terça-feira, 21 de julho de 2020

Nada é tão ruim...

... que não possa piorar. A ansiedade da torcida é enorme, o adversário é fortíssimo e o América ganhou um desfalque inimaginável de última hora.

Segundo publicação de Marcos Lopes no Twitter agora à tarde, a renovação de contrato até 2023 com o goleiro Ewerton (anunciada em 15/7) simplesmente não foi publicada no BID da CBF, o que impede o jogador de entrar em campo. 

Vitor Paiva ganha então sua segunda chance de atuar como titular pelo América. Coincidentemente é a segunda chance seguida em partidas oficiais, ambas pela Copa do Nordeste. Ele atuou em 14/3 na derrota em casa por 2x0 para o Bahia, último jogo oficial do Mecão antes da parada forçada pela pandemia de Covid-19.

Dor de cabeça para uns, sorte para outros. Resta torcer para uma grande atuação de Vitor Paiva. 

Peso devido

Sabem por que é tão difícil denunciar casos de estupro e/ou violência, especialmente no âmbito doméstico? Porque são crimes que normalmente não deixam testemunhas e a investigação começa num duelo de quem tem mais credibilidade - a vítima ou o agressor.

Temos no Brasil tipo penal específico para casos em que alguém denuncia haver crime que sabe inexistente. É a denunciação caluniosa, afora o alcance do bolso com as indenizações por danos morais. 

Isso deveria ser suficiente para que a palavra da vítima fosse um pouco mais valorizada na hora de denúncias do tipo, mas não, o que pesa mesmo ainda é a desigualdade de gênero. Ora, normalmente a disputa é mulher x homem. Aí já sabemos de antemão de quem é a culpa, ainda que de fato existam os crimes por ela denunciados. Afinal, foi ela que não se deu o valor, foi ela que se envolveu com quem não devia, foi ela que usou uma roupa mais insinuante, e seguem as desculpas ultrajantes que mais uma vez agridem e humilham a vítima, fazendo o agressor duas vezes vencedor.

Vejo na Tribuna do Norte de hoje (página 16) matéria sobre uma denúncia de violência doméstica contra um jogador de clube aqui do RN.

Na reportagem, há até o relato de que outras mulheres corroboram a veracidade do comportamento agressivo dele, inclusive quando defendeu outro clube daqui em passado recente.

Nas redes, eu me assustei com opiniões que colocavam em dúvida as acusações feitas pela vítima. "Por que demorou tanto?" é a mais lembrada e talvez a que mais exemplifique o que citei acima sobre a vítima sofrer duas vezes. Alguém duvida que toda vítima desse tipo de crime viva um dilema antes de denunciar o que dificilmente é testemunhado, ciente do achincalhamento que vai sofrer e da desacreditação de sua palavra? 

Pior foi ler lá na TN um dirigente do clube dizer exatamente isto: "Atleta segue relacionado, vai para o jogo, é um atleta titular do clube. Não existe nada provado contra o atleta, existe uma acusação que o [clube] está iniciando um processo de investigação. A mulher que acusa tem que provar que o atleta cometeu esse ato, e ele se entender com ela na justiça. Quando envolve o [clube], a instituição precisa se posicionar. Temos que aguardar para não tomar atitudes precipitadas e até prejudicar o jogador." (grifos meus)

Eu não consigo nem descrever o que sinto ao ter que ler uma coisa dessa. A mulher tem que provar? Depois não entendem a chaga incontrolável que é a violência contra mulheres, especialmente no âmbito doméstico. A polícia é quem vai investigar e averiguar com sua expertise se houve ou não o crime e em quais circunstâncias. 

E não tomar atitude precipitada num caso desse é não menosprezar as denúncias. Não prejudicar o atleta denunciado e o clube é afastá-lo até que tudo se esclareça para que o clube não veja sua imagem atrelada a um crime da pior forma possível: endossando o suposto agressor.

Se lá na frente ficar provado que a vítima nunca foi vítima, aí sim tanto o atleta acusado como o clube podem "se entender com ela na justiça", seja na seara cível, seja na seara penal, como já citado. 

Você pode ter estranhado o fato de eu não ter citado uma única vez o nome do clube, do agressor, da vítima. Foi proposital. Esse caso não é o primeiro e infelizmente não será o último. Mas a repetição do padrão é realidade que serve para o clube do RN, o clube de SP, o clube de qualquer rincão deste país, o vizinho da rua de trás, do apartamento de cima, do casebre na favela. Nominar seria apequenar algo gigantescamente observado neste país continental. 

Meu intento é que esse padrão deixe de ser padrão da sociedade, não apenas do clube X. Crimes existem porque o criminoso decidiu agir contra a lei. Se essa intenção não existisse, não haveria escolha errada de relacionamento, de roupa ou de qualquer coisa vergonhosamente atribuída como culpa da vítima que resultasse no ilícito. 

E um passo enorme para romper esse padrão é reconhecer o machismo direcionado às vítimas desse tipo de crime e passarmos a dar às coisas o peso que elas deveriam ter. A vítima de estupro/violência, especialmente no âmbito doméstico, é vítima até que se prove o contrário, quando então passará a enfrentar a lei. Até lá, suas afirmações têm que ser levadas a sério para que o comportamento de quem agride (e aqui falo de todos os outros que praticam esse crime Brasil afora, não apenas do acusado específico) seja desestimulado, recriminado e reconhecido como algo que faz mal à sociedade como um todo. O contrário é o que vemos hoje: verdadeiro estímulo/aplauso ao agressor.

Ninguém merece isso. Nem a vítima, nem o clube endossante que arranha sua própria imagem, nem o suposto agressor, que enfim pode sim ser inocente, mas restará aplaudido pelo crime que não cometeu. 


Padrão de jogo

O presidente Leonardo Bezerra deu bem o tom do que espera de Fortaleza x América, numa entrevista ao Tocando a Bola da 98FM.

Este talvez seja o maior sentido dessa partida: um teste. Um teste realmente muito bom, muito difícil. A gente tem que não tirar como parâmetro esse jogo, visto que é um adversário de Série A, mas que nós temos que apresentar já dentro dessa partida alguma melhora, algum padrão de jogo significativo para sabermos se o nosso caminho está certo mesmo, se o que nós estamos fazendo está certo.

Você lembra?

Faz tanto tempo que o América não entra em campo de forma oficial que eu nem lembrava mais que a primeira partida contra o Juventude pela Copa do Brasil já havia sido disputada e terminou em 1x1 lá em Caxias do Sul-RS.

Mas essa não foi a última partida oficial do América antes da parada forçada pela pandemia de Covid-19. Você lembra qual foi? 

Por incrível que pareça, a última partida oficial do Mecão foi justamente pela Copa do Nordeste, em 14 de março, só que na Arena das Dunas: América 0x2 Bahia. Você lembra a escalação posta em campo por Roberto Fernandes? 

Vitor Paiva, André Krobel, Geninho, Edson, Adriano Alves, Renan Luís; Juninho, Luiz Fernando (Beto); Cesinha (Adílio), Dione (Wilson), Tiago Orobó.

Desses aí, não estão mais no América: Geninho, Luiz Fernando, Cesinha, Tiago Orobó e Wilson. No DM: Renan Luís e Dione. Só o volante Juninho não foi relacionado por escolha do técnico. 

Ou seja, podem ser repetidos de uma rodada para a outra apenas Vitor Paiva, André Krobel, Edson e Adriano Alves.

No único treino coletivo transmitido pela TV Mecão na intertemporada, o time titular na ocasião teve Ewerton (Vitor Paiva), André Krobel, Edmar (Adriano Alves), Edson, Michael (Renan Luís); César Sampaio, Wallace Rato, Lelê; Elias (Romarinho), Rogerinho, Wallace Pernambucano. Confesso que não lembro se houve outras substituições. 

Desses, estão fora Renan Luís, como apontei mais acima, Elias e Lelê, todos no DM. 

Ontem, Canindé Pereira me perguntou durante o Papo Alvirrubro se eu arriscava um time para hoje. Arrisco não. Aposto em Ewerton no gol, Michael na esquerda (sem reserva) e Wallace Pernambucano lá na frente. O resto fica para a estratégia estudada por Roberto Fernandes para não ver seu time massacrado pelo Fortaleza, num jogo que vale mais a honra do que os pontos. 

Lembrando ou não da última partida, a única certeza é da grande ansiedade de toda a torcida americana para acompanhar esse jogo hoje à noite. Essa e a pressão de sempre não faltam nunca quando se trata de América. 

Manchetes do dia (21/7)

A manchete do bem: Em decisão inédita, UE aprova pacote trilionário para reconstrução pós-coronavírus.

As outras: Covid-19 atingiu 1% da população e matou mais de 80 mil brasileiros, 'Não sai da minha mente', diz guarda civil chamado de analfabeto por desembargador e Máscara é eficiente contra coronavírus, ao contrário do que diz influenciador.

Bom dia.

Fonte: Folha de S.Paulo

Today's headlines (7/21)

The headline for good: Three coronavirus vaccine developers report promising initial results.

The others: New treatment for Covid-19 shows promise, but scientists urge caution, E.U. adopts groundbreaking stimulus to fight coronavirus recession, and Two women sue Fox News, claiming misconduct by Ed Henry and others.

Good morning.

Source: NY Times

segunda-feira, 20 de julho de 2020

Sem atuação marcante

Hoje houve o anúncio oficial da saída amigável do meia Leilson do América. É mais um lance da reformulação do elenco do clube.

Leilson atuou poucas vezes, seja como reserva, seja como titular, e não conseguiu jogar o que se esperava dele no período. Nenhuma atuação marcante para lembrar, o que não é nada compatível com quem atua no meio de campo. 

Parte sem deixar saudades na torcida.

Novos testes

Isto eu já digo há bastante tempo: um aspecto positivo inegável da volta do futebol é a testagem frequente de um grupo até aqui menosprezado pelas autoridades públicas - o de pessoas assintomáticas - o que pode jogar muita luz no entendimento dessa recentíssima Covid-19.

O América, por exemplo, teve sua delegação, que está em Salvador para o jogo de amanhã contra o Fortaleza pela última rodada da fase de grupos da Copa do Nordeste, testada mais uma vez na manhã desta segunda-feira (imagens abaixo fornecidas pelo clube).



Manchetes do dia (20/7)

A manchete do bem: Pela 1.ª vez em 4 meses, Cuba celebra inexistência de transmissão local de Covid-19.

As outras: Chile anuncia desconfinamento gradual após quatro meses de restrições, França e Reino Unido anunciam multa para quem estiver sem máscara e Ensino superior e educação profissional retomam aulas práticas hoje em SP.

Bom dia.

Fonte: Folha de S.Paulo 

Today's headlines (7/20)

The headline for good: Amid a deadly virus and crippled economy, one form of aid has proved reliable: food stamps.

The others: As Trump ignores virus crisis, Republicans start to break ranks, For owners of century-old businesses, shutting down brings a special pain, and $279 a day: Good luck finding a cheap rental car in N.Y.C..

Good morning.

Source: NY Times