terça-feira, 11 de agosto de 2020

Nem parece

A vida mudou tanto que eu vim lembrar ontem numa conversa telefônica com um oficial de justiça de Mossoró que hoje seria feriado. "Feriado de quê?", perguntei, imaginando uma data municipal. "Dia do advogado" foi a resposta. Caímos na risada.

De fato, nem parece feriado. Em casa eu já estou na maior parte destes 5 meses. Não sou mais professora, nem frequento mais a rádio para as transmissões do América. Como advogada, o ritmo de trabalho digital se manteve, com o acréscimo de que hoje todo contato ou é por telefone, ou por rede social, ou até via petição no PJe. Nada de secretarias de varas, juizados ou gabinetes de tribunais.

Este foi o primeiro ano em que esqueci da data. Malvadeza do cérebro. Nunca tal profissão foi tão requisitada como nos últimos tempos, especialmente  para trazer equilíbrio a contratos e chamar empresas à sua responsabilidade. Todo mundo tem um problema para chamar de seu.

O exercício da advocacia desenvolve a paciência. É preciso lidar com as mentes diferentes que povoam cada vara/juizado/tribunal deste país, cada uma com seu próprio ritmo. Explicar isso a clientes que nem sempre entenderão... Na dúvida, a conta sempre sobra para a advocacia, seja a liminar descumprida apesar das penalidades, seja a execução que findou infrutífera porque não há bens identificáveis do devedor, ou o famigerado ritmo da Justiça brasileira. 

Lembro dos meus tempos de professora da Prática Jurídica da UFRN em que o coordenador dizia que nós éramos a única profissão do mundo que comia seus honorários. "Recebeu quanto fulano?", "Recebi X, mas o advogado comeu 20%". Ninguém se liga de calcular o valor pago pelas horas, dias, meses e até anos de trabalho naquele processo. Talvez se chegue a uma remuneração de R$ 50-100/mês. Nem quem recebe auxílio emergencial é tão mal remunerado para ficar com tal pecha de "comedor de dinheiro". 

A advocacia faz da luta pelo direito do outro o seu sacerdócio. Compramos a briga pela justiça. Enfrentamos decisões que surpreendem na certeza de alcançarmos o que é justo. Mas essa certeza está na nossa alma, e ela nem sempre é alcançada pelas decisões judiciais. 

Nesses anos todos em que milito no Direito já vi ondas e ondas, por exemplo, em relação aos danos morais. De tempos em tempos, surge uma convicção comezinha que pretende afirmar que há uma tal indústria do dano moral. Ora, se não há dano sem um causador, seria mesmo a advocacia a responsável pela multiplicação das indenizações motivadas por danos morais? 

A onda atual quer permitir a planos de saúde e empresas de venda online o descumprimento contratual sem punição, transformando o inadimplemento em negócio vantajoso para o inadimplente convicto. E não falo aqui de pequenos descumprimentos. Tratamentos negados, ou cumpridos a menor ou com grande lapso temporal, entregas nunca feitas, ou feitas com atrasos de meses absolutamente injustificados, tudo sem ao menos uma explicação, ainda que mentirosa, para o consumidor. Há uma verdadeira institucionalização do descumprimento não gerador de dano, gerando efetivo estímulo para que contratos de consumo funcionem como financiamentos a juros módicos para os ramos da economia citados.

Sim, a luta da advocacia é a do dia a dia: buscar o cumprimento da lei. Agora lutamos também contra a ideia de que a multiplicação de processos é fruto, dentre outras coisas, dessa tal indústria do dano moral. Como sociedade, estamos tomando o caminho errado mais uma vez. É a impunidade que multiplica as condutas ilícitas, não a busca por justiça. Economicamente falando, empresas cumprirão contratos a contento se for bem mais caro descumpri-los. Simples assim. E sem descumprimento, menos ações na Justiça, né? Logo, tal qual o sofá no adultério, se há uma indústria do dano moral multiplicando ações, a culpa não é dos consumidores lesados, nem de seus advogados constituídos.

Esse é apenas um pequeno retrato das angústias da profissão que briga diariamente por justiça. Advogados(as) são ansiosos(as), advogados(as) sofrem de depressão, advogados(as) são angustiados(as), advogados(as) correm contra o tempo, o tempo todo. Certamente merecíamos um pouco mais de consideração, ainda que existam maus profissionais entre nós. Ora, a advocacia não é uma ilha e dentro da sociedade nem todos somos éticos. E pelo menos neste quesito a democracia impera: isso independe de profissão.

Neste 11 de agosto, rendo minha homenagem aos colegas que, como eu, persistem no ofício pelo mais absoluto prazer de ver justiça sendo feita. Que esse amor pelo Direito e pela Justiça seja enfim uma realidade no dia a dia dos brasileiros e das brasileiras de norte a sul deste país. Nós, da advocacia, seguimos na luta. 

Manchetes do dia (11/8)

A manchete do bem: Antes comparado ao Brasil, Paquistão muda de rumo e consegue controlar pandemia.

As outras: CBF passa a exigir testes de Covid-19 de todos os jogadores, Putin diz que Rússia aprovou regulação da 1.ª vacina para Covid-19 e 'Pandemia é resposta biológica do planeta', diz Fritjof Capra.

Bom dia.

Fonte: Folha de S.Paulo

Today's headlines (8/11)

The headline for good: A rare economic bright spot in the U.S. health system: the vet's office.

The others: U.S. contractor knew of explosive material in Beirut since at least 2016, Catholic churches drop hymns after accusations against composer, and Top female chief quits, accusing N.Y.P.D.  of widespread gender bias.

Good morning.

Source: The New York Times

segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Ufa!

Campeonato voltando com uma transmissão nova, pressão pelo resultado, muitas coisas aumentavam sobremaneira a expectativa para América 2x0 Globo. 

A transmissão até surpreendeu. Mas as câmeras não se acertaram em muitos momentos e eu vi a hora eu ter uma crise de labirintite, mesmo sem ser acometida desse mal. 

Além disso, misturar narração de rádio com TV ficou parecendo um arremedo desnecessário, mesmo Marcos Lopes sendo um grande narrador. Rádio é rádio, TV é TV. Melhor FNF e 98 FM se acertarem sobre quem leva Marcos Lopes e quem escala um substituto.

Sobre o jogo, o desempenho de ambas as equipes foi sofrível, algo de certa forma esperado para o tempo sem atividade. 

Aliás, antes de falar do jogo, é preciso destacar o papel negativo da arbitragem. Impedimentos inexistentes aos montes, especialmente contra o América no 1.° tempo, a expulsão injusta de um jogador do Globo no 1.° tempo e um gol do Globo mal anulado no 2.° tempo certamente tiveram influência tanto no desempenho quanto no resultado.

Voltando ao jogo em si, é preciso destacar o sofrimento exacerbado do América, mesmo tendo já feito um jogo oficial há uns 20 dias. Mesmo quando o Globo teve um a menos ainda no 1.° tempo, o América não se encontrou em campo.

A escalação também foi uma surpresa. A saída de César Sampaio por uma febre jamais deveria ter dado lugar à entrada de Fabiano, que mal chegou ao time. Felipe Guedes foi recuado e o time ficou muito desconjuntado porque nem trabalhava bem no meio e nem com os dois laterais, cada qual disputando quem fazia a pior partida. Ou seja, aquele drama da falta de saída de bola, tão evidente contra um time da Série A, voltou a assombrar contra um time de Série D.

No 2.° tempo, uma bola bloqueada num ataque do Globo acabou sobrando certinha lá na frente para o veloz Augusto vencer os zagueiros e bater na saída de Rodrigo Carvalho: 1x0. 

O gol trouxe alívio para o América e um certo alvoroço para o Globo. 

Antes disso, Elias havia substituído Romarinho e Wallace Rato, Fabiano. Trocas certas, mas que só surtiram efeito mesmo após o gol de Augusto e, principalmente, a saída de André Krobel para a entrada de Felipe Cordeiro, que passou a jogar na cobertura de Wallace Rato, que, por sua vez, movimentou-se praticamente ocupando toda a faixa direita com algumas incursões pelo meio.

Também surgiu alguma coisa de melhor nível entre Lelê e Elias, este tendo finalmente aparecido num jogo a que assisti.

Depois Edimar escorou um cruzamento e deu ainda mais tranquilidade ao time.

Só que o cansaço começou a ameaçar principalmente o lado direito americano e o Globo, também cansado, entendeu que era hora de pressionar. E funcionou, mas aí a arbitragem estava num daqueles dias.

Wallace Pernambucano ainda entrou no lugar de Rômulo, mas ambos estiveram muito longe do esperado.

Nem falei de Ewerton, né? Bem, ele foi o melhor do jogo para mim (com uma menção honrosa a Wallace Rato). Seguro, providencial, e mesmo numa posição que é a que mais sente a ausência de ritmo de jogo, o goleiro mostrou, quando acionado, que continua no nível de antes da parada forçada pela pandemia.

Enfim, a sensação após o que se viu no 1.° tempo foi mesmo de grande alívio com o apito final do árbitro. E ao contrário do jogo contra o Fortaleza, esse valeu pelo resultado, que deixou o Mecão na liderança e joga a pressão para seu rival, que entra em campo amanhã contra o Santa Cruz.

Na sexta-feira, a parada é no Nogueirão, onde normalmente a técnica sofre grandes abalos. Em tempos de faca nos dentes, vencer é a ordem do dia, ainda que o desempenho esteja bem aquém do esperado.

Dia D

Dia decisivo para América, Globo e Federação Norte-rio-grandense de Futebol. 

Para a FNF, hoje é dia de provar que ela pensou num produto com qualidade e confiável tanto na hora da compra como na hora da exibição. Até agora, pelo menos a parte da compra tem sido tranquila. É o que relatam os inúmeros Sócios Mecão que receberam seus vouchers e efetuaram a aquisição dos jogos do América sem qualquer intercorrência. 

Para o Globo, só a vitória interessa. Com 9 pontos em 5 partidas, ou seja, tendo apenas mais 6 pontos em 2 partidas a serem disputados neste 2.° turno, a equipe do técnico Renatinho sabe que o jogo de hoje é daqueles tidos como de 6 pontos: garantir 3 pontos é impedir que seu principal concorrente suba na tabela, além de o deixar muito próximo de uma vaga na final do turno.

Para o América, além de aumentar a pressão do estadual em si (só sua conquista garante um calendário mais tranquilo em 2021), a vitória pode atenuar a desconfiança que ronda a equipe pela ausência de vitórias nos últimos 5 jogos, que resultaram em 2 empates e 3 derrotas. O Vermelho de Paixão foi mais além e apurou que só houve 1 vitória nos últimos 10 jogos. Ou seja, um tropeço contra o Globo é inimaginável para Roberto Fernandes e seus comandados.

Portanto, às 20h15, o dia D do futebol do RN promete marcar vencedores e vencidos em seus desafios sem dó nem piedade. Que o empenho seja do tamanho da expectativa gerada.

Manchetes do dia (10/8)

A manchete do bem: Cerveja em casa segura resultados de fabricantes de latinhas na pandemia.

As outras: Convidado para chefiar missão, Temer precisa de autorização para sair do país, 'Dia do fogo' em 2019 gerou poucas multas ambientais e Rápida recuperação das Bolsas reacende discussão sobre bolha.

Bom dia.

Fonte: Folha de S.Paulo

Today's headlines (8/10)

The headline for good: The wallets of Wall Street are with Joe Biden, if not the hearts.

The others: The coming eviction crisis: 'It's hard to pay the bills on nothing', At Europe's illegal parties, the virus is the last thing on anyone's minds, and Belarus says longtime leader is re-elected in vote critics cal rigged.

Good morning.

Source: The New York Times

domingo, 9 de agosto de 2020

Podcast: Faca nos dentes

Os jogos que faltam no estadual do RN. 




Listen to "Faca nos dentes - Só Futebol? Não! com Raissa" on Spreaker.

Manchetes do dia (9/8)

A manchete do bem: Alta nas ações após vídeo com Thammy sinaliza valor da diversidade, diz presidente da Natura.

As outras: Grupo de brasileiras expõe centenas de casos de assédio e xenofobia em Portugal, Interação com robôs sobe até 200% na pandemia e Pandemia da Covid-19 é hecatombe brasileira.

Feliz Dia dos Pais!

Fonte: Folha de S.Paulo

Today's headlines (8/9)

The headline for good: America could control the pandemic by October: Let's get to it.

The others: Even asymptomatic people carry the coronavirus in high amounts, Georgia businessman charged with hoarding face masks and price gouging, and Google Pixel 4A review: At $350, a win for those on a budget.

Good morning.

Source: The New York Times