Há jogos e jogos, clássicos e clássicos, mas o que se viu por parte do América na derrota de 2x1 para o ABC foi absolutamente lamentável.
Não quero falar de sistema tático porque não há linha de defesa que se sustente com jogadores que insistiam em entregar a bola ao adversário, em sair como kamikazes e em simplesmente não combater o oponente.
Junte-se a isso um time que pouco acertou naqueles passes finais, no último terço do campo. Pronto, está feita a receita para uma apresentação bizonha.
Nem o empate, conseguido na ótima fase de Tiago Orobó, artilheiro, era merecido. O América deu alguma pinta de querer jogo no fim do 1.° tempo e só.
Os erros dos jogadores que formaram a linha crucial da defesa persistiram em quase 100% do jogo e não demorou para que o ABC conseguisse definir o placar. O desempate só não foi mais rápido do que o gol inicial alvinegro, ainda antes do 2.° minuto de jogo.
É bem verdade que a arbitragem foi muito confusa e deixou de dar um claríssimo pênalti em Felipe Pará, mas se o América houvesse empatado novamente, o 3.° gol do ABC provavelmente aconteceria logo na saída de bola ante o nada que os jogadores mostraram para defender.
A demissão de Waguinho Dias era mais certa do que a chegada do dia depois da noite. Mas é preciso deixar claro que o que se viu em campo não foi fruto de esquema tático, por mais infeliz que esse possa ser. Quem tinha olhos para ver viu.
Se por um motivo ou outro Waguinho era empecilho para o América, não é mais. Mas levará um tempo para que os jogadores que compuseram a defesa nesta noite, com a honrosa exceção de Ewerton, apaguem a péssima impressão que deixaram em quem viu o jogo.
Especificamente sobre a demissão de Waguinho Dias, não é de hoje que o América sofre de falta de convicção. A favor de Leonardo Bezerra está a clareza que sempre teve ao falar da prioridade que as competições do primeiro semestre teriam para a manutenção da comissão técnica. Ou seja, Waguinho sempre soube do peso disso para sua permanência. Durou 9 rodadas, um recorde em se tratando de início de temporada no América, cujo limite costuma ser de 5-6 jogos oficiais. E a apatia do time no 2.° clássico não poderia passar impune. Com o erro nas substituições, como a saída de Daniel Costa com a manutenção de um desorientado Dione e depois a saída de Dione justamente quando este melhorou no jogo, parecia até que nem Waguinho queria se ajudar.
Houvesse autocrítica para jogadores de futebol, eles teriam vergonha da atuação individual de cada um - uns bem mais do que outros - dos que formaram a defesa do América hoje e trabalhariam para nunca mais repetir algo tão grotesco.