... o cachimbo cai. Nunca um dito popular foi tão adequado ao América e é a lição do jogo de hoje.
O golaço de falta de Dione - saudades de um gol de falta - deu ao time de Kobayashi uma tranquilidade que rapidamente virou displicência e menosprezo a um adversário já batido há 3 dias e que ocupa a lanterna do grupo.
O time cochilou e o cachimbo caiu. O Atlético começou a gostar do espaço oferecido pelo time que tinha certeza da vitória antes mesmo da metade do 1.° tempo e abdicou de jogar como mandante.
No último lance do 1.° tempo, foi a vez do goleiro Vitor ter seu cochilo pessoal. Bola tranquila de Alisson Brand para ele e o goleiro esqueceu 2 regras básicas da posição: sempre deixar seu corpo entre a bola e o gol e não fazer domínio de bola com o pé para frente do gol. Ele simplesmente ofereceu a bola para o adversário sem a menor chance de recuperação. Aí o cachimbo caiu mesmo, com o Atlético chegando ao empate.
No 2.° tempo, algumas boas coisas aconteceram. A leseira de Jean Santos abriu a porteira. Com cartão amarelo, ele fez questão de dar uma pisada em Romarinho na cara do árbitro. Pior foi ainda ter que ver a reclamação revoltada do volante do Atlético. É muita cara de pau.
A saída de Anderson Paraíba para a entrada de um Elias bem melhor do que nas apresentações anteriores trouxe o América de volta ao bom futebol, principalmente após a entrada de André Krobel para fazer tabelinha com o ótimo Everton Silva. Elias se movimenta por todo o campo e o lado direito ficou praticamente irresistível. Não demorou para Everton Silva achar Elias entrando pela direita (sim, pela direita!) para marcar o gol do desafogo.
A partir daí o América voltou de vez a demonstrar vontade de encurralar o adversário e ampliar o placar. E assim foi. Carlos Renato cruzou para encontrar Augusto também entrando pela direita para fazer o 3.° gol. Depois, num avanço pela esquerda, o mesmo Augusto definiu o placar em 4x1.
Antes do 4.° gol, ainda deu tempo de ver o jovem (e com potencial) atacante da base americana Luiz Eduardo, de quem eu muito espero no futuro.
Sobre Vitor, ele voltou para o 2.° tempo sem o menor resquício da falha cometida no fim do 1.° tempo, o que é ótimo sinal. Fez grandes defesas ainda.
Sobre Augusto, vejo muita reclamação, mas é preciso ressaltar a grande movimentação que ele tem pelo meio, seja para marcar - o que faz taticamente muito bem - seja para buscar o jogo na saída de bola. O mais próximo no elenco nesse tipo de atuação é Elias e hoje mais uma vez me pareceu que o melhor para o América é ter os 2 em campo sempre que possível, sendo Anderson Paraíba o mais próximo de perder a posição.
Também acho que Wallace Pernambucano fez um partidaço, mesmo não tendo marcado um único gol. Marcou, tomou bola, deu passe com açúcar e com afeto - que Romarinho desperdiçou - e ainda obrigou o goleiro adversário a defender aquela velha cabeçada mortal dele.
Menciono também Alisson Brand, que esteve muito mal no jogo passado, mas muito mais à vontade hoje.
No geral, a vitória, ainda que seja a 5.ª consecutiva, não pode apagar o alerta de que qualquer jogo contra qualquer adversário exige empenho do início ao fim. Displicência e menosprezo significam dar sopa para o azar, algo que ninguém aguenta mais, especialmente na fase eliminatória, que se imagina mais difícil que a fase atual. No jogo de hoje, o rumo só se corrigiu mesmo após o Atlético ficar com um a menos e com a entrada de André Krobel logo após essa expulsão. Não precisava chegar a tanto. E também não dá para acreditar que uma vitória chegará sem esforço, seja contra quem for.
No mais, quando essa equipe joga de pé em pé, sem displicência, dá muito gosto de ver. Ainda bem que Paulinho Kobayashi me devolveu essa alegria.