Comentei anteriormente sobre a pressão que Roberto Fernandes jogara em Dida, jovem goleiro do América, após a derrota por 4x2 para o Crb. Falei sobre a via crúcis do coitado se acontecesse qualquer lance que alguém julgasse falha sua. Não deu outra. A pressão foi tanta que Dida incorporou um verdadeiro lutador dessa nova moda chamada UFC, MMA (whatever!) e deu uma senhora voadora em jogador do Ceará dentro da grande área. Pênalti, gritos de "Galatto, Galatto" na arquibancada e cartão amarelo para o arqueiro, que ainda amargou suspensão e cedeu convenientemente o lugar para o preferido de Roberto Fernandes. Dida ainda teve sorte de não ser expulso. Poucos árbitros têm peito para expulsar o goleiro numa situação dessa, mas se ele fosse zagueiro, seu destino seria outro.
Parece que a via crúcis não é apenas de Dida, não. Roberto Fernandes ontem também amargou o 3.º jogo em sequência de seu time sem vitória e sem um futebol convincente. A saída de Júnior Xuxa, que a imprensa em geral chegou a tratar como uma solução para o time americano, mostrou-se uma tremenda dor de cabeça para o treinador. Ninguém tem característica de cadenciador! Todo mundo só quer saber de velocidade. O que se viu nestes 3 últimos jogos do América foi um time sem a menor paciência para construir jogadas, dominar o adversário, tranquilizar o jogo. Parece que o mundo vai se acabar em 10 segundos.
Para piorar, Roberto Fernandes engoliu corda e deu a 10 a Lúcio. A 10! A monumental marca de maestros da cadência, como Moura, Paulinho Kobayashi e Souza. Lúcio agora só quer saber de alçar bolas na diagonal. Gol que é bom nada. A correria, tão característica do vaqueiro, agora só se manifesta em toques apressados. Enquanto havia Júnior Xuxa para equilibrar o negócio, deu certo. Sem ele, é duro o que eu vou dizer agora, mas o América parece um time de pelada. Sem qualquer uso do meio de campo, que parece uma área inexistente. Bom mesmo é ligar direto. E tome lançamentos a esmo para um atacante sem velocidade (Isac), para um meia/ala que insiste em jogar pelo meio quando aparece melhor na ponta (Wanderson), e para um ala que nem de longe demonstra o futebol de outrora (Norberto).
Todo time tem seus altos e baixos. O Mecão pode estar numa fase normal de reencontro e num período oportuno, vez que continua no G4 apesar dos 3 jogos sem vitória. Mas contra o Ipatinga, o time de Roberto Fernandes vai ter que mostrar que futebol é coletivo, que tem 90 minutos de duração e que é muito diferente de basquete. Nada de querer definições de 10 em 10 segundos.
Vou até meter o bedelho para apontar uma boa escalação ante os desfalques. O goleiro deve ser mesmo Thiago Schimdt, que é um goleiraço e ontem passou muita segurança. Nada de jogar Dida aos leões novamente. Os zagueiros, que precisam deixar um pouco de lado a mania de lançar para os atacantes, devem ser mesmo Cléber e Edson Rocha. O (falso) ala direito deve ser Pingo, de longe, o melhor atacante do Mecão. Do lado esquerdo, Wanderson, que precisa aprender a marcar e parar de buscar tanto o contato físico com o adversário. Use sua rapidez, menino, e deixe os caras na saudade!
No meio, o excelente Márcio Passos, o cão de guarda Ricardo Baiano (vamos reclamar menos?), Fabinho (ainda em busca de suas grandes atuações) e Raphael Augusto, pelo menos para iniciar o jogo. Foi o único que mostrou que prende a bola, mesmo que seja para sofrer falta. Isso acalma o time nos primeiros 45 minutos. Deixa Thiago Galhardo e sua rapidez para o segundo tempo. E NO ATAQUE, isso mesmo, no ataque, Lúcio e Isac. Nada de camisa 10 para o vaqueiro. Não é a dele. Espontaneidade é muito diferente de obrigação. Ah! Não custa nada dizer a Roberto Fernandes que Soares anda meio perdido e que talvez tenha chegado a hora de a substituição do ataque durante o jogo ser Max no lugar de Isac.
Aí vai então, já com as possíveis substituições no 2.º tempo: Thiago Schimdt, Pingo, Cléber, Edson Rocha, Wanderson; Ricardo Baiano, Márcio Passos, Fabinho e Raphael Augusto (Thiago Galhardo); Lúcio (Soares) e Isac (Max). Simples assim. Mais bola de pé em pé, Bob!