Sim. Tudo na vida é cíclico. Parece até que seguimos à risca aquele princípio de Lavoisier "na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma". Mas, por favor, não me pergunte o porquê! Não tenho a resposta. No entanto, posso demonstrar (que petulância a minha, não?) a veracidade desta afirmação.
Nem é preciso muita coisa. Basta observar a História. Prosperidade e recessão convivem alternadamente no mundo desde que o mundo é mundo. Tão certo como o dia vem depois da noite e que esta vem depois daquele é que recessão e prosperidade vivem uma espécie de Feitiço de Áquila. Para quem é muito novo ou péssimo de mémoria, esse é um filmaço com Michelle Pfeiffer e Rutger Hauer em que seus personagens viviam um romance impossível em virtude de um feitiço que a transformava em águia de dia e e o tornava um lobo à noite. Só lhes restava poucos segundos quando o sol se punha ou estava prestes a nascer quando quase podiam se tocar.
O mesmo pode ser trazido para o nosso dia-a-dia (nem sei se ainda se escreve assim...). Ou estamos tristes, ou estamos alegres. E sabemos que nenhum dos dois estados dura para sempre. Algo está sempre ali, à espreita, pronto a nos retirar da extrema felicidade ou do buraco da depressão.
Veja-se o caso da sociedade em si. É impressionante como o suceder de gerações sempre avança em algo, mas também traz algum retrocesso. Temos uma geração liberal sempre sucedida por uma conservadora. E vice-versa.
Na política, um partido (ou as suas ideias) parece morto e ressurge das cinzas quando todos apontavam para a sua extinção. E aquele dominante, de repente, sofre um revés que vira manchete bombástica nos jornais.
No esporte, especialmente no futebol, tão presente em nosso cotidiano, essa verdade cíclica é ainda mais verdadeira. Quem torce por um time bem sabe do que eu estou falando: um dia se está por cima, no outro... Tomando como exemplo América e Abc, isso chega a assustar. Não faz muito tempo, o Abc vivia um calvário ao ser rebaixado para a Série C e ver o América no apogeu da Série A. De repente, o ciclo mudou. O América passou à rotina de 4-5 treinadores por ano, alguns rebaixamentos, derrotas humilhantes, ao passo que o Abc agarrou-se com um treinador, sagrou-se campeão de quase tudo que disputou, juntou dinheiro. Enfim, tudo o que o Abc tocava virava ouro. Já o América, desgraça após desgraça.
Eis que o ciclo muda de novo, mais uma vez repentinamente. Assim. Sem explicação. O América interrompeu o ciclo de desgraças ao vencer 3 partidas consecutivas na Série C e o Abc adentrou neste ciclo ao somar 9 jogos sem vitórias na Série B. O América deixou a posição de candidato ao rebaixamento para líder de seu grupo. O Abc largou o sonho da Série A para viver o pesadelo de lutar contra a queda para a Série C. E nesse caminho, é goleado pelo Bragantino em casa (5x0), perde uma invencibilidade de 6 meses jogando em seus domínios e entra na balada de 4-5 treinadores por ano (Guto Ferreira já é o 3.º, desprezando-se a saída/volta de Leandro Campos). Alguma semelhança?
Se você ainda não se convenceu que tudo na vida é cíclico, converse com um historiador. Ele vai mostrar que a evolução histórica também é cíclica. Tanto que é melhor representada por uma espiral. Se nem isso lhe convencer, preste mais atenção nos acontecimentos à sua volta. Você vai se impressionar.