A velocidade com que as coisas têm mudado no mundo cresce exponencialmente, sem a menor sombra de dúvida. O que existia ontem pode não ter deixado mais nem rastro.
Neste fim de ano, corrigindo umas redações de alunos a respeito de revistas de fofoca no país, me assustei com o fato de apenas um deles ter apontado uma mais próxima do conceito que a minha geração tem de revistas de fofoca - Caras, que é especializada, digamos, na vida de famosos.
Para os outros, a revista que se encaixaria no conceito é a Veja. Não sei como reagir. Ainda que alguém não concorde com a linha editorial da Veja, ou da Carta Capital, ou da Época, ou até da Istoé, não dá para negar a essência de revista de atualidades, notícias mesmo, longe do padrão revista de fofoca.
Não creio que o problema seja o nível de debate Whatsapp que vimos nas eleições deste ano. A galera do conto do vigário no Whatsapp é das antigas. No caso dos mais jovens, acho que é um tipo de morte em si da mídia tradicional. O material impresso não atrai mais tanto quanto a tela de smartphones. E aí os que fizeram a redação na prova apontaram a revista mais presente no inconsciente coletivo.
Ressalte-se que os livros não sofrem desse mal. O mercado eletrônico encolhe e o tradicional se expande. Até as livrarias mais tradicionais se mantêm. São as mais antenadas, como Saraiva e Cultura, que sofrem no momento atual.
Entretanto, é insofismável que a imprensa passa por uma ebulição que requer novas formas de entregar a notícia e, obviamente, novas formas de vender o seu serviço. O que resultará disso ainda não podemos apontar se será benéfico ou não e para quem.
Tudo isso me causa uma angústia grande porque prefiro a leitura em papel também no caso de jornais e revistas. No entanto, sinto-me cada vez mais como uma estranha no ninho. Um dia desses até ri quando um aluno me disse que nem a avó dele lia mais jornais impressos.
Como será o amanhã? Responda quem puder, como já vaticinava João Sérgio quando escreveu o famoso samba enredo da União da Ilha para o carnaval do Rio de 1978. Pode não parecer nada, nada com o hoje, e menos ainda com o ontem. Melhor ou pior, saberemos. Mas certamente diferente. E em mudança constante.