Nem o mais otimista dos torcedores do América imaginava um início de competição tão avassalador do Orgulho do RN. 2 jogos, 2 vitórias, 10 gols marcados, nenhum sofrido.
Se o time sobrou no estadual, também está sobrando no grupo A6. Mas não é só desnível técnico, não. É principalmente entrosamento e muita, muita aplicação tática.
Nas duas partidas, a repetição de padrão: jogo numa única metade do campo. O América de Moacir Júnior não sossega enquanto não domina o adversário. Aliás, não sossega momento algum da partida.
O Mecão é um martelo chato para quem o enfrenta. Sobe com Kaike, sobe com Joazi, infiltra com Adriano Pardal, infiltra com Jean Patrick, infiltra com Roger Gaúcho. É um lançamento ou uma virada na medida de Adenilson. Até os zagueiros Adriano Alves e Brand/Alison empurram o time adversário para o seu próprio campo.
Num futebol tão nivelado por baixo, dá gosto ver uma equipe que não se conforma com 1x0, que não menospreza o adversário, que não dá chilique em campo nem se contenta com cera.
No jogo de hoje, o primeiro gol demorou a sair, mas não havia a menor dúvida de que ele sairia. O América-PE sonhava em engatar um contra-ataque, mas estava super satisfeito com o empate, muito ciente do que lhe esperava nos 45 minutos finais.
A artilharia foi tão pesada (de novo, gols anulados) que até gol de falta - um verdadeiro golaço - voltou a aparecer na Arena das Dunas, mais uma obra prima de Adenilson (se não estou enganada, já tem 3 assistências nesta Série D).
Gol de falta, gol em cobrança de escanteio, gol de bola rolando, gol de voleio, gol de cabeça. O repertório só aumenta, assim como a empolgação da torcida americana, que finalmente volta a sorrir como há muito não se via.
Também gostaria de destacar o que jogou Roger Gaúcho. Driblou como quis, passou como quis, deixou todo mundo na saudade na maior parte das jogadas, especialmente no 2.° tempo. Inspirado, assim como Hiltinho, que entrou no 2.° tempo.
Mikael ainda sofre de falta de entrosamento, mas ele vai chegar.
É nas vitórias que alguns defeitos devem ser apontados. Adenilson na lateral funciona num jogo definido apenas. E é um grande armador para ser desperdiçado num lado do campo. Ou seja, falta um lateral esquerdo para brigar pela posição com Kaike. E não há uma opção de força para substituir Max. Melhor abrir o olho para essas carências.
Joazi esteve abaixo de Vinícius, que não apareceu na lista, provavelmente por problema médico.
Outra coisa, Moreilândia não deveria ser apenas um substituto de Leandro Melo. Ele é 2.° volante e pode (e deve) jogar ao lado dele em certos momentos.
No mais, gostei até das substituições. Rodar o elenco é crucial para quem pretende algo mais numa competição. E o América parece mesmo de saco cheio dessa tal de Série D.
P.S.: América e Arena das Dunas precisam parar de menosprezar a torcida americana. O jogo começou e muita gente do lado de fora tentando entrar pelos dois portões abertos no setor Leste. Outra coisa, a saída com poucos portões abertos e que levam a multidão diretamente para carrinhos de ambulantes, inclusive com alta temperatura, é um pedido para que um acidente aconteça. Não é possível que ninguém responsável tenha o mínimo de bom senso para observar tais coisas.
P.S. 2: Perdi de ver o 4.° gol porque uma briga começou dentro da Máfia Vermelha e não havia uma só pessoa - fiscal ou PM - para separar. Ter que escolher entre ver o jogo ou se preparar para fugir de uma confusão é simplesmente ridículo.