domingo, 22 de setembro de 2024

Melhorou ou piorou?

Começo escrevendo que a resposta ao título desta postagem depende da perspectiva de quem lê a pergunta. Obviamente eu vou relatar a minha.

Poderia tratar aqui de vários assuntos. Preços de coisas em geral, mas especificamente de comida fora de casa. Respondo sem medo que piorou consideravelmente a partir 2019. Ninguém senta mais num churrasquinho qualquer de mesa na rua para não deixar, no mínimo, R$ 100. Lembro até que eu já estava marcando com as amigas para nos reunirmos na casa de cada uma, tão horrorizada que estava com a realidade de gastar R$ 100/hora, isso bem antes da pandemia. 

Sobre redes sociais, streamings e TV em geral, acho que a coisa melhorou tão enganosamente, que agora a sensação de que tudo piorou é quase palpável.

Vejam que música praticamente deixou de existir em meio físico (graças a Deus as pessoas que gostam de livros resistiram bravamente). Agora ou é YouTube, ou é Spotify ou qualquer outro assemelhado. É chato de procurar, é chato de ouvir com qualidade, é chato de ter que pagar assinatura ou ter que ouvir com anúncios iguais ou piores do que os das rádios. 

CDs, a melhor opção de música física do mundo, praticamente sumiram. Ou então custam os olhos da cara. E nada de muita variedade disponível. Ficou tudo amarrado num mundo digital sem graça.

Até assistir a uma série, que antigamente tinha dia e hora marcados, hoje virou um cabaré com temporadas que são divididas, ou com temporadas com hiatos de anos entre elas, ou séries canceladas no meio da temporada, ou que são despejadas de um streaming e resgatadas por outro. 

O tal do algoritmo também é maluco. Cisma que você gosta de coisas insuportáveis e deixa as que você gosta passar absolutamente escondidas num catálogo quase que infinito de opções. 

A TV aberta perdeu de vez o rumo. Não sabe mais em que tipo de produção investir. Ficou presa no passado, mas vive desesperada para recuperar um público que hoje quer mais saber de vídeos sem sentido de TikTok e qualquer outra coisa que possa ser digerida rapidamente em no máximo 30 segundos.

Hoje tudo tem que estar no celular. Parece praticidade, mas virou prisão. Antigamente, ninguém se atrevia a ligar para a casa dos outros depois das 21h (e olhe lá!). Agora, mensagens pululam a qualquer hora do dia e da noite, e até mensagens de trabalho chegam em pleno fim de semana, feriado ou qualquer horário antes sagrado de descanso. E prefiro nem falar nos insuportáveis áudios. Por que não ligar e resolver logo em, no máximo, 10 minutos? 

Muita coisa melhorou, é verdade. Ninguém quase vai mais a banco num ano inteiro, para citar talvez a melhor das melhoras. Mas o lazer morreu ou ficou moribundo. Até tirar fotos ficou chato demais. São 300 poses para um registro que deveria ser leve como era antigamente. Juntou, sorriu, clicou, tchau. Prestar ou não prestar era a graça de descobrir depois. Agora é a tortura diretamente proporcional à quantia de pessoas na mesma pose.

Como as coisas evoluem, evoluem para enfim voltar ao que eram - vejam as meias que eram longas, depois foram descendo o cano e agora voltaram para o meio das pernas - eu espero que o lazer seja restaurado pelo menos como opção. CDs, séries em canais, TV aberta como boa opção, fotos sem estresse. Oxalá este dia esteja perto! 

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