O título é forte e por isso eu peço desculpa. Peço desculpa aos cabarés também porque não deixa de ser um insulto comparar o que acontece no RN aos organizados prostíbulos. Mas é a expressão maior do sentimento que me acomete com tudo que vem ocorrendo por aqui.
Não vou mais falar sobre Alcaçuz e o estado de sítio a que a população de Natal foi submetida. Sobre isso, já esgotei o tempo do Podcast de sexta Sem fim.
Vou falar especificamente do futebol do RN. Primeiro, o Nogueirão. Todo ano tem problemas. Neste, conselheiros de Baraúnas e Potiguar teriam se juntado para resolver as questões de segurança. O Corpo de Bombeiros não liberou o estádio após as reformas. Faltavam algumas coisas. Caíram de pau na instituição. Alegam que uma das coisas exigidas, corrimões no meio da arquibancada, faltam em todos os outros estádios, com exceção da Arena das Dunas. É verdade. Acontece que algumas exigências técnicas dependem da época por que o estádio passou por reformas. O Nogueirão é o mais recente a ser reformado. Obviamente isso passará pelo crivo mais recente em termos de legislação.
Mas é mais fácil criticar quem faz o certo (lembram da cultura de impunidade abordada no citado Podcast?). Se um acidente vitimar alguém no Nogueirão, as mesmas pessoas que agora descem o pau no Corpo de Bombeiros por ser exigente demais vão detonar a instituição por ter liberado o estádio sem que as exigências legais fossem cumpridas.
Tem mais: houve mandado de segurança contra o abuso de poder do Corpo de Bombeiros. Parece até que quem elaborou o pedido não conhece o funcionamento do Poder Judiciário ou não teve força para convencer o cliente da roubada: nenhum juiz em sã consciência vai liberar um estádio sem um laudo técnico atestando a conformidade do local com a legislação de segurança. Resultado: tivemos notícia de que o Nogueirão estava liberado. Entretanto, hoje o Blog Marcos Lopes trouxe a realidade - o Nogueirão continua interditado enquanto não houver o laudo do Corpo de Bombeiros liberando o estádio. E assim passamos de quarta até hoje com o libera-não-libera do Nogueirão. De lá para cá, o jogo já saiu do domingo para a quarta, de Assú para Mossoró, mas pode voltar a Assú. Nas próximas horas, tudo pode mudar. Ou não.
Agora, América x ABC. Primeiro, a falta de sorte do América é impressionante. Um jogo que tinha tudo para ter um bom público na quarta contra o Potiguar (afinal, 2.212 pagaram para ver Santa Cruz 0x0 América, o que melhorava a perspectiva pelo mando de campo do Mecão com seus sócios sem precisar pagar para entrar) levou apenas 1.483 corajosos à Arena das Dunas, numa noite dominada pelo medo da insegurança e pela ausência de transporte público na capital potiguar. Agora, a única chance de uma boa renda num mês ruim de dinheiro para o futebol sofre com os mesmos problemas de quarta-feira. Pior: o disse-me-disse entre as autoridades espanta potenciais espectadores da partida.
O jogo seria no sábado às 19h30. A inoperância do RN em controlar as facções criminosas dentro de um presídio começou o cabaré já na quarta-feira. Era dada como certa a transferência da partida para o domingo, ninguém sabia a hora. Aí um oficial da PM recomendou que o jogo fosse cancelado. Seu superior disse que teria jogo sim. O jogo passou para o domingo às 16h. Aí o América não conseguiu começar a vender os ingressos porque fechou a sede social em virtude do caos em Natal. Aliás, Natal, principalmente no centro, virou quase que uma cidade fantasma. Sem transporte público, funcionários não chegaram para trabalhar e clientes não iam às lojas. E quem tinha carro não ia também com medo da insegurança.
Nova recomendação do comandante da PM à FNF: cancele o jogo porque a PM está concentrada em Alcaçuz. O presidente do América Beto Santos, um dos auxiliares do governador do RN Robinson Faria, interpelou o governador para que o jogo fosse mantido. Depois que a FNF já havia comunicado oficialmente aos clubes que a partida estava cancelada, o governador telefonou para o presidente da FNF José Vanildo e afirmou que a partida vai sim ser realizada no domingo com segurança garantida pela PM. Essa mesma situação já ocorrera num clássico no Frasqueirão, mas não vou lembrar se no ano passado ou antes disso. Só que o lengalenga desta vez impressiona.
O jogo vai mesmo ser realizado no domingo. Pelo menos é o que se afirma até agora. Quanto à segurança, faz tempo que o problema não é mais no estádio, e sim em áreas específicas, por exemplo, quando o clássico é no Frasqueirão, é a Av, Engenheiro Roberto Freire que preocupa. A Av. Bernardo Vieira é outro ponto eterno de preocupação. E a Arena das Dunas é o local mais do que perfeito para um clássico em todos os aspectos.
Segurança no clássico a PM já mostrou que tem condições de prover. E Marinha, Exército e Aeronáutica já estão patrulhando as ruas de Natal, o que deve acabar com a festinha incendiária promovida pelo Sindicato do Crime nos últimos dias. O que impressiona mesmo é o total desligamento dos dirigentes em relação ao caos que tomou conta de Alcaçuz e do RN. Como pensar num clássico numa situação dessa? É justo, lógico e de bom senso, que a PM seja mobilizada para fazer a segurança de um jogo quando nem um presídio o RN conseguiu retomar? E essa garantia do governador, passando por cima da autoridade técnica do comando da PM, será igual à do início da semana, quando ele disse que a situação de Alcaçuz estava controlada e foi questionado e criticado por todos os veículos de comunicação?
Só para se ter uma ideia da desmoralização do governador do RN, ele anunciou ao vivo na GloboNews que a policia entraria em Alcaçuz na quinta para não mais sair e que formaria uma muralha humana para separar as facções rivais no presídio até a construção de um muro pré-moldado para substituir os policiais nesta divisão. Sabem o que está hoje na capa da Tribuna do Norte? A manchete principal traz em letras garrafais: Muro provisório entre as facções terá contêneires. Mais abaixo, a frase do Coronel André Azevedo, comandante da PM: Não há como garantir proteção aos policiais. É isso mesmo que você leu, aos policiais! O comandante se referia à ideia do governador de colocar a tropa estadual como barreira humana para separar as facções em Alcaçuz. Assim, os contêineires substituirão os policiais como barreira até que o tal muro vire realidade.
No caso do futebol, mandava o bom senso que se aguardasse uma única posição oficial. Esse disse-me-disse, que já desmoralizou o RN nacional e internacionalmente, chegou ao calendário de futebol e já prejudicou a renda do clássico, disso todo mundo pode ter certeza. Afinal, a indecisão persiste, visto que, em Alcaçuz, prevaleceu a decisão da PM, não a do governador. E no caso do clássico, qual decisão prevalecerá?
Independente do que aconteça a partir daqui, Alcaçuz e o futebol potiguar já provaram uma coisa: não há cabaré maior do que o que RN virou nessa situação toda. Com todo respeito aos cabarés.
O jogo seria no sábado às 19h30. A inoperância do RN em controlar as facções criminosas dentro de um presídio começou o cabaré já na quarta-feira. Era dada como certa a transferência da partida para o domingo, ninguém sabia a hora. Aí um oficial da PM recomendou que o jogo fosse cancelado. Seu superior disse que teria jogo sim. O jogo passou para o domingo às 16h. Aí o América não conseguiu começar a vender os ingressos porque fechou a sede social em virtude do caos em Natal. Aliás, Natal, principalmente no centro, virou quase que uma cidade fantasma. Sem transporte público, funcionários não chegaram para trabalhar e clientes não iam às lojas. E quem tinha carro não ia também com medo da insegurança.
Nova recomendação do comandante da PM à FNF: cancele o jogo porque a PM está concentrada em Alcaçuz. O presidente do América Beto Santos, um dos auxiliares do governador do RN Robinson Faria, interpelou o governador para que o jogo fosse mantido. Depois que a FNF já havia comunicado oficialmente aos clubes que a partida estava cancelada, o governador telefonou para o presidente da FNF José Vanildo e afirmou que a partida vai sim ser realizada no domingo com segurança garantida pela PM. Essa mesma situação já ocorrera num clássico no Frasqueirão, mas não vou lembrar se no ano passado ou antes disso. Só que o lengalenga desta vez impressiona.
O jogo vai mesmo ser realizado no domingo. Pelo menos é o que se afirma até agora. Quanto à segurança, faz tempo que o problema não é mais no estádio, e sim em áreas específicas, por exemplo, quando o clássico é no Frasqueirão, é a Av, Engenheiro Roberto Freire que preocupa. A Av. Bernardo Vieira é outro ponto eterno de preocupação. E a Arena das Dunas é o local mais do que perfeito para um clássico em todos os aspectos.
Segurança no clássico a PM já mostrou que tem condições de prover. E Marinha, Exército e Aeronáutica já estão patrulhando as ruas de Natal, o que deve acabar com a festinha incendiária promovida pelo Sindicato do Crime nos últimos dias. O que impressiona mesmo é o total desligamento dos dirigentes em relação ao caos que tomou conta de Alcaçuz e do RN. Como pensar num clássico numa situação dessa? É justo, lógico e de bom senso, que a PM seja mobilizada para fazer a segurança de um jogo quando nem um presídio o RN conseguiu retomar? E essa garantia do governador, passando por cima da autoridade técnica do comando da PM, será igual à do início da semana, quando ele disse que a situação de Alcaçuz estava controlada e foi questionado e criticado por todos os veículos de comunicação?
Só para se ter uma ideia da desmoralização do governador do RN, ele anunciou ao vivo na GloboNews que a policia entraria em Alcaçuz na quinta para não mais sair e que formaria uma muralha humana para separar as facções rivais no presídio até a construção de um muro pré-moldado para substituir os policiais nesta divisão. Sabem o que está hoje na capa da Tribuna do Norte? A manchete principal traz em letras garrafais: Muro provisório entre as facções terá contêneires. Mais abaixo, a frase do Coronel André Azevedo, comandante da PM: Não há como garantir proteção aos policiais. É isso mesmo que você leu, aos policiais! O comandante se referia à ideia do governador de colocar a tropa estadual como barreira humana para separar as facções em Alcaçuz. Assim, os contêineires substituirão os policiais como barreira até que o tal muro vire realidade.
No caso do futebol, mandava o bom senso que se aguardasse uma única posição oficial. Esse disse-me-disse, que já desmoralizou o RN nacional e internacionalmente, chegou ao calendário de futebol e já prejudicou a renda do clássico, disso todo mundo pode ter certeza. Afinal, a indecisão persiste, visto que, em Alcaçuz, prevaleceu a decisão da PM, não a do governador. E no caso do clássico, qual decisão prevalecerá?
Independente do que aconteça a partir daqui, Alcaçuz e o futebol potiguar já provaram uma coisa: não há cabaré maior do que o que RN virou nessa situação toda. Com todo respeito aos cabarés.