Desafio sempre é acompanhar uma transmissão de jogo do América na MyCujoo. Quando não é a lente da câmera suja, são os ângulos que dificultam a visão do jogo. Isso para não falar na quase labirintite na busca da bola, ou na própria ausência da bola na imagem... Prefiro nem comentar sobre narração e comentários. Isso sempre me dá a sensação de que estou vendo o jogo pela metade.
Metade também foi o que o América jogou hoje. Viagem longa com ônibus quebrado na ida e calor intenso podem sim explicar o fenômeno, que vem se repetindo fora de casa, embora desta vez o 2.° tempo todo tenha sido nessa batida.
A metade inicial foi muito boa para o América, ainda que tenha enfrentado uma arbitragem esquisita, que inverteu faltas, laterais e até pênalti tenha inventado.
Logo no início, Wallace Pernambucano, carregando nas costas como se fosse uma mochila um jogador do Guarany, conseguiu cabecear para o gol. O jogador-mochila seguiu agarrado com Wallace até o chão, que nem pôde comemorar o feito ante o peso a lhe conter deitado no gramado. Nesse caso, o árbitro não viu problema algum no lance.
Depois, ele enxergou, talvez (para usar um termo bem ao gosto da transmissão) do vestiário, um pênalti de Felipe Guedes. Antes mesmo do lance, o árbitro claramente se aproximou do trio Vitor Paiva, jogador do Guarany (desculpe, não confiei em nome algum dito na transmissão) e Felipe Guedes, já dando pinta da intenção do que iria fazer após a cobrança de escanteio. Uma vergonha que um árbitro àquela distância desse falta num lance em que absolutamente nada aconteceu.
Do outro lado, quando também marcou um cotovelo do jogador do Guarany na bola, eu gostaria de deixar um pequeno protesto como jurista que sou. Há toques e toques de mão na bola. O toque que deveria ser pênalti é aquele cuja intenção é impedir que a bola ultrapasse o jogador. Nos toques em que o jogador desvia a bola para impedir que ela atinja seu rosto ou sua barriga ou seus genitais, não há intenção de prejudicar o adversário, mas uma reação de proteção que qualquer ser humano médio teria na mesma situação. Acho que o cotovelo do jogador do Guarany cai nesta segunda hipótese, já que a bola iria mesmo atingir seu corpo se ele não colocasse o cotovelo ali, o que constitui reflexo de proteção. Agora o que a Fifa, a CBF e seu séquito de árbitros entendem sobre intenção é algo tão misterioso quanto decisão de "justiça" desportiva.
De todo jeito, pelo menos a injustiça do primeiro pênalti ficou em equilíbrio em relação ao placar do jogo, mas é apenas um pequeno retrato do que o América tem a enfrentar até o término da competição.
Wallace Pernambucano foi lá e marcou seu segundo gol na partida. Parece que ele está gostando de fazer logo dois gols quando consegue marcar.
Mais à frente, um erro de Augusto terminou numa bela assistência de Renan Luís (2.° jogo seguido, salvo engano) para Dione marcar mais um golaço. Sim, na rodada passada, Dione marcou um golaço de falta (existe sim!) e gostou tanto da brincadeira que repetiu a dose hoje.
Guarany 1x3 América, placar definido no 1.° tempo. Ainda bem porque depois do intervalo o futebol do América acabou. O termo da moda é um tal de sofrer. Pior: aprender a sofrer. Carece não. De chutão para cima, o América já sabe desde fevereiro/março que o sofrimento é grande e dificilmente termina em vitória. E um tempo inteiro de sofrimento não é nada louvável nesta fase da competição.
Entretanto, como citei lá no começo, podemos dar o desconto das condições pré-jogo e até durante o jogo. É esperar que esse tal sofrimento não fique dando as caras tão prematuramente nos jogos porque o nível dos adversários tende a aumentar após a fase de grupos. Também agora volta a tranquilidade de apenas um jogo por semana.
Gostei muito da entrada de Elias no lugar de Anderson Paraíba, algo que me parecia tão natural quanto foi no jogo de hoje, especialmente com Elias voltando à forma.
Também adorei ver Luiz Eduardo mais uma vez em campo. O garoto da base parece disposto a agarrar a preciosa oportunidade que Paulinho Kobayashi vem lhe dando na parte final do 2.° tempo.
Sem muito alarde, o América segue para conquistar antecipadamente sua classificação. Há tempo para corrigir os defeitos que insistem em dificultar as partidas, como a persistência em se desfazer da bola depois do resultado construído. Menos mal.