domingo, 16 de junho de 2024

Today's headlines (6/16/24)

The headline for good: 
  • Strasbourg for book lovers
The others: 
  • The woman who could smell Parkinson's 
  • On the Brazilian coast, a tropical town beloved by artists and makers
  • The wife who survived Henry VIII finally gets her big-screen due
Good morning.

Source: The New York Times 

sexta-feira, 14 de junho de 2024

Não há paz

Há várias coisas sobre ser mulher. Coisas que só outra mulher compreende. O medo de andar só na rua.  De pegar um Uber. O medo da simpatia ser compreendida como incentivo. O medo do julgamento da sociedade para cada detalhe do que comemos, bebemos, vestimos, usamos, dizemos. 

Há também as dores físicas, emocionais. A cólica menstrual jamais será sentida por um homem. O incômodo de utilizar, portar, trocar absorventes. Dos desmaios súbitos. Dos remédios que não resolvem, ou causam enjoo, ou dor de cabeça, ou inchaço, ou engordam, ou prejudicam progressivamente esôfago, estômago, intestino. 

Há também as expectativas dos outros que sempre sabem como resolver a sua vida. "Você não deveria ter feito isso", "Você deveria ter cortado logo", "Será que você não interpretou errado?", "Ele é homem, tem suas necessidades", são julgamentos somente a nós direcionados.

De uns tempos para cá, é que não há mesmo paz para nenhuma de nós. A luta sempre foi incessante por igualdade. Queremos ter o direito de trabalhar, de nos relacionarmos com quem quisermos e até de não nos relacionarmos com quem quer que seja, de praticar o esporte que desejarmos, enfim, de vivermos a vida em sua plenitude como é dado aos homens. Mas sempre que avançamos, surgem vozes a nos infernizar.

Já não basta termos que lidar com as mais variadas seitas religiosas absolutamente voltadas para a supremacia dos homens e o total aniquilamento da mulher como um ser humano. Agora querem a todo custo que o fundamentalismo religioso vire a lei suprema do nosso ordenamento jurídico, espancando o Estado democrático de Direito e a ordem constitucional fundados em 1988.

Se é bem verdade que há algumas mulheres, coitadas, que apoiam o movimento que as rebaixa, mais verdade ainda é que esse movimento é pensado, fundado e arraigado nas mentes de homens medievais, que nos enxergam desde sempre como sub-raça, criaturas apenas existentes para lhes servir como eles bem entendam.

Por isso recebemos menos, já que o nosso sustento deve sempre estar atrelado a um homem - primeiro o pai, depois o marido. Não podemos jamais ter um salário compatível com a necessidade de nos livrarmos do jugo masculino.

Por isso também devemos vestir burcas e vivermos enfurnadas nas nossas casas, já que qualquer homem tem o direito de nos assediar, nos abusar, nos estuprar. Há um conluio para culpar vítimas, ainda que muitas delas sejam estupradas justamente dentro de casa, nem tendo muitas vezes idade suficiente para escolher as próprias roupas.

Há quase uma década passamos a conviver com um movimento reacionário que quer a volta ao passado. Nos EUA, é Donald Trump, que, vendendo Bíblias, jura que quer fazer o país rezar de novo enquanto defende abertamente que mulheres sejam absolutamente impedidas de abortar, direito constitucionalmente garantido desde os anos 1970 e que já caiu em muitos estados americanos porque o agora condenado por comprar o silêncio de uma atriz sobre relação sexual que manteve com ela, além de muitas outras terríveis acusações, fez questão de mudar a composição de uma Corte que garantia o respeito aos direitos constitucionais das pessoas americanas. No Brasil, a personificação deste movimento abjeto, que agora tenta acabar com o aborto legal que aqui é garantido desde 1940, é Jair Bolsonaro, que já disse a uma deputada que não a estuprava porque ela era feia (ou seja, se fosse bonita, no conceito dele, estuprava) e que havia "pintado um clima" com uma menina de 15 anos numa viagem dele.

Quando a gente se livra de uma coisa, surge outra, e simplesmente não há paz. O ataque mais recente às mulheres, depois de muitos atentados de Conselhos de Medicina Brasil afora (como a tortura de fazer com que mulheres que vão abortar legamente tenham que ouvir os batimentos fetais e até ver a imagem do feto), é penalizar o aborto legal cometido por vítimas de estupro com pena maior do que a do estuprador. Vejam, eu disse aborto legal. Legal, permitido pela lei. Se é permitido, não há o que criminalizar. Mas querem criminalizar o que já nos é garantido. Não basta que outros se apoderem dos nossos corpos. Agora querem nos obrigar a conviver com o fruto da violência sob pena de prisão. Para as mulheres restam dois caminhos, além do dano emocional eterno: ser presa por 20 anos e não ser obrigada a conviver com o fruto do estupro sofrido, ou ser obrigada a olhar diariamente para o fruto da violência que lhe esmagou a alma para não ficar numa prisão por 20 anos. O estuprador, se for pego, já que o processo criminal é nova tortura para a vítima, fica só com a metade disso.

Há quase 20 anos, vi a luta de uma mãe, salvo engano no interior da Bahia, para que sua filha de 9-10 anos tivesse o aborto legal executado após sofrer inúmeros estupros dentro de casa e engravidar. Na época, fui obrigada a ouvir um padre (ora, ora, um homem) que mais parecia um demônio ameaçar a menina e a mãe de excomunhão se acabassem com a violência de uma criança gerar outra por ter sido estuprada. O estuprador nunca sofreu tamanha ameaça. Agora, tenho o desgosto de ver o Congresso Nacional, especialmente o Presidente da Câmara dos Deputados (ora, ora, um homem), querer dar nó em pingo d'água para aumentar a tortura a que as mulheres, inclusive crianças, são submetidas. Não basta o estupro, é preciso dilacerar a vítima até que nada mais sobre de sua essência.

Peço desculpas por ter enfatizado o termo "homem". Deveria ter trocado por "macho". Isto porque há homens que nos alcançam pela empatia. De todo jeito, a luta é nossa porque só nós sabemos nos nossos corpos o que tudo isso significa.  

O alerta é para as mulheres. Não há paz numa sociedade estruturalmente machista, e que rapidamente envereda para a misoginia. Não há paz com seitas religiosas que não nos reconhecem como iguais e somente exaltam figuras masculinas, seja na adoração, seja em sua hierarquia. Abram os olhos antes que seja tarde demais.

Se os homens, inclusive machos, não enxergam que não há paz quando um estado é dominado pelo fundamentalismo religioso porque imaginam que serão sempre cultuados e adorados, leiam ou assistam a "O Conto da Aia" (The Handmaid's Tale) de Margaret Atwood, escrito sob o medo do que pregava Ronald Reagan nos EUA e que tão bem se encaixa nos momentos que vivemos. O livro virou série disponível na Prime Video, na Globoplay, na Star+/Disney, e em vários streamings mundo afora.

Se a arte não convence, olhem para o Afeganistão do Talibã de Osama Bin Laden. As mulheres sofrem infinitamente mais, é verdade. Mas homens não passam incólumes. Até porque não cabem todos no topo do poder. 

Lugar de seita religiosa é na igreja e na sua casa. E só.

Manchetes do dia (14/6/24)

A manchete do bem: 
  • Janja defende direito ao aborto legal, diz que projeto é 'absurdo' e afirma que Congresso deve garantir acesso ao SUS
As outras:
  • Mulheres vítimas de violência serão priorizadas em cirurgias reparadoras feitas no SUS
  • Líderes do G7 se comprometem a acelerar transição de combustíveis fósseis, indica esboço
  • Inflação da festa junina é a menor em quatro anos, porém alimentos pressionam
Bom dia.

Fonte: Folha de S,Paulo

Today's headlines (6/14/24)

The headline for good:
  • Supreme Court maintains broad access to abortion pill
The others:
  • China is testing more driverless cars than any other country
  • Fake news still has a home on Facebook
  • How Big Tech is killing innovation
Good morning.

Source: The New York Times

quarta-feira, 12 de junho de 2024

Liderança 100% e classificação

Sobrando no estadual, ontem o América, além de manter a liderança com 100% de aproveitamento, cravou sua classificação antecipada para as quartas de final da competição, ao bater o Carnaubais na cidade de mesmo nome. Isso com duas rodadas de antecedência!

Na vitória fora de casa (a 4.ª em 4 jogos na competição), os gols foram marcados por Betinho-3, Rogério, Anderson Tangará e David.

Na sexta-feira, o Mecão entra em quadra pelo Brasileiro. O confronto é contra o Apodi e acontece no ginásio Nélio Dias.  

Segundo informação do assessor de imprensa do América Pedro Henrique, o ingresso pode ser adquirido por 4 pontos no app Nota Potiguar. 

Para quem vai pagar, a inteira custa R$ 45, mas com uma aposta da Timemania, essa entrada pode ser adquirida por R$ 22,50 (meia entrada). 

E quem é Sócia ou Sócio Mecão, a entrada custa apenas R$ 10.


(Imagens: João Gabriel, América FC)


Manchetes do dia (12/6/24)

A manchete do bem: 
  • Brasil celebra 30 anos de vitória surpreendente do 'pato feio' no Mundial de Basquete 
As outras: 
  • Obrigação de ver feto antes de aborto legal em Maceió é derrubada
  • Obstáculos desde início da carreira fazem menos mulheres chegarem a cargos de liderança 
  • Médico chinês opera, da Itália, paciente em Pequim com uso de robô e conexão 5G
Bom dia.

Fonte: Folha de S.Paulo

Today's headlines (6/12/24)

The headline for good: 
  • Black Disney princess ride replaces Splash Mountain and its racist history 
The others: 
  • Judge strikes down Florida's ban on transgender care for minors
  • Abortion groups say tech companies suppress posts and accounts
  • Debby Lee Cohen, who helped prune plastic from schools, dies at 64
Good morning.

Source: The New York Times 

terça-feira, 11 de junho de 2024

Manchetes do dia (11/6/24)

A manchete do bem: 
  • Livro de Bernie Sanders critica Donald Trump e desigualdade crescente nos EUA 
As outras: 
  • Salário menor na advocacia é mais frequente entre mulheres e negros, mostra perfil da OAB
  • Mulher se joga do quinto andar para escapar de agressão em Salvador-BA
  • Brasil espera recuperar certificado de eliminação do sarampo no segundo semestre 
Bom dia.

Fonte: Folha de S.Paulo

Today's headlines (6/11/24)

The headline for good: 
  • She's fighting to save America's 'last best place' from suicide
The others: 
  • Dog runs 4 miles to get help after owner truck in a ravine
  • Every elephant has its own name, study suggests 
  • Chemical makers sue over rule to rid water of 'forever chemicals'
Good morning.

Source: The New York Times 

segunda-feira, 10 de junho de 2024

Boa estória, péssima edição

Fui levada pelo burburinho a assistir Justiça 2, da Globoplay. Infelizmente, confirmei a minha velha ideia de que é melhor não confiar no que a maioria das pessoas anda acompanhando.


Para início de conversa, a série traz 4 boas (e pesadas) estórias com atrizes e atores que dão conta do recado em todas elas. Onde está o problema, então? Na edição, que é péssima.

Justiça 2 é a velha novela da Globo, focada só em 4 personagens e com apenas 28 episódios. Só que, com medo de ser chamada novela, resolveu investir numa edição maluca, enfadonha, que conta as estórias separadas por episódio (cada personagem, um episódio) mesmo dentro da mesma série.

Os cliff hangers, que são tão importantes para engajar a audiência, que mal pode esperar o capítulo seguinte para saber o que acontece, são absolutamente desperdiçados porque aquele pedaço da estória só terá continuidade dali a 4 episódios. É um tédio que dá raiva ao mesmo tempo.

Não bastasse isso, há problemas de continuidade. A ideia seria mostrar a mesma cena por outras perspectivas, mas a série é cafajeste mesmo e simplesmente apresenta um pedaço de cena deslocado para mais à frente inventarem uma outra sequência que nada tem a ver com a mostrada anteriormente. Ou seja, a edição não é feita para dar mais detalhes na sequência seguinte, e sim para descaradamente enganar a audiência. 

Se alguém se propusesse a organizar a edição de Justiça 2, cortando as mentiras e os excessos da edição original e deixando todas as estórias em todos os episódios, como a novela que ela nasceu para ser, a série certamente estaria no caminho de ser uma das melhores de todos os tempos. Com a edição atual, ela vira uma aporrinhação da qual a gente quer se livrar logo.

Eu tenho enorme raiva de quando alguém tem em mãos uma potencial obra prima com gente talentosa e simplesmente joga no lixo. Isso é o que ocorre com Justiça 2. 

Deus me livre de assistir à primeira ou a qualquer uma que venha depois!