terça-feira, 14 de julho de 2020

Mais um

Ontem César Barbosa me trouxe a informação de que ele publicou mais um livro, As Tribos dos Cultivadores: prenúncios de uma nova era, que está disponível na Amazon.


É sempre bom saber que mais um livro veio ao mundo e melhor ainda é saber que isso se deu pelas mãos de um autor do RN.

Segue a sinopse.

"Um jovem lendário que nasceu na terra do Fogo e se criou na terra do Gelo, portador do sangue antigo de Fogélia, mestre de uma espada sagrada e mestre de um lobo branco. Predestinado a criar uma nova era no mundo das tribos dos cultivadores de energia. Conheça a história de Ike, a criança que nasceu sem energia de cultivo e pela tradição da terra do Fogo, ela teve que ser entregue aos lobos para ser morta. Mas a criança foi salva por um mestre astrólogo e o seu aprendiz."

Sucesso é o que desejo! 

A nova dentadura

Não faz muito tempo as eleições eram um espetáculo deprimente de distribuição de dentaduras, colchões, óculos, sacos de cimento e o que mais pudesse servir de mimo para o(a) eleitor(a) com o intuito de lhe deixar grato(a) pelo resto da vida, ainda que esse resto da vida fosse só até o fim da eleição corrente.

A Constituição e toda a legislação mudaram o rumo das coisas, tendo sido dado ao Ministério Público um papel de verdadeiro fiscal da lei, o que vem impedindo esse festival, ou pelo menos impedindo que ele seja feito de forma escancarada.

Só que 2020 é ano de eleições municipais e especialmente prefeitos Brasil afora encontraram uma oportunidade única de trazer a política da dentadura de volta, agora com uma nova roupagem: a distribuição de medicamentos na pandemia, agora com a chancela de medida oficial.

Fossem os medicamentos referendados cientificamente, eu nem estaria escrevendo este texto, vez que a ação estaria alinhada com a luta para enfrentar a Covid-19. 

Infelizmente não é esse o caso. A distribuição voltou-se para três medicamentos, inicialmente azitromicina (que é um antibiótico e, como tal, combate bactérias, não vírus ou coronavírus, como é o caso do Sars-Cov-2, causador da Covid-19) e cloroquina/hidroxicloroquina (usada em doenças autoimunes com muito cuidado por ter efeitos colaterais perigosos e mais frequentes e que estudos já provaram não ser eficiente para combate/prevenção em relação à Covid-19). Agora, as baterias se voltam para a ivermectina, um vermífugo, em essência.

A desculpa é de que teria funcionado in vitro. Muita coisa funciona in vitro. Água sanitária deve funcionar in vitro. Álcool em gel também. Água e sabão, idem. Funcionar in vitro significa colocar uma substância diretamente no vírus para combatê-lo. O vírus, portanto, está fora do corpo humano e, nessa situação, acho que até uma chinelada bem dada deve funcionar. 

Dentro do corpo humano a coisa muda de figura. Como fazer a dosagem correta para combater o vírus? Como fazer essa dosagem chegar intacta até o vírus após passar ou pelo sistema digestório, ou por absorção pelo músculo, ou por introdução venosa? Como fazer essa dosagem seguir intacta após metabolização no fígado? Cientistas já afirmaram que a dosagem necessária de ivermectina para a tão propalada prevenção utilizando como parâmetro o que funcionou in vitro seria tão gigante que atacaria sem piedade o fígado, o que levaria a pessoa à morte. Não à toa, a ivermectina nem chegou a evoluir para estudos no combate ao Sars-Cov-2. Parou por aí mesmo.

Mas o ser humano não aceita não ter solução. Basta ver o quanto as farmacêuticas lucram todo ano com remédios para gripe, outra causada por vírus, quando na verdade eles não combatem a gripe em si, apenas seus sintomas (dor de cabeça, nariz entupido, febre). Aliás, há mais de 100 anos tivemos o surgimento da gripe numa pandemia muito semelhante à atual. Nunca houve remédio para prevenção/combate ao vírus. Até a vacina tem que ser renovada anualmente.

E por que insistir na distribuição de um remédio que não vai surtir efeito? Elementar, meu caro Watson. As estatísticas mostram que 80% dos que são acometidos da Covid-19 terão sintomas leves ou levíssimos e vão se recuperar sem qualquer necessidade de atendimento médico. Isso para não falar nos assintomáticos. Dos outros 20%, que vão desenvolver os sintomas mais graves e precisarão de atendimento/internação hospitalar, em torno de 5% vão evoluir para o óbito.

Ora, nessa conta, temos 80% de retorno de satisfação com a ivermectina, que são as pessoas que já não evoluiriam mesmo para a forma mais grave e tomaram um lindo placebo. Na hora do desespero, quantos não serão "eternamente gratos" (pelo menos até o fim da eleição de novembro) pela medicação distribuída nas prefeituras? 

Ninguém nem se preocupa com o uso indiscriminado de uma medicação para combater vermes e piolhos e o possível desenvolvimento de uma geração mais resistente dessas pragas num futuro próximo, algo que já vivemos com as bactérias pelo uso indiscriminado de antibióticos. 

É triste acompanhar o sofrimento humano sendo explorado dessa forma, trazendo à tona um velho vício de quando política e demagogia dormiam e acordavam juntas e as verbas públicas seguiam descaradamente para financiar a campanha dos candidatos oficiais. Uma pena que a pandemia sirva de justificativa para essa volta ao passado das campanhas eleitorais.

Teremos muitas contas a acertar quando isso tudo passar, mas nossa vergonha... essa estará para sempre registrada na História. 

105 anos de muito orgulho

Hoje o clube que recebeu espontaneamente do povo norte-rio-grandense a alcunha de Orgulho do RN chega aos 105 anos.

Infelizmente, como lá no início de sua história, o clube, a cidade, o estado, o país e o mundo enfrentam uma pandemia, desta feita, da denominada Covid-19. 

Muitas vidas perdidas, inclusive dentro da torcida americana, fizeram com que o clube cancelasse os festejos tradicionais. Apenas uma missa em ação de graças será celebrada às 9h, para marcar a data, com transmissão da TV Mecão.

Ainda assim a torcida se organizou para fazer uma espécie de saudação ao clube, como tanto vimos e ouvimos falar nas redes sociais nos últimos dias.

Primeiro, hoje é dia de vermelho. Boné, camisa, bandeira, seja em casa, seja no carro, tudo para marcar essa data tão especial na história do futebol brasileiro.

Depois, às 20h, segundo essa mesma movimentação nas redes sociais, cada americano(a) em qualquer lugar do mundo vai prestar sua homenagem ao clube, seja tocando o hino, seja aplaudindo, apitando, buzinando, fazendo panelaço, ou até ficando em silêncio ao expor sua camisa/bandeira... O que vale é a intenção de mostrar ao mundo o tamanho do orgulho de ser América. A promessa é de postar logo em seguida nas redes sociais essas saudações com #Mecão105Anos.

Os mais ansiosos prometem até buzinaços ao meio-dia. 

Neste 14 de julho diferente, vamos rezar pelo que representa o América dentro e fora de campo nestes 105 anos, mas também pelos que se foram, pelos que ficaram na dor da saudade, pelos que ainda lutam por sua saúde e também por todas aquelas pessoas que se recuperaram nesta pandemia.

Hoje é sim dia de orgulho. E também de empatia e solidariedade.

Parabéns a todas e todos que fazem o América Futebol Clube! 


Curtinhas do RN (14/7)

Em aproximadamente 120 dias de pandemia, o governo estadual promoveu a abertura de 250 leitos de UTI Covid. Isso representa 76,8% de toda a estrutura estadual anterior à pandemia.

O selo busca fortalecer a confiança dos viajantes, apresentando empresas e serviços empenhados em resguardar a saúde e a segurança de turistas e moradores.

A Solução Online de Licitação (SOL) foi criada pelo Governo do RN em parceria com o Governo da Bahia para realizar licitações das entidades de agricultura familiar vinculadas ao projeto Governo Cidadão.

Direito foi garantido por decreto estadual publicado no domingo, 12.

Momento exige cautela para conter a contaminação e permitir retomada gradual das atividades econômicas.

O salário integral amanhece na conta aos servidores ativos, inativos e pensionistas que recebem até R$ 4 mil (valor bruto) e ainda 30% para quem recebe acima desse valor. A categoria da Segurança Pública também recebe o valor integral._

O índice de Transparência Covid-19 é uma iniciativa da ONG Open Knowledge Brasil para avaliar a qualidade dos dados e informações relativos à pandemia do novo coronavírus.

Os equipamentos serão usados para melhorar o acondicionamento dos hortifrútis e ampliar as atividades do programa como a distribuição de sucos naturais.

O primeiro encontro, no dia 15, terá como tema "ECA 30 anos – avanços e desafios na contemporaneidade", a partir das 10h. A programação segue até o dia 31 de julho, nos dias 15, 22 e 29.

No segmento comercial, a distribuição foi ampliada para estabelecimentos nos ramos de restaurantes, padarias, sanduicherias, pizzarias, lanchonetes, cafeterias e supermercados.

Disque Prevenção ao Coronavírus - 0800 281 4012 | das 7h às 23h 
Informações e esclarecimentos
Acolhimento Psicológico
Doações RN+Unido.

Fonte: Governo do RN

Manchetes do dia (14/7)

A manchete do bem: Milionários pedem que governos tributem ricos para pagar conta do coronavírus.

As outras: Nova gasolina se torna obrigatória em agosto e deve ser mais cara, Naya Rivera tirou filho da água, mas não teve força para se salvar, diz polícia e Itaú esgota crédito a empresários em 29 minutos e calcula quantos ficaram de fora.

Bom dia.

Fonte: Folha de S.Paulo

Today's headlines (7/14)

The headline for good: Redskins to drop name, yielding to pressure from sponsors and activists.

The others: 'Brave New World' arrives in the future it predicted, Los Angeles and San Diego schools to go online-only in the fall, and Hong Kong voters defy Beijing, endorsing protest leaders in primary.

Good morning.

Source: NY Times

segunda-feira, 13 de julho de 2020

Todo domingo

Agora o texto é de Marcelo Alves Dias de Souza e sai direito da página 3 do caderno TN Família desse domingo para apreciação coletiva. Segue a minha mais alta recomendação para que vire leitura dominical de todos, seja na edição física, seja na edição digital da Tribuna do Norte.

Amados e maltratados

Kenneth Clark (1903-1983) escreveu um livro intitulado 'Animals and Men: their relationship as reflected in Western art from prehistory to the present day' (Thames and Hundson, 1977). Segundo o autor, o fez a pedido da World Wildlife Fund - WWF. Bendito pedido. O livro, com mais de duzentas imagens de arte variada, muitas delas coloridas, é belíssimo. Forma e conteúdo. O meu exemplar, já usado, comprei em um dos sebos da Oxford Comittee for Famine Relief - Oxfam. Bendito o que semeia livros, arte, ecologia e caridade.

Para além da análise da arte apresentada, uma das principais sacadas de 'Animals and Men' é a afirmação, em forma de polida denúncia, de que "nós [a humanidade, frise-se] amamos os animais, nós observamos eles com deleite, nós estudamos os seus hábitos com uma curiosidade crescente; e nós os destruímos".

De um ponto de vista histórico, Kenneth Clark primeiramente nos recorda que os homens vêm sacrificando animais aos deuses por milênios, quase como se fosse um dos nossos mais antigos instintos. Isso vem desaparecendo, é verdade, com algumas exceções, inclusive entre nós, infelizmente permitadas pela nossa Suprema Corte (no RE 494601/RS). Esse tipo de oferenda não passa de uma alucinação de grupo. Em nada ajuda na nossa relação com o Criador. E espero que, logo, qualquer um que realize esse tipo de sacrifício seja considerado menos como um louco e mais como um criminoso.

E os homens também maltratam animais em jogos e festividades. As clássicas arenas romanas, com os seus jogos para deleite dos instintos cruéis dos espectadores, são exemplos acabados desse tipo de maus-tratos. Nos dias atuais, é a tourada espanhola o caso mais badalado. Eu já assisti a tal espetáculo. Ele é covarde - pelo que fazem com o animal antes de o "matador" entrar em cena - e cruel. Bom, temos a nossa vaquejada. Mais uma estupidez.

A caça por esporte, legalizada ou não, ainda existe. Segundo Kenneth Clark, ela "parece satisfazer um instinto humano arraigado e tem persistido de alguma maneira até os dias atuais. Ela começou com uma necessidade; o homem primitivo caçava por comida. Mas quando, a partir do pastoreio e da criação, o apetite humano pôde ser satisfeito de maneira mais estável, a caça tornou-se o que ela é desde então, uma exibição ritualizada de excesso de energia e coragem. Ela tem sido intimamente identificada com status social". Sofisticadamente bárbaro.

Há quem destrua a fauna e a criação por pura ganância. Direta ou indiretamente. Poluição das águas. Um continente de plástico nos oceanos. Desmatamento e queimadas que matam aos milhões. Cativeiro e contrabando de espécies variadas, muitas ameaçadas de extinção. Criação e abate de animais em terríveis condições. Criação e produção de animais domésticos, ditos de raça, em sofrimento, visando apenas ao lucro. E uma imensa população de cães e gatos, desassistida, vagando pelas grandes e pequenas cidades. A lista aqui é infinita.

E há, claro, quem maltrate um animal por pura maldade. Para mim, por estes dias, isso ficou muito claro ao ler a notícia - chocante, para dizer o mínimo - de um cão, em Minas Gerais, que teve as duas patas traseiras decepadas a machadadas. Brutal. Hediondo. Sem perdão.

Bom, se devo reconhecer que os sentimentos humanos em relação aos animais parecem contraditórios (medo, ganância, crueldade e indiferença do lado negativo), eu prefiro olhar para eles com respeito, admiração, deleite e amor. À moda de um Leonardo da Vinci (1452-1519) que, segundo o seu biógrafo Giorgio Vasari (1511-1574), "admirava todos os animais, os quais tratava com grande amor e paciência, e isso ele mostrou com frequência, quando, passando por lugares onde passarinhos eram vendidos, tirava-os das gaiolas e, tendo pago aos vendedores o preço pedido, deixava-os voar pelo ar, dando-lhes de volta a liberdade perdida". Dizem às vezes que eu perco meu tempo cuidando de bichos. Podem me chamar de sentimental. Renascentista ou contemporâneo. Eu não me importo.

Direto da Cena Urbana

Segue o prazeroso texto de Vicente Serejo, abrindo sua coluna Cena Urbana de ontem (página 3 do primeiro caderno da Tribuna do Norte), como verdadeira recomendação de sua leitura diária na Tribuna do Norte, seja na edição física, seja na edição digital. 

Diário da Quarentena - LXXIX

O enigmático leitor JLM, no mais das vezes, é certeiro e instigante, mas desta vez foi injusto com o cronista. Injusto, aliás, não seria o mais adequado. As ideias, quando livres e livremente expostas, e sem má fé, não são justas ou injustas. Opinam. Nunca disse que o jet é inútil. Primeiro, por um princípio: tudo se presta a alguma coisa. Depois, a humildade manda reconhecer que o glamour social é um rico laboratório para se observar a arte da dissimulação.

Nesse sentido, é real que o jet, filho decaído das velhas nobrezas erguidas sob o palor e o calor das riquezas, tenha um mérito na economia das trocas simbólicas: o de descobrir que é inconveniente ser verdadeiro em tudo. Cansa, quando não deforma-se em um tipo insuportável e não recomendável na vida em sociedade. A principal qualidade dos cavalheiros e damas nos torneios sociais é a simpatia. E ninguém consegue ser bem simpático sendo muito verdadeiro.

A genialidade de Eça de Queiroz não está no gesto de apontar toda a beleza da nudez, mas de recomendá-la ser vista através de um manto diáfano feito de fantasia. Se a realidade do autor de 'A Cidade e as Serras' tivesse sido a nudez absoluta, nua e crua, provavelmente teria passado sem realce para os olhos humanos. Ele é genialmente ambíguo quando veste a nudez sem roubar a transparência, e diz: 'Sobre a nudez forte da verdade o manto diáfano da fantasia'.

Claro que o jet, tal como o temos, não chega ao nível eciano da abstração. Seria exigir muito, se não tem raízes na velha e autêntica fidalguia, mas no chão semovente e prepotente da abastança, natural ou adquirida, por dote, herança de sangue, cama e mesa. Nem assim pode ser visto como um herdeiro bastardo. Geralmente são habilidosos e embranquecem o espírito no perfume translúcido da literatice. Não é literatura, mas o perfeito simulacro de um falso brilho.

É da sua natureza saber financiar a própria glória, afinal não inventou o mercado persa que tudo vende a quem deseja comprar. São exímios malabaristas do silêncio e nele escondem o que não seriam capazes de mostrar, jejunos intelectuais que sabem ser. E nada é mais fiel à tintura do falso do que o silêncio que parece enobrecê-los como se fosse reflexão. E o jet nesse sentido é perfeito, embora nada revele como grande saber, justo por ser incapaz de perscrutar.

Por tudo e por mais que o corrido espaço de uma crônica não deixa discutir, não diria, pois, que o jet é inútil. Há quem tenha inveja da desenvoltura com que transitam e traficam a dissimulação. Há deles tão adestrados que até parecem os velhos e fidalgos espadachins dos clássicos romances de capa e espada. As damas? Ah, as damas! São impagáveis. Espetam aqueles que sabem que estão vendo tudo, mas simulam não perceber. São todas maravilhosas.

Leitura obrigatória

Uma profissão a menos em tempos de pandemia, por incrível que pareça, não significa menos trabalho. Tanto isso é verdade que estou em certa falta com a leitura das maravilhosas colunas da Tribuna do Norte. 

Nesse domingo, consegui passar os olhos nelas e o prazer é imediato, garantido mesmo. Trago duas aqui para o blog para que a sensação seja melhor capturada. Os textos de Vicente Serejo, na abertura de sua Cena Urbana (página 3 do primeiro carderno), e de Marcelo Alves (página 2 , batendo ponto na edição de domingo, vieram naquele estilo "arrependimento eterno de quem não os lê". E eu, claro, jamais me furtaria a compartilhá-los por aqui, o que faço em ordem nas postagens seguintes. Boa leitura!

Manchetes do dia (13/7)

A manchete do bem: Curva da Covid-19 sugere imunidade maior e segunda onda menos provável.

As outras: Corrida por vacina já tem 21 na fase de testes em humanos, África não controlou pandemia com ivermectina Policial pisa no pescoço e arrasta mulher negra na zona sul de SP. 

Bom dia.

Fonte: Folha de S.Paulo