"A questão é se, em face da atual crise nacional, nós podemos interromper o circo político e verdadeiramente fazer algo para ajudar a economia."
Barack Obama, no Congresso americano (The New York Times de 09/09/11)
"Mineiro gasta 3 vezes mais em carro do que em estudo."
Manchete do jornal O Estado de Minas (coluna Jornal de WM, Tribuna do Norte de 09/09/11)
"Minha asma tá parecendo Leandro Campos. Vai e volta."
Eu mesma, no Twitter (08/09/11)
sexta-feira, 9 de setembro de 2011
quarta-feira, 31 de agosto de 2011
Tudo é cíclico
Sim. Tudo na vida é cíclico. Parece até que seguimos à risca aquele princípio de Lavoisier "na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma". Mas, por favor, não me pergunte o porquê! Não tenho a resposta. No entanto, posso demonstrar (que petulância a minha, não?) a veracidade desta afirmação.
Nem é preciso muita coisa. Basta observar a História. Prosperidade e recessão convivem alternadamente no mundo desde que o mundo é mundo. Tão certo como o dia vem depois da noite e que esta vem depois daquele é que recessão e prosperidade vivem uma espécie de Feitiço de Áquila. Para quem é muito novo ou péssimo de mémoria, esse é um filmaço com Michelle Pfeiffer e Rutger Hauer em que seus personagens viviam um romance impossível em virtude de um feitiço que a transformava em águia de dia e e o tornava um lobo à noite. Só lhes restava poucos segundos quando o sol se punha ou estava prestes a nascer quando quase podiam se tocar.
O mesmo pode ser trazido para o nosso dia-a-dia (nem sei se ainda se escreve assim...). Ou estamos tristes, ou estamos alegres. E sabemos que nenhum dos dois estados dura para sempre. Algo está sempre ali, à espreita, pronto a nos retirar da extrema felicidade ou do buraco da depressão.
Veja-se o caso da sociedade em si. É impressionante como o suceder de gerações sempre avança em algo, mas também traz algum retrocesso. Temos uma geração liberal sempre sucedida por uma conservadora. E vice-versa.
Na política, um partido (ou as suas ideias) parece morto e ressurge das cinzas quando todos apontavam para a sua extinção. E aquele dominante, de repente, sofre um revés que vira manchete bombástica nos jornais.
No esporte, especialmente no futebol, tão presente em nosso cotidiano, essa verdade cíclica é ainda mais verdadeira. Quem torce por um time bem sabe do que eu estou falando: um dia se está por cima, no outro... Tomando como exemplo América e Abc, isso chega a assustar. Não faz muito tempo, o Abc vivia um calvário ao ser rebaixado para a Série C e ver o América no apogeu da Série A. De repente, o ciclo mudou. O América passou à rotina de 4-5 treinadores por ano, alguns rebaixamentos, derrotas humilhantes, ao passo que o Abc agarrou-se com um treinador, sagrou-se campeão de quase tudo que disputou, juntou dinheiro. Enfim, tudo o que o Abc tocava virava ouro. Já o América, desgraça após desgraça.
Eis que o ciclo muda de novo, mais uma vez repentinamente. Assim. Sem explicação. O América interrompeu o ciclo de desgraças ao vencer 3 partidas consecutivas na Série C e o Abc adentrou neste ciclo ao somar 9 jogos sem vitórias na Série B. O América deixou a posição de candidato ao rebaixamento para líder de seu grupo. O Abc largou o sonho da Série A para viver o pesadelo de lutar contra a queda para a Série C. E nesse caminho, é goleado pelo Bragantino em casa (5x0), perde uma invencibilidade de 6 meses jogando em seus domínios e entra na balada de 4-5 treinadores por ano (Guto Ferreira já é o 3.º, desprezando-se a saída/volta de Leandro Campos). Alguma semelhança?
Se você ainda não se convenceu que tudo na vida é cíclico, converse com um historiador. Ele vai mostrar que a evolução histórica também é cíclica. Tanto que é melhor representada por uma espiral. Se nem isso lhe convencer, preste mais atenção nos acontecimentos à sua volta. Você vai se impressionar.
segunda-feira, 29 de agosto de 2011
Em que momento nos tornamos pequenos?
Confesso que ainda consigo me surpreender com os seres humanos. Tanto quando se trata de coisas boas, como quando se trata de coisas ruins. Ontem, mais uma foi adicionada à segunda lista.
Imagine a situação: um ser humano em angústia por sentir que não pode mover o lado direito de seu corpo. A fala torna-se totalmente enrolada, como se aquela pessoa estivesse em completo estado de embriaguez. Este ser humano fica desorientado, afinal, está no meio do trabalho e sob os olhares de milhares, talvez milhões de pessoas. Talvez tenha até sentido uma fortíssima dor na cabeça.
Com muito esforço, este ser humano consegue alertar a quem está do seu lado que precisa de atendimento médico. A quantidade de leigos no assunto só aumenta o desespero e a descoordenação no atendimento, que enfim acontece. Com muita luta, o ser humano com tamanho sofrimento é colocado em uma ambulância para ser levado a uma emergência hospitalar.
No meio de tanto sofrimento e desespero, outros seres humanos ainda acharam tempo para fazer uma piada de muito mau gosto e de nenhuma graça. Ao verem a necessidade de atendimento médico evoluir para o deslocamento em ambulância, o grupo começa a gritar "uh, vai morrer!". Certamente este comportamento aumentou a angústia tanto dos envolvidos no atendimento como o do próprio ser humano vítima da emergência médica.
Se você ainda não sabe a que evento eu me refiro, deve estar se perguntado: "o que será que essa criatura fez para merecer tamanha covardia? Seria ele um ditador, ou um psicopata em série, ou um torturador convicto?". A resposta é não. E olha que nesses casos ainda acho desprezível que alguém se comporte assim.
Sabe qual era o motivo para que o grupo de pessoas atacasse de forma tão desprezível aquele ser humano em necessidade de atendimento médico? Ele é o treinador do Vasco da Gama, time rival daquele para o qual o grupo de pessoas torce (o Flamengo).
E então eu me pergunto: em que momento nos tornamos tão pequenos, tão ridículos, tão desprezíveis a ponto de não respeitarmos o sofrimento dos outros simplesmente porque estes outros torcem para times com os quais não simpatizamos? Em que momento o futebol passou a ocupar um lugar tão fundamental em nossas vidas a ponto de perdemos o respeito, inclusive por nós mesmos? Em que momento a vida passou a ser resumida entre os que estão do nosso lado, porque torcem para o mesmo time, e os que estão do outro lado, porque torcem para outro time?
Ainda estou em choque com o ocorrido. Vi minha mãe ter um avc isquêmico há dois anos e sei o desespero que senti. Só posso imaginar o quanto tudo seria pior se houvesse um grupo desprezível de seres que se dizem humanos a gritar durante o atendimento "uh, vai morrer!".
Infelizmente, o desprezo pelo outro, pela vida humana, parece ser um padrão nos últimos tempos. Ainda neste mês vimos um camarote desabar no início de um show de Ivete Sangalo e a cantora afirmar que nada pararia o seu show. Pessoas são assassinadas e espancadas por serem gays, nordestinos, negros, mulheres... e a lista aumenta. Que educação é esta que vem sendo utilizada pelas famílias, igrejas, escolas? Que leitura os fervorosos religiosos vêm fazendo do "Ama a teu próximo como a ti mesmo"? Ama só se ele for do mesmo time, se não for negro, se não for mulher, se não for gay, se não torcer para outro time, se não atrapalhar nossos compromissos?
Não aceito e não consigo entender tal mentalidade. E se você achou engraçado o grito "uh, vai morrer" direcionado ao técnico vascaíno Ricardo Gomes pela torcida do Flamengo, tente se colocar no lugar de quem enfrentou a emergência. Certamente você não verá graça alguma.
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
Quem te viu, quem te vê, PT.
Prepare-se! O mundo vai mesmo se acabar. Os sinais são muitos e claríssimos. O primeiro: Lula se uniu a Collor e a Sarney. O segundo: o Abc está em uma divisão acima do América. O terceiro: o PT promoveu a primeira privatização de um aeroporto brasileiro. Não precisa limpar os olhos, não! É isso mesmo que você leu: a PRIMEIRA PRIVATIZAÇÃO de um aeroporto brasileiro foi empreendida por um governo do PT.
O aeroporto em questão é o morto-vivo de São Gonçalo. Morto-vivo porque já foi dado como morto, depois vivo, umas quatrocentas vezes desde a década de 90, quando teria iniciado a sua construção, segundo reza a lenda.
Não vi qualquer protesto do tipo "fora, FHC" ou "fora, Micarla" contra a "entreguista" Dilma. Em outras épocas, já haveria campanha contra a venda de nosso patrimônio a preço de banana. Foi até promessa de campanha da companheira não realizar privatizações. Mas quem liga?
O fato é que o PT mudou. Ou não. Bastou chegar ao poder para mostrar que é mais do mesmo: um partido sempre envolvido em negociatas e fisiologismo de todo tipo e que não tem a menor vergonha de assumir que só é contra certas coisas quando estas são defendidas pelos adversários (nem sempre tão adversários assim).
Olhando pra trás, vemos que o PT foi o partido da reforma previdenciária, o partido defensor da CPMF, o partido do uso da máquina, do caixa dois de campanha (Collor caiu por isso!) e, agora, pasmem, é o partido da privatização! Quem te viu, quem te vê, hein, PT?
segunda-feira, 15 de agosto de 2011
Ficamos para trás.
Crescemos ouvindo que o Brasil é o país do futebol. Os melhores jogadores do mundo estavam aqui. Inexplicavelmente, levamos 24 anos para chegar ao 4.º título mundial. Mais 8 anos para o 5.º título, numa copa que jamais se repetirá por suas exceções (datas, clima, jogadores estourados...).
Quem se arriscava a explicar sempre jogava a culpa nos treinadores. Tolhem o talento dos jogadores com esquemas táticos. São retranqueiros. Só escalam os seus preferidos. E por aí vai.
Mas como não reconhecer que a realidade não é bem esta? Quem são os nossos melhores jogadores? Os firulentos, os marrentos, os artilheiros. Quem é o melhor goleiro? O que melhor sabe o usar os pés. E o zagueiro? O que faz gols. E o lateral/ala, como queiram? O que faz gols. O melhor meio campista? O que faz gols. Nem preciso dizer dos atacantes. Se bem que, neste caso, também entram os que mais se assemelham a focas amestradas.
Gostamos de quem joga para a plateia. Dancinhas provocativas, moicanos, munhequeiras, brincos, notícias de brigas, porres homéricos, etc. Discutir com o treinador então eleva o jogador ao Olimpo do futebol.
Enquanto isso, os jogadores da Europa e até da Ásia iam aprendendo que o futebol é um jogo coletivo. Um por todos e todos por um. Nenhum talento sobrenatural consegue brilhar num time cheio de gente que não sabe para onde vai ou que decide sozinho o que deve fazer. Exemplos aos montes. Messi é um deles, apesar de que o futebol espanhol não é muito chegado numa marcação tradicional, mas...
Falemos da Espanha. Ontem eu vi o 2.º tempo de Real Madri x Barcelona pela Supercopa e o boa parte de Brasil x Espanha pela Copa do Mundo Sub 20. É interessante como a seleção reproduz o esquema catalão, mesmo sem os brilhantes jogadores do Barcelona e sem o seu treinador (Guardiola, belo ex-zagueiro). A movimentação é a mesma: toques de primeira, com infiltrações em diagonal quase sempre mortais ao time adversário. Marcação também tem agora. Ela começa bem recuada, mas à medida que o time adversário começa a recuar a bola, os espanhois avançam em bloco com muita velocidade em direção à posse de bola, desorientando os jogadores do outro time.
Enquanto isso, o futebol brasileiro ainda vive de esperar que o outro time desista da posse de bola. E que algum iluminado resolva o jogo. Da seleção brasileira ao último colocado nos campeonatos de várzea, o futebol nacional tornou-se um purgante aos espectadores. Só aguenta quem torce por algum dos times. E olhe lá!
As discussões táticas acerca de se o 3-5-2, o 4-4-2 ou o 3-6-1 é o melhor na verdade referem-se apenas a quantos zagueiros e volantes serão escalados. Não há esquema algum. Ou há um que pode ser resumido assim: sem a bola, todo mundo marca; com a bola, Deus nos ajude. Ou Neymar, ou Ganso, ou Robinho e seus correspondentes em cada time. Entenda por marcar ficar lá trás esperando que o adversário perca a posse de bola.
Vivemos então de safra de jogadores. Quando temos verdadeiros excepcionais, somos destaques. Quando ninguém ultrapassa a regularidade mundial, nada nos resta a não ser lamentar.
E assim vamos vivendo de jogos chatos, sem emoção, e ficando para trás nos campeonatos mundiais de todas as categorias. O vôlei acordou muito cedo para a realidade de que treinador é peça chave para qualquer modalidade. Sem ele, não há time que resista à troca de jogadores. Quando o esporte brasileiro como um todo vai compreender isso? Quando os treinadores brasileiros entenderão?
sexta-feira, 12 de agosto de 2011
Acabou a farra nos concursos. Será?
Quem é "concurseiro" bem sabe a realidade. Sai um edital, o candidato se interessa e investe seu tempo e dinheiro em livros e cursos na esperança de conseguir uma daquelas 20 vagas anunciadas.
Várias fases depois, a esperada aprovação. Muita alegria, mas ainda há um curso de preparação antes da posse. E lá se vão mais 3 meses.
Depois de toda a via crúcis, a redenção. Agora basta esperar a nomeação e a posse. Mais 30 dias se passam. Sabem como é, né? Burocracia. O Estado é pesadão para se mover e tem que ter previsão orçamentária...
E o fim da validade do concurso se aproxima. Surge a terrível angústia: o governo vai ou não prorrogar a validade? Passei, mas não vou ser chamado(a)?
Essa verdadeira tortura durante muito tempo encontrou respaldo em decisões do Judiciário que não viam formas de impor à Administração que atendesse à necessidade do serviço público e convocasse os aprovados no número de vagas previstas pelo edital. O entendimento majoritário era de que isto seria uma intromissão de um poder no outro, o que não se coaduna com o Estado de Direito.
Essa realidade pode ter começado a mudar nesta semana. O Supremo Tribunal Federal derrubou a tal tese de que o candidato aprovado em concurso tinha apenas expectativa de direito à nomeação. Agora, o Poder Público tem que convocar os candidatos aprovados dentro do número de vagas indicadas no edital.
Será? Bem, a própria decisão abre brechas para exceções, que de fato existem quando se trata de lidar com a realidade. O problema é que uma crise econômica é tida como exceção e aí já se viu, né? Governantes perdulários, que já não estão nem aí para a Lei de Responsabilidade Fiscal (por que o Ministério Público não é mais efetivo nesse tipo de investigação?), vão utilizar a própria LRF para postergar as nomeações até o ponto em que o concurso perca a validade.
Ou ainda: o macete será lançar editais indicando no máximo 1 ou 2 vagas e, tchan, tchan, tchan, um cadastro de reserva! Agora a indústria do concurso respira aliviada. Qual seria a graça (ou o lucro, para ser mais precisa) se a necessidade de contratação fosse resolvida em apenas um concurso? Como manter a indústria da licitação fechando as portas de um ramo tão promissor?
De todo jeito, essa é mais uma decisão do STF que deve ser comemorada porque demonstra que o nosso tribunal supremo realmente vem amadurecendo sua função de guardião da Carta Magna do Brasil. É rezar para que o famoso jeitinho brasileiro não bote tudo a perder.
segunda-feira, 8 de agosto de 2011
As coincidências 1996 x 2011
Sou supersticiosa. Confesso mesmo. É até estranho para uma pessoa tão cética como eu. Eu, que acho balela essa ruma de oração e ida a igrejas e templos na tentativa de escapar do inferno... Mas é melhor nem enveredar por este caminho porque fé é como torcer por um time: não se explica, apenas se sente.
Voltando à superstição, tenho sim algumas manias, para dizer o mínimo. Por incrível que pareça, levanto sempre com o pé direito. Na maioria das vezes, isto requer uma enorme ginástica, mas e daí? Doente ou não, lá estou disposta a botar o pé direito primeiro no chão.
Também não passo embaixo de escada, não deixo sapato virado, não visto roupa pelo avesso, não gosto de ver cortejo fúnebre, e por aí vai.
No futebol, isso piora. Todo torcedor é supersticioso. É um tal de fulano é pé frio/quente, tal roupa dá sorte/azar, tal lugar também...
Bem, eu não fujo à regra. E já reparei o quanto este time do América parece com aquele de 1996. Vejamos.
Em 1996, tivemos o artilheiro do estadual, que chegou apenas no 2.º turno: Wanderley, conhecido como artilheiro de Deus. Adivinha como é conhecido o artilheiro do estadual e que chegou apenas no 2.º turno? Isso mesmo, artilheiro de Deus. André Neles.
Também temos um Wanderley, o gladiador.
Max lembra muito o estilo do Wanderley de 1996. Alto, lento, mas que deixa o seu jogo sim, jogo não.
Em 1996, o América tinha dois volantes bem diferentes: Washington Lobo e Carioca. Washigton Lobo marcava muito e acertava bons lançamentos, mas perdia alguns passes incríveis. Carioca era bom na roubada de bola e tinha habilidade para sair para o jogo. Alguma semelhança com Dudu Araxá e Val? Bom, até o cabelo de Dudu lembra o de Washington Lobo.
O goleiro de 1996 era o respeitado Jorge Pinheiro. Vinha do futebol cearense. O Paredão Fabiano acabou de deixar o Fortaleza para retornar ao Mecão.
Wálber, apesar de lateral direito, lembra Biro-Biro, meia esquerda formado nas bases do América, tanto fisicamente (baixinho, entrocado, de cabelos encaracolados) como na velocidade com que parte para o ataque. Até mesmo nas incríveis chances que perde...
Naquele ano, as partidas do América fora de Natal eram transmitidas pela TV Potengi, canal 3, retransmissora da Rede Bandeirantes. O narrador era Lourimar Neto. Agora, é a Band Natal que transmite os jogos do Mecão com narração do mesmo Lourimar Neto.
Em 1996, os grupos começavam regionalizados, passavam por dois mata-matas e o acesso era definido por um quadrangular. Desse quadrangular, apenas 2 subiam. Em 2011, grupos regionalizados desembocarão em dois quadrangulares, que darão acesso a apenas 2 clubes cada.
O grupo de 1996 era limitado financeiramente. O mesmo ocorre com o de 2011.
É perceptível que temos coincidências para todos os gostos. Dá até para comparar com 2005. É claro que também temos diferenças. A maior delas é que em 1996 a disputa era pelo acesso à Série A e agora a briga é pela Série B. Mas o que vale mesmo é ver um time tão disciplinado taticamente sob o comando de Flávio Araújo azeitando as engrenagens. E a torcida do Mecão estava mesmo precisando ver um elenco com condições de honrar a tradição americana.
O acesso está longe e ainda haverá muito luta pelo caminho para que o sonho se concretize. Por enquanto, vamos curtindo o momento vermelhando a BR 101 e a cidade de Goianinha.
#PraCimaMecao !
quinta-feira, 4 de agosto de 2011
Onde está a Ponta Negra de outrora?
Já deveria ter escrito alguma coisa a respeito há mais tempo, mas, claro, faltou tempo. Resolvi que nestas meias-férias (meias porque só uma profissão me deu algum descanso; a outra aproveitou p/ aumentar a demanda) iria tirar alguns dias pela manhã para caminhar na praia de Ponta Negra. Há muito tempo não caminhava por lá. Penso até que já fazia uns 5 anos da última tentativa.
É possível imaginar a minha tristeza. Estacionamento difícil, mesmo tendo escolhido uma segunda-feira. Achei uma vaguinha. Mal desci do carro, um homem se aproximou e disparou: "quer um guarda-sol e três cadeiras?" Nem processei direito a pergunta e ele já me deu o preço: "Faço 8 reais para você". Disse-lhe que iria pensar, já que queria mesmo era caminhar inicialmente. Olhei para mamãe para saber se ela iria sentar... nem me respondeu. Gastar dinheiro não é com ela.
Àquela altura, já estávamos na areia da praia. Tentei localizar um local para mamãe ficar na areia. Quase impossível. Tudo loteado pelos proprietários (?!) dos guarda-sóis e cadeiras e mesas. Os poucos espaços vazios ou já haviam sido ocupados pela maré ou - eis a maior tristeza - pelo esgoto.
O fedor em alguns trechos era insuportável, como se uma fossa estivesse a céu aberto. Mas estava mesmo. Vários trechos de água escura e fétida contaminando a areia e que chegavam até o mar.
Aquilo me deu uma tristeza... Onde está a Ponta Negra de outrora? Aquela em que podíamos tomar banho sem medo de uma infecção? Aquela em que a areia era tomada por famílias com suas cangas, toalhas e baldinhos de criança na ânsia de construir castelos que mais lembravam uma montanha? Aquela cujos únicos sons eram as risadas, o som do mar, do vento e dos vendedores de dindim, picolé, água de coco e, no máximo, sanduíche natural (sem esquecer os vendedores de bronzeador - na época, ninguém se importava com raios UVA, UVB...) ?
Depois da tristeza, fui invadida pela raiva. Raiva de todas as autoridades. É tão difícil assim impedir que esgotos sejam despejados na areia da praia sem qualquer tratamento? Será que só vale brigar para que os "estrangeiros" não invadam Ponta Negra? E a degradação? E a condição sanitária? Onde estão as ONGs ambientais, o Ministério Público, a CAERN, o Papa?
Raiva também de nós mesmos, que temos um espírito de porco forte. Basta andar no trânsito com um pouco mais de atenção para presenciar o arremesso de sacos, papeis, latas, restos de comida pelas janelas de ônibus, carros (inclusive os tidos como de luxo), ou mesmo por pedestres. Que sanha sujismunda é essa? Pelo amor de Deus!
Terminei minha caminhada convicta de que vai demorar mais uns cinco anos para eu ter coragem de voltar a Ponta Negra. Será que ela resistirá até lá?
terça-feira, 12 de julho de 2011
A mudança no América
Sei que é cedo para falar, mas o América mudou e muito com a chegada de Flávio Araújo. O clima entre os jogadores é outro. Basta conferir entrevistas como a de André Neles ao Jogo Aberto e Ação, da Band Natal, em que ele categoricamente afirmou que a direção errou ao trazer Francisco Diá.
Além disso, a constatação de que o trabalho não estava evoluindo também mexeu com o elenco, que já começa a sofrer modificações. Chegou Wanderlei, artilheiro do cearense deste ano. Alberto deve ser dispensado. Fabiano Paredão voltou. O bom Thiago Passos deve deixar o CT americano. O reserva do reserva Elyeser também já se foi.
Fabiano já chegou rasgando elogios a Flávio Araújo, com quem trabalhou no primeiro semestre no Fortaleza. O mesmo de diga de André Neles, que também trabalhou anteriormente com ele, mas no Icasa , na Série B 2010.
A opinião de dois líderes respeitados pela torcida tem peso. E como! Mas é dentro de campo que a análise é mais importante. E aqui posso meter o bedelho. Assisti a um coletivo (isso mesmo: apenas um) comandado por Flávio Araújo. Nos primeiros 10 minutos, um certo equilíbrio. Passado este tempo, o time titular massacrou o time reserva. 3x0 sem que o goleiro titular Sílvio houvesse realizado qualquer defesa estupenda. Já o reserva Thiago Passos foi o destaque do time B.
O time mostrou domínio de bola, velocidade quando preciso e até entrosamento. Inicialmente achei o Rodrigão fraquíssimo. Passados 10 minutos, ele já era destaque da zaga, tanto na defesa, como nos avanços pela lateral. Fernando, volante, é de uma mobilidade impressionante. Muito ágil na marcação sem ser violento. André Neles torna qualquer ataque fácil de acontecer. Faz o pivô divinamente e ainda é quase 100% nos chutes a gol. E o tal do Mazinho é chato de ser marcado. Foi o pulmão do time.
Tá difícil de saber quem entra e quem sai do time. Isso já é um bom sinal. Vejamos se o primeiro jogo treino de Flávio Araújo contra o Cruzeiro de Macaíba na quinta-feira, aniversário do Mecão, às 15h15, no CT, confirma as impressões.
domingo, 10 de julho de 2011
Um ídolo tem que se preocupar com sua imagem
A imagem é fundamental. Quem disser o contrário ou é hipócrita ou é doido. Seja quanto à estética, seja quanto à reputação, o fato é que faz parte de nossas preocupações diárias como os outros nos veem. Ou deveria fazer.
Como confiar numa nutricionista gorda, ou num cardiologista que fuma, ou num estilista que se veste muito mal? Não quero dizer que tais pessoas não saibam e muito de suas profissões, mas à primeira vista, temos certamente a impressão de que alguém não leva muito a sério os próprios conhecimentos. Fica difícil querer que os outros levem tais conhecimentos a sério.
Não poderia ser diferente com ídolos de qualquer espécie. Na música, no esporte, no cinema, na TV, até na literatura. É preciso responsabilidade com a imagem duramente construída e tão respeitada por fãs de todos os tipos.
Poderia citar mil exemplos de desleixo com a própria imagem de vários ídolos ao redor do mundo - desde casos de doping no esporte a engajamento em campanhas de produtos de qualidade duvidosa. Mas prefiro abordar um caso muito mais próximo da realidade do RN: Souza.
O cracaço natural de Itajá até já vestiu a camisa da seleção brasileira. Campeão brasileiro pelo Atlético-PR, campeão da Copa BR pelo Corinthians, cria do América. Sem clube, resolveu vestir a camisa rubra em 2006. Levou o América mais uma vez à Série A e, de quebra, foi eleito o melhor jogador da Série B daquele ano. Isso em vias de se aposentar.
Nem é preciso dizer da idolatria que lhe devota a torcida americana, basta citar as alcunhas que lhe foram direcionadas: o Rei, SHOWza, o melhor camisa 10 do Brasil...
No entanto, duas coincidências ameaçam ruir esta imagem. Duas desistências de jogar. As duas em condições bem semelhantes.
Em 2009, abandonou o futebol. Que época infeliz para fazer tal anúncio! Escolheu justamente o momento em que seu empresário/procurador/amigo Gilberto de Nadai deixava o América por perder a quebra de braço com o técnico Guilherme Macuglia, disciplinador convicto que nunca combinou com a malemolência que imperava (será que ainda impera?) no Mecão.
Resolve voltar em 2011. Anuncia no estadual, mas só retorna aos treinos depois da chegada ao CT americano de Francisco Diá pupilo/amigo de Gilberto de Nadai, por sua vez empresário/procurador/amigo do Rei. Pede paciência, afinal há muito tempo não treinava. Evolução lenta, mas bem avaliada pelos competentes preparadores físicos do América.
A nau de Diá começa a fazer água. Seus comandados só venceram a seleção de Itajá. A torcida, que já não ia com a sua cara, cobra a cada dia mais a sua saída. Nem os dirigentes confiam mais no trabalho de Diá. Este é demitido.
E por essas estranhas coincidências da vida, Souza anuncia que não vai mais jogar futebol. Muitas dores. Até uma hérnia de disco foi alegada. Sem maiores cerimônias, o Rei vai embora. Agora os questionamentos já encontram um eco bem maior do que em 2009: ele teria saído porque Diá fora demitido?
Obviamente, SHOWza negou tais elucubrações. Mas não convenceu. Não convenceu porque seu timing foi mais uma vez desafortunado. Cabia aos profissionais que trabalham com o Rei, ou até mesmo a seus amigos da imprensa que certamente entendem do assunto, aconselhá-lo a não tomar tais decisões assim, no olho do furacão. O futebol é apaixonante, mas, como tal, também prega peças. E uma imagem idolatrada por tudo o que já foi feito dentro de campo, pode ficar definitivamente arranhada por acontecimentos fora dele.
Tal qual a mulher de César, é preciso não apenas ser honesto, mas fundamentalmente parecer honesto. Espero que o Rei tenha melhor sorte em suas próximas empreitadas, e na escolha do momento para anunciá-las.
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