O favoritismo do Abc não foi suficiente para quebrar o tabu de 10 partidas (agora 11) sem vencer o América e a invencibilidade americana na nova casa do futebol do RN, a Arena das Dunas.
A vitória americana começou nas arquibancadas. Em bem maior número, os torcedores do América preencheram seus espaços (havia gente em pé no setor leste) e ainda levantaram um lindo mosaico com as cores do clube da Rodrigues Alves e o seu ano de fundação (1915). A torcida abecedista fez exatamente o contrário: passou longe de lotar seus espaços e mostrou uma espécie de mosaico enaltecendo uma torcida e que correspondia talvez a 1/8 do mosaico americano.
Dentro de campo, Leandro Sena pôs em prática velhos princípios do clássico A Arte da Guerra. Só é possível ganhar uma guerra conhecendo o seu inimigo e, principalmente, a si mesmo. E o treinador americano absorveu o impacto das três derrotas seguidas e partiu para duas coisas: corrigir seus defeitos e bloquear as qualidades do adversário.
Foram 3 mexidas importantíssimas, fundamentais para a mudança de comportamento do time: a saída de Rafael Robalo para a entrada de Dida, a saída de Rai para a entrada de Tiago Dutra, e a saída de Rubinho para a entrada de Arthur Maia. Dida e Tiago Dutra mostraram-se seguros durante todo o tempo em que estiveram em campo e isso propiciou a tranquilidade a todos os outros membros da equipe. Além disso, Arthur Maia arrebentou! Não é do meu feitio criticar ou elogiar com apenas uma partida, mas é impossível não perceber que o novo camisa 10 americano é craque. Finta bem e tem ótima visão de jogo, melhor até mesmo que Régis (mais fominha, no bom sentido). Até quando não toca na bola, ele faz grande jogada.
Novo goleiro, 3 zagueiros e 3 volantes já demonstravam claramente que o treinador americano entendia como grave o problema de marcação - e era mesmo. Mas não se engane pensando que o América foi pura retranca. Nem é do estilo do treinador, nem do Orgulho do RN.
O primeiro tempo foi de domínio quase absoluto do América. Um domínio tranquilo, sem afobações, sem muitos toques errados. O Abc pouco ameaçou o domínio alvirrubro. O 1x0 marcado por Pardal foi pouco para o tanto que o time americano ficou à vontade em campo.
No segundo tempo, o Abc achou um gol num escanteio com Suéliton. Não me entendam mal, não estou menosprezando o gol alvinegro, até porque entendo que há treinamento para aquilo. Falo que o Abc achou o gol porque foi um minuto de desatenção da defesa americana que proporcionou o chute de primeira do jogador abecedista. É um lance que pode se repetir, mas isso não é provável.
Menos mal que Arthur Maia também achou o gol do América logo em seguida. Pronto, estava reestabelecida a verdade do jogo. Se Rafinha, Adriano Pardal e Val estivessem um pouco mais ligados, a goleada se confirmaria. A superioridade americana era tamanha nos minutos finais que mais parecia que havia um jogador a mais para o Mecão. Mas Rafinha marcou na segunda chance que teve. E novamente a defesa americana permitiu que Gilmar saísse livre para tocar para o atacante Lúcio Flávio, que mais parece lutador de MMA pelo tanto de pancada que distribui durante o jogo, fazer o último gol da partida.
3x2, tabu e invencibilidade mantidos. Apesar de a parte abecedista da imprensa insistir em analisar como o alvinegro perdeu para o América, eu prefiro enaltecer o óbvio: os acertos de Leandro Sena, que desceu do telhado e deixou Roberto Fernandes por lá.
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