Todo mundo já ouviu que rapadura é boa, mas não é mole, né? Pois a Série B é igualzinha.
O América vinha com a terceira melhor campanha pós-Copa 2014. Vencera Bragantino e América-MG e empatara com o Vasco em pleno estádio São Januário. Já o Santa Cruz vinha de 3 derrotas com 10 gols tomados - a pior campanha pós-Copa 2014. Vasco, Ceará e até o Vila Nova (única vitória na Série B) fizeram a festa no time pernambucano.
E qual foi o resultado? América 0x1 Santa Cruz. Mil coisas contribuíram para tanto. A saída de Marcelinho (infecção intestinal) para a entrada de Wálber, que esteve completamente desorientado em campo, talvez tenha grande parcela, já que foi um buraco na defesa do lado direito que permitiu o passeio tranquilo do ex-América Léo Gamalho até tocar a bola de cabeça para o gol.
Mas é preciso dizer que os volantes do América não vêm em fase muito boa quanto à marcação em si. Parecem muito afastados uns dos outros. No jogo em questão, deu pena ver Cléber ter que cobrir o meio, coisa que ele não vinha fazendo, porque Fabinho estava em qualquer outra parte do campo, menos na marcação à sua frente. Mas se Cléber normalmente cobre a lateral direita com Marcelinho e foi cobrir o meio, quem cobriu a lateral direita? Tchan-ran! Ninguém. É só rever o jogo e, principalmente, o lance do gol. Há um buraco triste do meio para a direita muito bem aproveitado pelos jogadores do fraco Santa Cruz.
Marcação individual causa essas coisas. O time tem que marcar por zona, individualizando a marcação dentro das divisões. E os volantes do Mecão, que são muito bons no passe, precisam saber que sua primeira função é marcar. O resto vem como consequência do jogo.
Ontem a proposta de ambos os times era marcar, mas o América marcou muito mal. Não conseguiu pressionar a saída de bola dos zagueiros do Santa Cruz como este fazia. E tome chutão para cima de Fernando Henrique. Um jogo ineficiente e chato pela repetição da burrice. E assim o fraco Santa Cruz parecia jogar em casa e o América parecia um visitante desorientado.
Acrescente-se a PÉSSIMA partida de Isac (não ganhou uma bola da defesa) e o dia ruim de Rodrigo Pimpão e Val. E o normal de Jeferson, que passa muuuuito longe de ser um camisa 10.
Por fim, é preciso lembrar que o América enfrenta o Fluminense na quarta em jogo de grande visibilidade no cenário nacional e isso mexe com a cabeça dos jogadores, que começam a temer contusões que os tirem do "jogo principal".
Ah, já ia me esquecendo da atuação ridícula do árbitro catarinense Paulo Godoy. Quase tenho um infarto logo no início do jogo com o cartão que deu a Isac. O jogo todo usou dois critérios. Claro que o mais benéfico coube ao Santa Cruz. Deu laterais que não existiram. Não deu outros que existiram. Impediu diversas vezes o uso da vantagem pelo time da casa e ainda inventou umas trezentas faltas para o visitante. Revoltante. Deu até para pensar que veio com a intenção de impedir que Joinville e Avaí perdessem posições na tabela, mas aí já seria demais, né?
Muita gente ficou chateada porque o América não chegou ao G4. Eu não. Não é hora de G4. Pode dar um relaxamento desnecessário aos jogadores, especialmente com a pedreira do Fluminense pela frente. Tem que estar no G4 na 38.a rodada. E até lá, há muito água para rolar por baixo desta ponte. Também não pode se distanciar. Mas o G4 está bem ali, a uma vitória. E ainda há 5 partidas do 1.° turno e todo o 2.° turno a ser jogado. Tudo tem seu tempo.
Minha chateação ficou mesmo com o futebol jogado e com o árbitro. No entanto, se qualquer um dos fatores citados aqui tivesse funcionado normalmente, até mesmo se o jogo contra o Fluminense não fosse nesta semana, arrisco afirmar que o Mecão não teria perdido para o fraco Santa Cruz. Mas a Série B, tal qual rapadura, é boa, mas não é mole, não.