Não foi nada fácil a vida dos que fazem o Departamento de Comunicação do América no Edgarzão.
Saímos de Natal com o intuito de realizar a transmissão das imagens do jogo, uma vez que a negociação para tanto já estava adiantada entre as presidências dos clubes e da FNF, embora eu tenha que confessar que não levasse um pingo de fé de que ela de fato ocorresse, boa observadora que sou do futebol norte-rio-grandense.
Chegamos ao Edgarzão antes dos times. Fomos para uma das cabines indicadas por aviso nas portas que eram para transmissão de TV. Chão molhado em algumas partes denunciando que havia chovido por ali antes, Canindé buscou pelo menos uma cadeira para que nos revezássemos aliviando a coluna.
Depois da longa viagem, precisava ir ao banheiro feminino. Nem a porta fechava, nem havia papel higiênico. Uma lástima. Para completar, até a torcida reclamou da não disponibilização de banheiro feminino para quem estava na arquibancada, como retrata o vídeo abaixo que recebi no meio do jogo. Esse é o tratamento que nós, mulheres, recebemos num estádio do RN em pleno século 21. Depois ficam distribuindo rosa com cartãozinho no dia 8/3 e parabenizando pelo Dia Internacional da Mulher...
Observando o campo, tomei um susto: as linhas estavam sendo pintadas naquela hora, como registrei nas imagens abaixo. Faltando pouco mais de 15 minutos para o início da partida, a área técnica de Roberto Fernandes ainda estava recebendo demarcação!
Equipamentos montados, transmissão confirmada. Aí chegou Jota Santos, da rádio Princesa, avisando que aquela cadeira era do narrador de sua emissora. Lá se foi a última chance de aliviar a coluna antes do jogo. Mas ele foi gentil ao ponto de buscar um conjunto que funcionava como cadeira e até saiu procurando um pedaço de papel para tentar limpar o assento. De uma gentileza ímpar. Agradeci de público no Twitter e repito a dose aqui, apesar de não ter conseguido mais o alívio da coluna pelo adiantado da hora.
Quando ajustávamos os últimos detalhes para entrar no ar, o primeiro baque: o presidente da FNF avisou ao presidente do América que a autorização não era para a TV Mecão porque ele decidira que a TV FNF seria a responsável pela transmissão. Como já adiantei acima, eu já esperava. Não dá para confiar nessas autorizações que só saem em cima da hora, ao sabor do humor dos envolvidos, especialmente sabendo que o presidente da FNF, mesmo sendo alguém com exposição pública, é daquelas pessoas que não admitem uma crítica sequer, tanto que sou devidamente bloqueada por ele no Twitter sem nunca ter feito uma só crítica pessoal, tão somente aos rumos do futebol do RN.
Obviamente ninguém ficou satisfeito. Não sei de onde a FNF tirou que o torcedor do América, maior interessado em ver o jogo de seu clube em outra cidade, acharia melhor acompanhar a partida na TV da entidade do que na tradicional TV do seu clube, em plataforma de maior alcance.
Como já criamos a Rádio Mecão para não deixar a torcida órfã, a transmissão foi rapidamente adaptada. E, como sempre, agradecemos muito a audiência, que parece cada vez mais fiel.
Nesse momento, chegou a equipe da InterTV Cabugi para gravar os lances do jogo pedindo um lugar ali porque não conseguia em outras cabines. Igual coração de mãe, afastamos aqui, empurramos ali, e deu para todo mundo gravar as imagens.
Só que outro baque nos esperava antes do jogo começar. O presidente da liga de Assú resolveu comunicar apenas na iminência do apito inicial que aquela cabine pertencia a ele, que ele a deixava separada para seu pessoal da tribuna de honra em caso de chuva e que todos nós teríamos que sair dali. Explicamos que a porta indicava "TV1" e que havia programação para a transmissão quando chegamos e por isso ali estávamos, agora acompanhados da equipe da InterTV Cabugi e que não poderíamos mais simplesmente trocar de lugar na iminência do início do jogo. E que se chovesse - eu garanti que não iria - ele poderia trazer todo mundo para lá (olha o coração de mãe novamente). Até o presidente do América ajudou nesse convencimento.
O dono do estádio ainda fez questão de ressaltar que nós não poderíamos transmitir o jogo, mas garantimos que não faríamos mais transmissão de TV, era a Rádio Mecão que ia a campo, com as câmeras voltadas para nós.
O dono do estádio ainda fez questão de ressaltar que nós não poderíamos transmitir o jogo, mas garantimos que não faríamos mais transmissão de TV, era a Rádio Mecão que ia a campo, com as câmeras voltadas para nós.
Quando enfim começamos a transmissão, uma nuvem de insetos começou a nos ameaçar (todas as imagens de Carlos Augusto abaixo). Essa foi de longe a transmissão mais tensa em que já trabalhei e tenho certeza de que isso afetou meu senso para os comentários. Já peço desculpas se falei algo sem sentido.
Para se ter uma ideia, Canindé, coitado, chegou a engolir uns dois insetos! O presidente Leonardo Bezerra, numa gentileza incrível, passou o 1.° tempo a espantar os bichos que subiam pela parte de trás de nossas roupas. Tudo regado a muito calor, cansaço e aperto de todo mundo que precisava ver o campo dali.
Sobre o jogo, é impossível não começar falando do gramado. Muito ruim. Buracos, crateras, montes, tonalidades diferentes. Não me canso de reclamar que as federações deste país, inclusive a CBF, deveriam fazer vistorias também a respeito do gramado. Sem um bom palco, não há como se ter um bom espetáculo. Mais: há um enorme risco de lesão para os jogadores, que dependem de seus corpos em boas condições para seu sustento financeiro. Enquanto fecharem os olhos para isso, ninguém investirá em um gramado pelo menos regular, sem buracos.
Dito isso, o América fez um primeiro tempo pavoroso. O velho buraco defensivo da direita apareceu, mesmo sendo um volante o escalado por ali. Eu cheguei a temer pela expulsão de Wallace Rato pelas vezes que ele perdeu na velocidade para Leandro Mendes e companheiros. Terminou machucado num carrinho legal, providencial, dado por ele mesmo na área americana. Roberto Fernandes levou um tempo pensando em quem entraria em seu lugar, na improvisação da improvisação pela direita.
A direita também falhou ofensivamente. Tiago Orobó muito distante do que se esperava no primeiro tempo. Os lampejos que ocorreram foram na esquerda com Lelê, e, principalmente, Renan Luís e Felipe Pará.
Já o ASSU se encolhia todo e apostava corrida nos contra-ataques, ganhando em quase todos. Assim a bola sobrou para Eduardo marcar de fora da área aos 12 minutos.
Mesmo desencontrado, o América criou oportunidades, a mais clara delas numa falha do inspirado goleiro Mateus Cotrim, incrivelmente desperdiçada por Felipe Pará.
A chatice era a cera do ASSU. Tenho verdadeiro pavor desse tipo de recurso. Paga-se para ver futebol, não desfile de maqueiros, encenação de contusões, bolas desaparecidas e coisas assemelhadas, numa verdadeira ode ao anti-futebol. Não gosto e pronto. Acho até que as regras do futebol já deveriam ter sido mudadas para dois tempos de 30 minutos, com relógio parado a cada vez que o jogo fosse interrompido. Pelo menos o consumidor irá receber 30 minutos de bola rolando em cada tempo e deixar os atores mais inibidos pela parada do cronômetro.
Outra chatice foi o fraco desempenho do trio de arbitragem.
No intervalo, Canindé me perguntou se eu trocaria alguém. Pergunta dificílima ante uma apresentação tão frustrante. Saí pela tangente.
Bob trocou Lelê e Felipe Pará de posição (esquerda-direita). Felipe Pará quase marcou na saída de Mateus, mas finalizou no peito do goleiro da equipe da casa.
O América começou a pressionar mais o ASSU, que já não era mais assim tão veloz nos contra-ataques. Adílio entrou no jogo, mas eu não achei que Lelê tivesse mais fôlego do que Felipe Pará no momento. Também o garoto Beto substituiu Leandro Melo para o visitante partir para o abafa.
De todo jeito, Tiago Orobó em sua fase iluminada empatou para o América, salvando parte da lavoura neste 2.º turno. Daí em diante, a pressão do time de Roberto Fernandes aumentou exponencialmente a cada minuto que passou.
Entretanto, o resultado de empate foi o que prevaleceu, o que não deixou de ser justo pelo que se viu (ou não) em cada tempo.
Como o América sofre fora de casa! No ano passado, foi no mesmo Edgarzão que o América perdeu (1x0) para o então lanterna do turno e deixou a famosa vantagem do empate e do mando de campo na final do turno cair no colo do Potiguar, aumentando sua dificuldade.
Em 2020, a remada para o único turno que resta passa ainda por 4 rodadas, que ninguém tem a menor ideia de quando acontecerão, em que o América enfrentará o Globo e o Palmeira na Arena das Dunas, o ABC no Frasqueirão e o Potiguar no Nogueirão.
O empate também manteve a invencibilidade da equipe sob o comando de Roberto Fernandes. Agora já são 9 jogos, sendo 3 vitórias e 6 empates em pouco mais de 30 dias, a saber:
5/2 - Copa do Brasil - São Luiz 0x0 América
9/2 - Copa do Nordeste - River 2x3 América
12/2 - Estadual - Força e Luz 1x4 América
15/2 - Copa do Nordeste - América 1x1 CRB
19/2 - Estadual - ABC 2x2 América
22/2 - Copa do Nordeste - América 1x1 Sport
26/2 - Copa do Brasil - River 1x1 América
1/3 - Estadual - Santa Cruz 0x4 América
4/3 - Estadual - ASSU 1x1 América
Depois de todo o sufoco, voltamos em tranquilidade para Natal.
Já o América vai seguir viagem para Sergipe e depois para Caxias do Sul. Com tanto jogo fora, ficaria todo mundo mais aliviado se os tais buracos defensivos não dessem mais o ar da graça. Ou que pelo menos os gramados pudessem ser assim chamados. Oremos.
Dito isso, o América fez um primeiro tempo pavoroso. O velho buraco defensivo da direita apareceu, mesmo sendo um volante o escalado por ali. Eu cheguei a temer pela expulsão de Wallace Rato pelas vezes que ele perdeu na velocidade para Leandro Mendes e companheiros. Terminou machucado num carrinho legal, providencial, dado por ele mesmo na área americana. Roberto Fernandes levou um tempo pensando em quem entraria em seu lugar, na improvisação da improvisação pela direita.
A direita também falhou ofensivamente. Tiago Orobó muito distante do que se esperava no primeiro tempo. Os lampejos que ocorreram foram na esquerda com Lelê, e, principalmente, Renan Luís e Felipe Pará.
Já o ASSU se encolhia todo e apostava corrida nos contra-ataques, ganhando em quase todos. Assim a bola sobrou para Eduardo marcar de fora da área aos 12 minutos.
Mesmo desencontrado, o América criou oportunidades, a mais clara delas numa falha do inspirado goleiro Mateus Cotrim, incrivelmente desperdiçada por Felipe Pará.
A chatice era a cera do ASSU. Tenho verdadeiro pavor desse tipo de recurso. Paga-se para ver futebol, não desfile de maqueiros, encenação de contusões, bolas desaparecidas e coisas assemelhadas, numa verdadeira ode ao anti-futebol. Não gosto e pronto. Acho até que as regras do futebol já deveriam ter sido mudadas para dois tempos de 30 minutos, com relógio parado a cada vez que o jogo fosse interrompido. Pelo menos o consumidor irá receber 30 minutos de bola rolando em cada tempo e deixar os atores mais inibidos pela parada do cronômetro.
Outra chatice foi o fraco desempenho do trio de arbitragem.
No intervalo, Canindé me perguntou se eu trocaria alguém. Pergunta dificílima ante uma apresentação tão frustrante. Saí pela tangente.
Bob trocou Lelê e Felipe Pará de posição (esquerda-direita). Felipe Pará quase marcou na saída de Mateus, mas finalizou no peito do goleiro da equipe da casa.
O América começou a pressionar mais o ASSU, que já não era mais assim tão veloz nos contra-ataques. Adílio entrou no jogo, mas eu não achei que Lelê tivesse mais fôlego do que Felipe Pará no momento. Também o garoto Beto substituiu Leandro Melo para o visitante partir para o abafa.
De todo jeito, Tiago Orobó em sua fase iluminada empatou para o América, salvando parte da lavoura neste 2.º turno. Daí em diante, a pressão do time de Roberto Fernandes aumentou exponencialmente a cada minuto que passou.
Entretanto, o resultado de empate foi o que prevaleceu, o que não deixou de ser justo pelo que se viu (ou não) em cada tempo.
Como o América sofre fora de casa! No ano passado, foi no mesmo Edgarzão que o América perdeu (1x0) para o então lanterna do turno e deixou a famosa vantagem do empate e do mando de campo na final do turno cair no colo do Potiguar, aumentando sua dificuldade.
Em 2020, a remada para o único turno que resta passa ainda por 4 rodadas, que ninguém tem a menor ideia de quando acontecerão, em que o América enfrentará o Globo e o Palmeira na Arena das Dunas, o ABC no Frasqueirão e o Potiguar no Nogueirão.
O empate também manteve a invencibilidade da equipe sob o comando de Roberto Fernandes. Agora já são 9 jogos, sendo 3 vitórias e 6 empates em pouco mais de 30 dias, a saber:
5/2 - Copa do Brasil - São Luiz 0x0 América
9/2 - Copa do Nordeste - River 2x3 América
12/2 - Estadual - Força e Luz 1x4 América
15/2 - Copa do Nordeste - América 1x1 CRB
19/2 - Estadual - ABC 2x2 América
22/2 - Copa do Nordeste - América 1x1 Sport
26/2 - Copa do Brasil - River 1x1 América
1/3 - Estadual - Santa Cruz 0x4 América
4/3 - Estadual - ASSU 1x1 América
Depois de todo o sufoco, voltamos em tranquilidade para Natal.
Já o América vai seguir viagem para Sergipe e depois para Caxias do Sul. Com tanto jogo fora, ficaria todo mundo mais aliviado se os tais buracos defensivos não dessem mais o ar da graça. Ou que pelo menos os gramados pudessem ser assim chamados. Oremos.
Que viagem complicada e quanto amadorismo da nossa federação. Depois as pessoas ainda se perguntam porque nosso futebol caiu tanto. Quanto ao América, acho que imaginaram que iam ganhar o jogo de todo jeito e a conta veio no final. Trabalhar para ganhar todas as partidas restantes e, se possível, do principal adversário jogando nos domínios dele.
ResponderExcluir