Ídolo como jogador, Paulinho Kobayashi assumiu hoje de fato e de direito a função de técnico do América para o jogo que falta do estadual e a Série D, que começa neste mês, e já deu sua primeira entrevista coletiva como comandante do Mecão.
Ídolo x técnico
É uma situação em que, desde o momento em que eu resolvi ser técnico de futebol, eu corro esse risco, não só no América, mas em todos os clubes em que passei. Quando você se torna um ídolo, as pessoas te olham de uma maneira diferente, e quando vão cobrar, cobram como um técnico normal. Então eu sei que eu vou ser cobrado, eu sei que os resultados vão ser cobrados e eu não posso ter medo disso porque quando você resolve ser técnico de futebol, você corre todos os riscos. Assim como fui campeão em outros lugares, isso me ajudou também. Mesmo não tendo jogado no Piauí, lá eu me tornei um ídolo como técnico de futebol. E eu penso dessa maneira: como técnico de futebol, em todos os clubes por que eu passar, independente se eu já fui ídolo um dia como atleta, eu possa ser um ídolo também como técnico.
Negociação com o América
Não é só agora com o presidente Léo, mas desde o meu primeiro ano, quando eu estava com a Francana em 2010. No ano passado, quando eu fiz aquela campanha também pelo Imperatriz, fortaleceu ainda mais. Então esse contato existe sempre. Até mesmo o torcedor sempre pede a minha vinda para o América. Hoje é uma satisfação muito grande poder voltar para o América como treinador.
Evolução do clube
Na época de atleta, eu penso que era muito mais difícil porque a situação do América não era como é hoje em termos de estrutura. Na primeira passagem, para você ter uma ideia, nós não tínhamos nem CT, treinávamos num campo na entrada da cidade. Em 2005, quando eu voltei na Série C, já tinha o CT aqui, mas a estrutura também não era como hoje. Nós tivemos o acesso também e em 2006 a mesma coisa. Então eu penso que hoje o América evoluiu muito, cresceu. Não que o América não era grande. O América sempre foi grande. Eu sempre achei o América uma equipe de uma grandeza enorme em termo nacional, não estou nem falando de Rio Grande do Norte, estou falando nacional. Desde a primeira passagem que eu tive em 98, com esse título, esses acessos, eu percebia que em todo lugar que eu fui a referência não era só o Santos Futebol Clube, e sim o América de Natal. Você faz esse comparativo e eu vejo que a estrutura que o América proporciona hoje é mais ou menos parecida com a grandeza que é do América, oferecendo toda essa estrutura, até mesmo o próprio estádio que tem hoje, eu sei que é proporcional à grandeza do América.
Momento do América
Como eu falei, o América sempre fez parte da minha vida. O América é um dos clubes que marcou muito. Então eu sempre acompanhei. A gente vê que é um clube de uma grandeza enorme e essa situação em que ele se encontra hoje com essas derrotas a gente acaba vendo que influencia muito na troca do treinador porque isso daí não é só o América, e sim no Brasil e talvez no mundo todo, talvez na Europa nem tanto, mas no Brasil principalmente sempre tem essa troca. É um momento difícil, porém, o elenco que eu acompanhei, que eu vi desde a época do Waguinho, teve algumas mudanças, lógico, mas eu sei que é uma equipe qualificada com os atletas que tem e a gente vai tentar dar um ânimo para que eles possam jogar o futebol que eu tenho como modelo de jogo e fazer com que o América consiga os objetivos deste ano.
Estilo de jogo
Eu gosto também de jogar para frente, eu gosto de jogar o futebol. Lógico, você tem que ter o resguardo de não tomar muitos gols, mas se você não fizer um time grande jogar como grande, não adianta você estar num grande; você tem que estar num time pequeno, com medo de jogar e tentando resguardar. Não estou criticando ninguém, mas é a minha maneira de pensar, minha filosofia. Eu acho que o tempo que eu tive no América foi um tempo vencedor em 98, 2005, 2006. Então foram anos em que eu fui muito vencedor. E eu penso que eu tenho que trazer toda essa filosofia que eu tive como vencedor para o próprio América pela grandeza que ele tem.
Preparação para a final do 2.º turno
Primeiro, tentar fazer com que os atletas entendam porque de nada adianta você tentar mudar uma filosofia se os atletas não conseguirem entender o mais rápido possível. Esse é o objetivo para que eles possam entender o mais rápido possível. Lógico que requer um pouco mais de tempo para que você possa desenvolver todo o trabalho 100% daquilo que a gente pensa como modelo de jogo. Mas como nós não temos muito tempo, principalmente pelo fato de ser uma decisão, a gente vai procurar tentar fazer com que os atletas taticamente procurem fazer aquilo que a gente quer e, de acordo com o adversário, a gente vai procurar buscar o nosso objetivo, que é a vitória, que é só o que nos interessa.
Troca de treinador
É aquilo que eu falei: o Brasil é assim. O técnico vive do final de semana quando tem jogo. Se conseguiu o resultado, ele permanece. Se começar a perder, isso não significa falta de qualidade ou de competência de qualquer técnico que saiu, muito pelo contrário. Roberto tem muita qualidade. Ele foi meu técnico, a gente sabe disso, mas é questão que é cultural. Isso daí o Brasil, infelizmente, faz com todos os treinadores em todos os clubes.
Relação do técnico com os atletas
Eu não posso julgar essa maneira de perder grupo ou não ter grupo. Eu estou chegando agora. Eu tenho que estudar esse grupo, eu tenho que conhecer esse grupo para que eu possa desenvolver o meu trabalho em cima dos atletas que estão [aqui]. Agora o que passou eu não posso julgar. Isso daí fica mais para a diretoria porque a avaliação não pode ser de quem está chegando e de quem já estava. O meu objetivo agora é tentar fazer com que os atletas entendam o meu modelo de jogo, a minha filosofia, o meu dia a dia, tenham essa confiança em mim para que a gente possa desenvolver o melhor futebol pelo tamanho da grandeza do América.
Currículo
Eu posso falar da minha credencial, que eu venho nos últimos anos com conquistas. Em 2017, eu fui campeão pelo Altos. Em 2018, eu fui bicampeão. Em 2019, eu terminei em 3.º no Campeonato Cearense, sendo eleito o melhor técnico da competição. No ano passado, quando eu assumi o Imperatriz, ele estava na zona de rebaixamento e eu consegui classificar o time e jogar por 2 jogos para o acesso à Série B. Então eu penso que essa é a credencial com que eu chego ao América. Eu tenho que avaliar a minha performance nesses últimos anos, que acho também que eu já merecia essa oportunidade de conseguir dirigir o América porque eu tenho certeza que a minha capacidade é do tamanho do América e que a gente vai conseguir os nossos objetivos.
Pontos fracos do América
Aí você está querendo que eu responda para o Diá, para o ABC ou para os torcedores (risos)? (...) Tem muita gente vendo e a gente tem que estudar e passar para os nossos atletas algumas situações pontuais que nós precisamos corrigir e acrescentar aquilo que eu acho que eu tenho que desenvolver com os atletas. (...) Nós precisamos ter as nossas atitudes e tentar implantar pelo menos uma parte do nosso modelo para que os atletas mudem. Acho isso também é natural. Nós não podemos crucificar agora tudo que foi feito porque, se chegou à final, foi por méritos. E agora dentro dessa final a gente vai tentar surpreender o adversário.
Contratações
Eu tenho que focar na final da competição. Nós estamos numa final. Nós precisamos ganhar esse jogo para ter mais 2 partidas. Então, após essa final, aí sim nós vamos pensar se há a necessidade de contratação ou não.