domingo, 29 de agosto de 2021

Cuidado com o que deseja



Longe, bem longe de ser uma comédia romântica, ou mesmo uma comédia, Duas Por Uma, disponível na Netflix, fica mais adequado como um drama com algumas (pouquíssimas) pitadas de suspense e de comédia, uma espécie de releitura do clássico O Príncipe e o Mendigo.

Drew Barrimore interpreta Candy Black, uma atriz afundada na depressão e no alcoolismo pela total insatisfação com sua vida e com sua carreira e também a atriz sem fama e sem dinheiro que funciona como uma dublê dela. Um incidente num set de filmagem praticamente encerra a carreira da primeira e, por tabela, a da segunda.

Prestes a conhecer o homem com que se relaciona à distância e que não sabe de sua versão famosa, Candy decide contratar sua substituta para se internar na clínica de reabilitação em seu lugar para que seu namoro não seja prejudicado. A substituta aceita com a condição dela voltar a trabalhar nos filmes, reavivando a carreira das duas.

A partir daí, a estória tem um desenrolar com algumas poucas surpresas no caminho, servindo o título deste texto como melhor mote para o que acontece com ambas as personagens.

Não é um filme magnífico. Longe disso. Vale muito mais pelo esforço de Drew Barrimore de interpretar papeis diferentes nas mesmas cenas. Vale também como passatempo com algumas boas sacadas. E só Jesus sabe quem foi que cismou de que isso seria uma comédia romântica...


Podcast: Melhores filmes de todos os tempos

Os 10 melhores filmes de todos os tempos.







Podcast: O de sempre

A mesmice impera.







Manchetes do dia (29/8)

A manchete do bem: 
  • 'Passaporte da vacina' será obrigatório em eventos com mais de 500 em SP
As outras: 
  • Empresas se comprometem com descarbonização por conta própria
  • Balneário Camboriú triplica faixa de areia engolida por construções à beira-mar
  • Covid-19 fez pessoas reconhecerem problema global pela primeira vez, diz Jared Diamond
Bom dia.

Fonte: Folha de S.Paulo

Today's headlines (8/29)

The headline for good: 
  • A digital Dunkirk: Veterans online scramble to get people out of Afghanistan
The others: 
  • Hurricane Ida could be a storm of historical proportions, Louisiana's governor says.
  • 40 million people rely on the Colorado river. It's drying up fast.
  • When police lie, the innocent pay. Some are fighting back.
Good morning.

Source: The New York Times

sábado, 28 de agosto de 2021

Por que será?

Acho que meu prazo de validade como torcedora que se mete a comentar futebol, especialmente no que se refere ao América, está se esgotando. Não sei se são os muitos anos acompanhando os mesmos vícios de sempre, ou se a idade tem um peso maior na falta de paciência, mas o fato é que tem sido agoniante ver o samba de uma nota só que envolve o futebol do América nas últimas temporadas.

2021 tem sido de arrebentar a boca do balão. 4 técnicos já passaram por aqui. Paulinho Kobayashi, encerrando a temporada infindável de 2020, Evaristo Piza, vindo do Botafogo-PB, Daniel Neri, vindo do Sampaio Corrêa, Renatinho Potiguar, vindo do Santa Cruz-RN. Nem lembro se Leandro Sena, da casa, atuou em alguma partida. 

Em todos os nomes, as mesmas reclamações. Time não evolui, os outros times, que são muito inferiores tecnicamente, dão nó tático, jogadores não saem/entram no tempo adequado. Se puxarmos a memória, essa reclamação vai chegar a qualquer um dos nomes anteriores aos deste ano por pelo menos 5 anos, para não ser injusta com os demais por esquecimento.

Todos também chegaram com pompa e circunstância. Aplausos muitos para os primeiros resultados. "Não disse que era o treinador o problema?" Até que o encanto passa. Começa com uma reclamaçãozinha aqui sobre um jogador mal escalado, outra ali sobre um jogador que não deveria estar no banco e, de repente, ninguém mais sabe como o incompetente e burro que responde pelo time chegou ali se não sabe montar, escalar e nem mexer na equipe.

Outra coisa curiosa é que todos esses nomes eram objeto de desejo quando técnicos de outras equipes. Grandes nomes, todos com grandes trabalhos dentro de campo que cairiam como uma luva no Orgulho do RN, segundo imprensa, dirigentes e torcida. 

A mágica acontece quando os desejados recebem o cargo no América. Se o América acertou com X, perdeu a chance de ter Y, que arrebentou no ABC, no Globo, no Botafogo, no Sampaio ou até onde Judas perdeu as botas.

A escolha, então, vira piada de mau gosto, com ninguém entendendo como o clube foi em busca de um técnico tão despreparado como aquele, um verdadeiro entregador de camisas.

Melhor ainda é ninguém conseguir enxergar como os adversários podem jogar mais do que o América. Há uma soberba generalizada dentre dirigentes, imprensa e torcida. Ninguém enxerga o tempo de trabalho dos outros técnicos e até de seus elencos. Ninguém enxerga que o América vive de trocar técnicos a cada 5-6 rodadas, uma roda viva, diga-se de passagem, aplaudida e muito incentivada por sua torcida, que atua como aquela pessoa drogada/alcoolista que anseia pela próxima dose, que anima, mas é devastadora e apenas precipita sua derrocada.

E assim o América começou a atual competição com um técnico que durou 3 rodadas e a torcida já pede a cabeça do treinador que ousa durar 10 partidas, mesmo que ele tenha apenas 1 derrota. E aqui faço questão de deixar claro que nunca achei Renatinho Potiguar o nome adequado para a situação, ao contrário de dirigentes, imprensa e torcida em geral, o que me deixa ainda mais à vontade para este texto.

Os outros clubes seguem com seus técnicos. Sou capaz de apostar que Juazeirense, Imperatriz, Jacuipense e Floresta tinham técnicos com mais tempo de casa do que os do América em cada época. Nem precisa ter tanto tempo assim, já que a batata esquenta por aqui com 5-6 rodadas. 

No caso do jogo de hoje, também acredito que Ranielle Ribeiro tem mais tempo à frente do Campinense do que Renatinho tem à frente do América. Melhor esquecer isso e pensar que o América não evolui e que os outros também não têm esse direito.

Vejam que estou puxando apenas o fio do trabalho técnico. Se for falar de contratações (estilo colcha de retalhos ou não) ou da verdadeira panela em que muitos mexem que é o América fora de campo (com reflexos inclusive na atuação dos atletas), aí é capaz de não ter mais nem paciência para terminar este texto.

Eu não consigo compreender que não se enxergue uma realidade tão na cara como a que produz o declínio sofrido do Orgulho do RN e se jogue tudo na conta de um técnico que nunca monta uma equipe e, quando participa de alguma forma da montagem do elenco, é descartado no meio de uma competição, até se ela for um torneio fajuto como o estadual. Ainda assim, há quem jure que a prioridade seja o acesso. 

Na verdade, eu nem sei se quero entender a motivação para tanto. Corro o risco de enlouquecer de vez. Não vale a pena.

O poder do sócio oculto


Até onde uma pessoa está disposta a ir para ser aceita? Essa me parece uma melhor premissa para o filme O Sócio, com a comediante que tem a cara dos anos 1990 Whoopi Goldberg.

Whoopi é Laurel, uma especialista de investimentos afiadíssima, mas que é passada para trás na hora de ser promovida numa empresa de Wall Street e decide partir para montar sua própria empresa.

O problema é que os investidores de Wall Street não andam muito interessados em fazer negócio com uma empresa dirigida exclusivamente por uma mulher, o que termina levando Laurel, uma mulher negra, a inventar um sócio homem branco para levar o crédito de todas as suas análises, e assim ela conseguir sobreviver no mercado.

Claro que a confusão aumenta a cada novo passo que Laurel tem que dar como Robert Cutty. Saber que o filme é de 1996 também traz um grande alento quanto ao roteiro porque é possível se surpreender quanto aos caminhos traçados até o fim da estória, algo que anda em falta nos filmes atuais de comédia.

Não é para morrer de rir, mas além de ser uma estória bem interessante, algumas cenas arrancam risadas. 

Com 1h53, O Sócio traz ainda Dianne Wiest (a curatelada do filme Eu Me Importo) e Tim Daly (que esteve na série The Sopranos) e está disponível na Netflix.

Manchetes do dia (28/8)

A manchete do bem: 
  • Futuro da frota é híbrido elétrico com etanol, diz presidente da Volks
As outras: 
  • China lança maior mercado de carbono do mundo, e Brasil fica para trás
  • Afegãos nos EUA se unem para ajudar refugiados e facilitar adoção de crianças
  • BC anuncia limite de transferências no Pix a R$ 1.000 à noite para evitar roubos
Bom dia.

Fonte: Folha de S.Paulo

Today's headlines (8/28)

The headline for good: 
  • Calls grow to discipline doctors spreading virus misinformation
The others: 
  • At a children's hospital, a wave of young patients struggling to breathe
  • Texas anti-mask organizer clings to life in a battle with Covid-19.
  • Supreme Court's decision opens doors to millions of evictions
Good morning.

Source: The New York Times

sexta-feira, 27 de agosto de 2021

Queria

Criei uma pausa no congresso sobre processo civil, já que agora o assunto soa para mim como "técnica para fazer florzinha na petição inicial". Não gosto de firula. Ou o direito é bom e bem explicado, ou não tem firula que dê jeito. É quase como um ditado de quando surgiu o filme 3D em Hollywood: " If you can't make it good, make it 3D" (algo como se não dá para fazer um filme bom, faça em 3D).

Aproveito essa pausa para falar de coisas materiais que ultimamente caíram na categoria "queria" da minha vida. A primeira delas é uma bicicleta. Andei muito quando criança. A única que tive que era minha mesmo tinha rodinhas. Depois passei para uma que pertenceu à minha irmã, 8 anos mais velha. Depois nem sei mais o que houve com a Monark dobrável. 

Aí o tempo passou e eu passei a ter medo de andar de bicicleta, talvez por ter virado motorista de carro. Também tem o fato de que nunca fui muito chegada a bicicletas estilo mountain bike, com suas 1.500 marchas, ou com aquele quadro altíssimo, desafiador para alguém de pouca altura como eu. Até comprei uma há alguns anos, mas mal dei 5 voltas com ela. Terminei trocando com um entregador de material de construção que veio aqui por alguns sacos de cimento.

Só que o estilo retrô agora é moda e lá apareceram online para mim gracinhas com cestinha e bagageiro. Queria. Assim mesmo, no futuro do pretérito, porque elas só existem com aro 26, não indicado para (os joelhos de) uma pessoa adulta.

Outra coisa da categoria é um carro elétrico. Com a gasolina beirando os R$ 7, ter um carro que pode ser carregado na tomada, além do alívio para o meio ambiente e para nossos pulmões, é um tremendo alento para o bolso. Até para os ouvidos, porque só se escuta o rolar dos pneus no asfalto, a ponto de um veículo desses parar e a pessoa que o dirige sem costume achar que o motor "estancou".

Mas o custo de uma belezinha dessa anda na casa dos R$ 200 mil. Para quem já acha que as fabricantes de veículos com motor a combustão enlouqueceram com valores abaixo disso, mas também na média dos R$ 100 mil, imaginar um carro pelo dobro desse valor e sem muito requifife é a certeza da perda de juízo, ainda mais na crise atual.

Também queria outras experiências, como voltar ao cinema, ir à feira de livros, ver uma peça de teatro, mas nem a pandemia, nem minha imunidade incompleta da vacinação me permitem. Então a lista de desejos no futuro do pretérito vai aumentando e vou aprendendo a lidar com ela. Assim espero.