e elenco, falaram Jussier Santos, o presidente, Cascata, Flávio Boaventura e Júlio Terceiro. Segundo Beto, o grupo recebeu uma injeção de ânimo e uma cobrança pela inesperada eliminação na Copa do Nordeste. 

De acordo com o presidente, financeiramente, agora somente o avanço na Copa do Brasil pode compensar a perda de dinheiro, quase quinhentos mil reais, dinheiro esse que fazia parte da conta para a Série C.

Sobre mudar peças, o prazo de inscrição do estadual já se encerrou há algum tempo. 

Para ficar claro

No mundo de paixões exarcebadas do futebol, é difícil, às vezes quase impossível, tentar expor de forma clara uma opinião. Tudo fica resumido numa lógica a favor ou contra fulano, num personalismo que não é saudável, basta ver o que ocorre no Brasil hoje.

O fato de eu comparar o futebol atual do América ao futebol desenvolvido quando o técnico era Roberto Fernandes tem duas intenções: uma, mostrar porque o torcedor anda sem paciência com o futebol apresentado, haja vista o hábito de ofensividade criado, afinal, Bob esteve por aqui em 2012, 2013, 2014 e 2015; duas, ressaltar que a empatia com um time que vence em casa é muito maior do que com uma equipe que entra apenas na perspectiva do 0x0. 

O fato de admirar o trabalho de Roberto Fernandes nunca me impediu de fazer aqui uma postagem praticamente cobrando sua demissão na Série B de 2013 por enxergar que seu trabalho ali, diante das condições, atingira um beco sem saída, uma situação em que era preciso escolher entre a manutenção dele ou a do América na Série B. Isso apenas para citar a crítica mais severa, deixando de lado a insistência com jogadores ineficientes, por exemplo, típico de todo treinador.

Há pessoas que não lidam bem com isso. São aquelas que normalmente enxergam criminosos, não crimes. Se fulano comete um crime, mas é meu amigo, então não é crime. Só inimigos cometem crimes.

Não sou dessa linha. Busco incansavelmente ser justa, sabendo de minha condição limitada por ser humana. Posso detestar alguém, mas reconhecer seu acerto em determinada situação, assim como posso criticar alguém que amo profundamente.

Não passa pela cabeça de ninguém uma volta de Bob ao América tão cedo. Pelo menos não na minha. Primeiro, ele não é do agrado da atual gestão, que só termina em 2018. Segundo, possui alto salário para a pindaíba em que o América se encontra. Terceiro, ele está empregado. Talvez esses elementos nem estejam nessa ordem de importância, mas o fato é que não existe a menor possibilidade de Roberto Fernandes e América reeditarem a velha parceria num cenário que não esteja tão longe que se perde de vista.

Pronto. Dito isso, espero que tenha ficado bem claro o que pretendo ao falar da ofensividade da equipe e das vitórias como mandante sob o comando de Roberto Fernandes: mostrar que quem chegar por aqui terá que lidar com a ânsia da torcida por um time que se imponha como mandante.  Afinal 4 temporadas de futebol assim não somem da memória num passe de mágica. Ainda mais com o arremedo de futebol que a equipe vem apresentando, em especial o festival de horrores contra o Coruripe.