segunda-feira, 19 de março de 2018

Ah, o estadual...

Essa pedrinha no sapato dos clubes com calendário que se estende pelo ano inteiro. Ele prega peças. Se o time é campeão, traz a perigosa ilusão de que está tudo resolvido para o resto do ano. Se não é, provoca a devastadora sensação de que ninguém presta no elenco.

O estadual é, de todo jeito, uma bomba relógio.

Último tiro

Não sei quem será o contratado da vez pelo América para comandar o time a partir de agora, mas uma coisa é certa: será o último tiro a ser dado no alvo neste ano. Qualquer erro na escolha do treinador não poderá mais ser remediado a tempo de livrar o América da Série D rumo à Série C.

Já me adianto aqui. Se não der certo, que essa diretoria repense o que é planejamento para 2019. Não se pode ficar pulando de galho em galho ao sabor de derrotas ou partidas em que o time mostra péssimo desempenho técnico. É preciso contratar um treinador em quem se tenha convicção para levar o barco até o fim da temporada, independente dos percalços no caminho. 

Sim, porque no fundo, no fundo, quando um planejamento como o que foi realizado com Leandro Campos naufraga é da diretoria a maior responsabilidade. Ela conhecia o treinador de outras épocas, aliás bem lá atrás. Ela sabia das dificuldades que suas equipes apresentam em mudar a realidade de uma partida após tomar um gol, tendendo a se afundar mais, mas confiou que esse seria o nome a avaliar todas as contratações realizadas. No fim, a perda de um turno do estadual deu o choque de realidade que não combina com um planejamento de todas as fichas colocadas naquele treinador.

Pachequinho era convicção? Não. Tanto que sua demissão estava só aguardando um tropeço. Quase caiu no intervalo de América 4x1 ASSU. Escapou porque o time conseguiu achar os gols no 2.º tempo. Como ver um elenco render nestas condições?

Sobre o elenco, sim, é um tanto quanto decepcionante. Juninho Tardelli, por exemplo, apesar dos gols marcados, ficou devendo uma apresentação mais convincente. Mas é também essa falta de paciência com uns e paciência de sobra com outros que é grande responsável por essa roda viva que o América se meteu desde 2016, com elencos feitos e refeitos a cada 5, 6 jogos. Estadual é fraco? Por que não dar uma melhor oportunidade à base e deixar os parcos recursos do orçamento para trazer poucos e bons jogadores? Como pode um jogador como Anthony só entrar numa partida quando o leite já foi derramado tanto na competição como no jogo em si? Everton, Alisson, Mayk (ou Van Van, como era antes do raio gourmetizador), Judson, Juninho, Anthony, Thyago mereciam um pouco mais de paciência do que jogadores como Betinho, Tadeu, João Victor, Jeam, Felipe Manoel e até Mateusinho para citar alguns.

Outras coisas chamam mais atenção. Por exemplo, contrata-se um jogador porque arrebentou numa posição, mas ele é utilizado em outra. Nem é o melhor exemplo. Jogou como lateral direito na Juazeirense. Teve poucos minutos por ali no América. Tardelli é outro. Um meia atacante com alto poder de finalização. Virou volante.

São coisinhas assim que vão se juntando e implodindo um planejamento. Agora mesmo Eliel Tavares, vice-presidente do América, já falou que jogadores serão demitidos também. Certo. Acho que partir do zero seria o mais recomendável pela falta até de autoestima dos que aí estão. Mas não há recursos para isso. Quem será demitido? E quem vem para o lugar? Se for para trazer mais do mesmo, ou até pior, é melhor deixar os que aí já estão porque o baque financeiro, que vem afundando cada vez mais o América, é bem menor.

Enquanto não houver humildade para se reconhecer que o projeto em campo é resultado do que se fez fora dele e se tenha hombridade de aguentar o tranco até o fim da temporada das escolhas mal feitas, não há muito perspectiva de acerto. Há quanto tempo o América é o clube em que treinador senta em cadeira elétrica, jogador é dispensado sem ter atuado nem 5 minutos, elenco derruba treinador, fogo amigo derruba diretoria e treinador e por aí vai?

Há quanto tempo o América é o clube que só valoriza jogadores e técnicos importados, mesmo que por aqui existam muitos de qualidade igual ou mesmo superior? Quem na torcida preferia Pachequinho a Luizinho Lopes, por exemplo? Se bem que essa pergunta ficaria melhor lá atrás. Agora, com o desastre que foi a atuação do primeiro, todo mundo vai apontar que Luizinho era melhor pelo menos para o estadual. Mas aí é que está: só se pensa a curto prazo. A chance disso dar certo é de uma em um milhão. E piora a cada ano. Se antes, de 10 em 10 anos o América estava na Série A mesmo com esses percalços, a luta agora é para vencer pela primeira vez o Santa Cruz de Natal, que surgiu no ano passado e em 4 partidas com elencos e treinadores diferentes, impõe um vergonhoso tabu a um clube centenário e que já disputou até competição internacional ao conquistar a Copa do Nordeste.

O que vive o América não é novo. Mas não será a repetição do padrão que vai milagrosamente alterar a realidade atual. 

Potiguar 18: Balanço da décima terceira rodada

Foram 1 vitória de mandante, 1 empate e 2 vitórias de visitantes.

Como mandantes, ABC e América tiveram público de 10.539 e 1.213 pessoas, respectivamente. E com os resultados de ambos na rodada, o ABC sagrou-se campeão do 2.° turno e, por tabela, da competição antecipadamente.

Além disso, os resultados dos jogos envolvendo Força e Luz e Baraúnas rebaixaram o clube mossoroense também antecipadamente.

Potiguar 1x2 Globo - Sorriso, Eduardo e Romarinho
ABC 1x1 Força e Luz - Wallyson e Ignácio, de cabeça
ASSU 4x1 Baraúnas - Gilmar, de pênalti, Marielson-2, sendo um de pênalti, Jeffinho e Selson
América 1x2 Santa Cruz - Adriano Pardal, Xilu, de cabeça, e Aroldinho

1.° ABC - 16
2.° América - 10
3.° Santa Cruz - 9
4.° Globo - 8
5.° Potiguar - 7 (2 vitórias)
6.° Força e Luz - 7 (1 vitória)
7.° ASSU - 5
8.° Baraúnas - 3

Manchetes do dia (19/03)

A manchete do bem: Vizinhos de fontes da Coca-Cola vão ter acesso grátis à água.

As outras: Marielle era combinação rara de representação social e política, Boksa pode render quase 4 vezes mais que a renda fixa em 2018 e Desaparecido é questão invisível, afirma Cruz Vermelha.

Bom dia, minha gente!

Fonte: Folha de S.Paulo

Today's headlines (03/19)

The headline for good: Naomi Osaka wins at Indian Wells her first WTA title.

The others: N.C.A.A. men's tournament: No. 1 Xavier falls in night of upsets, FedEx follows Amazon into robotic future and Austin struck by fourth explosion only hours after television appeal to bomber.

Good morning, everyone!

Source: The New York Times

domingo, 18 de março de 2018

Sem suar

O ABC conquistou o tricampeonato hoje sem derramar uma única gota de suor - se bem que isso é quase impossível no calorão de Natal. É que o América se engasgou de novo com o Santa Cruz na Arena das Dunas - já é quarta vez que isso acontece, mas neste ano foram duas derrotas - e assim o alvinegro não pode mais ser alcançado por ninguém neste 2.° turno. E como também conquistou o 1.° turno, sobrou o famoso liso no campeonato, como há muito não se via.

Para o América, sobrou a necessidade de achar uma identidade, afinal, Pachequinho nem corrigiu os defeitos que o time de Leandro Campos apresentava, nem melhorou o que já estava bom. Não. A involução americana saltou aos olhos e até emprenhou os ouvidos de quem ainda se dispunha a escutar a ladainha de suas entrevistas.

Engraçado que até o mesmo erro de Leandro Campos ele cometeu hoje contra o mesmo Santa Cruz ao sacar um dos volantes da equipe e assim abrir o caminho para tomar o gol da derrota. Mas, justiça seja feita, o Santa Cruz hoje sim jogou bem melhor do que o América, que não passou de um time acovardado em seu próprio campo, longe do que esperamos ver na Arena das Dunas.

Mas Pachequinho, como eu já apontava desde a semana passada, não iria longe no América. Se eu já achava que ele não chegava à segunda-feira no América, hoje mesmo apontei que ele nem saía do vestiário como treinador se o alvirrubro tropeçasse, o que de fato ocorreu.

Águas passadas, é hora do América de fato planejar a Pré-Copa do Nordeste e a Série D. Trazer um treinador de gabarito, que inspire confiança na torcida e saiba de onde trazer os reforços certos para este elenco já configura um bom começo. 

Acredito que o América já tem o nome e deve estar faltando fechar a conta do salário, até pelas cortinas de fumaça que estão sendo levantadas. Acaso seja um treinador que inspire confiança, cada real investido será recebido em dobro.

Se o dinheiro fosse farto, o ideal era desfazer esse elenco, com raríssimas exceções. Mas é bom verificar primeiro a disponibilidade de novos nomes antes de liberar alguém. No ano passado, por exemplo, o atacante Tony foi mandado embora, mas depois descobriram que seria uma opção barata para compor o elenco e, quando foram buscá-lo novamente, ele só aceitava voltar com um belo aumento salarial.

Voltando ao ABC, a velocidade de reforços deve aumentar, especialmente no ataque. Afinal, o nível da Série C é bem superior ao do Potiguar 18.

Aliás, esse título do Potiguar 18 mais pareceu uma batata quente nas mãos de ABC e América. Estava nas mãos de um no 1.° turno, que jogou para o outro. No 2.° turno, estava certinho para o ABC no sábado, mas ele resolveu que não queria e jogou para o América, que queimou as mãos e devolveu rapidinho ao alvinegro no domingo. Ambos tropeçando em equipes menores. Vá entender...

"Quebrar esse tabu"

O lateral Guilherme falou ao site do América sobre o Santa Cruz de Natal, adversário deste domingo, às 19h, na Arena das Dunas:

É um time muito bem montado e organizado dentro de campo. Não é à toa que conquistou vagas em competições nacionais para o próximo ano, como a Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro. Temos que respeitar como todos os outros, mas precisamos nos impor, mostrar a grandeza do América, construir o resultado positivo e quebrar esse tabu.

"É muito importante seguir trabalhando"

O volante Robson, que se recuperou de virose durante a semana, falou a Canindé Pereira, assessor de imprensa do América, sobre a preparação para o restante do estadual e as competições que se avizinham.

América x Santa Cruz
Jogo muito importante para a gente, uma decisão. A gente sabe que não podemos contar com o resultado do nosso rival. Temos que pensar no nosso jogo. Todo foco no nosso jogo, esquecer o resto de fora. 

Pré-Copa do Nordeste e Série D
A gente que joga no América, um grande clube, a gente tem que, toda competição que a gente entra, a gente tem que entrar para ser campeão, entrar para chegar em decisões. Então, não vai ser diferente. A gente tem mais esses competições. É muito importante seguir trabalhando. O professor está dia a dia acertando os erros, corrigindo e a gente só tem a crescer cada vez mais.

Detalhe

A transformação do estadual em várzea ainda não é total, mas o vídeo abaixo é um bom retrato do processo em andamento. Detalhe: apesar de que a agressão ao assistente era iminente, é ele quem desfere o primeiro golpe, obviamente num reflexo de defesa.

Primeira vez

O competente Canindé Pereira acabou de informar que, pela primeira vez, o técnico Pachequinho relacionou o goleiro Ewerton, o lateral direito Alisson e o meia Anthony, todos oriundos das categorias de base do América.