quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

Precisava?

Faz tempo que não escrevo por aqui sobre minhas divagações diárias. Falta tempo mesmo. Também falta entusiasmo para digitar, seja no computador, seja na tela do celular. Bom mesmo é pegar papel e caneta, mas aí tem que transpor para cá se a intenção for publicar.

Muitas coisas me fizeram pensar em escrever. O calor, o ano novo, a saúde... A última coisa foi ter visto o preço dos ingressos de um show de Ivete Sangalo aqui em Natal. Tem de R$ 3 mil. Eu até me perguntei se vinha alguma barra de ouro autografada. Ivete - ou quem vende seu show - mira Beyoncé, Taylor Swift, BLACKPINK e demais shows internacionais, mas esquece que essa galera quase nunca vem aqui e, quando vem para pouquíssimos shows, é remunerada e remunera seus contratados internacionais em dólar, bem mais valorizado do que o real. Ivete é remunerada e remunera em real mesmo, mas resolveu cobrar na proporção do dólar. Pobres fãs que vivem de salário no Brasil.

Escárnio mesmo é que há uma categoria de ingresso chamada "jovem baixa renda" por R$ 150. Por favor, alguém me explique como uma pessoa jovem de baixa renda pode pagar R$ 150 num ingresso para um show se sua família tem que se virar com meio salário mínimo por pessoa a cada mês (critérios do CadÚnico)? Se é para ter "jovem baixa renda", que os ingressos sejam doados/sorteados, ainda que seja com número atrelado às vendas de outros setores.

O que falo aqui de Ivete não é pessoal e serve para qualquer outra pessoa artista com práticas semelhantes de preços. Sei que a pandemia maltratou muito o setor, mas querer esfolar a pessoa fã, que costuma sacrificar muita coisa em nome de sua paixão artística, para recuperar prejuízo de meses num único show me parece de uma crueldade sem tamanho. 

E escrevo este texto depois de ver Ivete protagonizar merecidamente o Carnaval, festa popularíssima que é a cara do povo brasileiro. Ela enquadrou a pastora do apocalipse ao vivo em rede nacional, caiu nos braços da galera numa pipoca da muvuca mesmo e ainda impregnou a mente de cada uma das pessoas deste país com os versos "Ah, bebê/ É a Veveta que tá no comando/ Macetando, macetando, macetando..." (tenho certeza de que você leu cantando). 

Com tudo isso e por tudo isso, ela precisava mesmo esfolar no preço dos ingressos de seus shows? 

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