18 anos. Se gente fosse, o atentado terrorista que derrubou as torres gêmeas do World Trade Center em Nova Iorque, além de atingir o Pentágono e ainda ter um outro avião derrubado na Virgínia (dizem que foram os próprios passageiros que partiram para o confronto com os terroristas ao saber do que rolava, mas há quem jure que foi a Força Aérea americana que o derrubou, vez que rumava para a Casa Branca), atingiria hoje a maioridade.
Aquele 11 de setembro foi marcante. Eu estava na calçada do TRT21 com meu amigo Kildare, pois havíamos acabado de assistir a uma audiência numa das Varas do Trabalho e seguíamos para uma sessão do tribunal para cumprir os requisitos da última cadeira de prática jurídica do curso de Direito da UFRN. Ao telefone, Janaina me avisava que haviam jogado dois aviões nos prédios do WTC e que era um ataque terrorista, não um acidente, com tudo mostrado ao vivo na Globo.
Nem lembro o que respondi na hora, só lembro da sensação de pânico. Ora, os terroristas agiam nas fuças do país de maior poderio bélico do mundo. Ao comentar com Kildare, inteligentíssimo amigo de faculdade que me mostrou que uma religião mais estrita como a das Testemunhas de Jeová pode andar de mãos dadas com o conhecimento científico, ele logo diagnosticou: "É a terceira guerra mundial". Resume bem o sentimento de todos naquele momento de angústia.
O mundo mudou ali. O Século 21 mal começara e já imergira numa nova realidade, em que estados ocidentais passaram a querer limitar direitos civis em nome da luta contra o terrorismo. O país baluarte da democracia viu-se acossado por várias denúncias típicas de republiquetas de bananas, como tortura, grampos ilegais de suspeitos, dentre outros.
Definitivamente, o mundo não foi mais o mesmo. Uma onda de rejeição a imigrantes, especialmente mulçumanos, mostrou a que ponto seres humanos podem chegar na irracionalidade.
18 anos depois, não tivemos a terceira guerra mundial. Pelo menos não ainda. Sabemos hoje dos males que uma guerra traz até para vencedores, se é que os há. Mas a onda reacionária baseada em preconceitos nos fez voltar várias casas na luta por um mundo melhor. Seguimos aos trancos e barrancos em busca de evolução, e isso muitas vezes significa ter que lutar por coisas há tanto tempo já garantidas, como liberdade de expressão e de pensamento, de religião - o que inclui, por óbvio, a de não ter religião, e igualdade entre as pessoas.
Se antes a viagem para os EUA era menos estressante, a realidade atual é de atenção, filas, raios-x, câmeras nos aeroportos e em todo lugar em que haja concentração de pessoas. É preciso muita atenção para saber o que pode ou não ir nas malas, especialmente na de mão. E enfrentamos entrevista até na hora do check-in se escolhermos uma companhia aérea americana.
Sim, o mundo ficou mais paranoico. Vivemos uma angústia que não passa. Nada nos conforta. Vivemos de olho no outro.
Será que um dia vamos nos reencontrar com a nossa essência de amor e solidariedade? Seguimos na luta.