quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Quando ficamos tão pessimistas?

É difícil encontrar um pessimista que assuma sua condição. A maior parte tenta escapar do rótulo com a desculpa de que não é pessimista, e sim realista. Dizem que é bom esperar coisas ruins porque não nos decepcionamos quando elas chegam e ficamos encantados quando as boas vêm. No caso contrário, esperar coisas boas e receber ruins em troca é causa de grande frustração. 

Não deixa de ter sua razão. No entanto, me impressiona o pessimismo avassalador que nos assola. Acordo diariamente com o ligar da TV. Na verdade, acordo antes, mas programo o aparelho para ligar na hora do Bom Dia, RN. Não que seja essa maravilha. Na verdade, prefiro o Bom Dia, Brasil e adorava aquele tempo em que ele era o primeiro a ser transmitido pela manhã. É que não suporto o chiadeiro falso dos apresentadores e repórteres locais. Mas vamos deixar isso para outro texto. 

Voltemos ao ligar da TV. Pois bem. Já desperto com as primeiras manchetes do dia. E a depender da pauta dos jornalistas locais, devo me afundar em depressão urgentemente. É um tal de notícias policiais e outras sobre problemas, problemas, problemas e mais problemas, seja com a cidade, com o estado e até com o país. Mal abro os olhos e já sou invadida com o pressentimento de que vou ser assaltada, ou vítima de uma bala perdida, ou vou cair num buraco na rua, ou sofrer junto com os milhares que não têm atendimento nos hospitais, ou com os sem aula, sem salário, sem dinheiro, e até com os sem vergonha, que todos sabem quem são.

É uma dose cavalar de sentimentos negativos logo de manhã. Nem sei se vale a pena dar bom dia a alguém. Será mesmo um bom dia? Pode ser que alguém ache um deboche. E nem adianta abrir uma das redes sociais. Há um choro coletivo por tudo que se imagina ali. Amores desfeitos, engarrafamentos, a eleição... vixe, a eleição transformou o Facebook em local para propaganda eleitoral da pior qualidade, cheia de baixarias, empurrada goela abaixo. Mas isso também fica para outra oportunidade.

Até as charges dos jornais só trazem coisas ruins. Não desejo mudar a realidade, apenas o enfoque. Ok, vivemos num mundo de violência, mas será que precisamos de um relato minucioso de todos os crimes violentos (existem os que não espirram sangue) que acontecem em Natal? Prestação de serviço a comunidade é importante, mas precisa tomar quase todo o jornal? E que tal não dar a agenda dos políticos? Não fará a menor falta. Quem ainda frequenta esse tipo de mobilização sem ser obrigado por alguma boquinha certamente tem acesso à internet para buscar no site da quad.., digo partido a programação do dia.

Onde estão as notícias sobre cultura? Quais os lançamentos de livro, shows locais, eventos gratuitos da cidade? Onde estão as notícias sobre quem faz a diferença na vida de quem tanto sofre, como o Instituto Juvino Barreto, as casas de apoio aos que têm câncer, os abrigos de animais? 

Eu gostaria muito de ver uma injeção de ânimo logo cedo. Provocar uma corrente do bem pelo bem de nossas vidas é fundamental. Vamos recomendar coisas boas, divulgar boas ações, dar bons exemplos à sociedade com a própria sociedade. 

Tudo pela volta do bom humor, apesar dos problemas.

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