Era mais certo do que 2+2=4: a demissão de Felipe Surian seria um tiro no pé. Todo o planejamento de 2017 foi feito por e com ele. Os jogadores são leais a ele. Alguns até abriram mão de proposta melhor por causa dele.
Houve quem comemorasse sua saída. "Treinador de time pequeno", diziam. Não enxergaram o óbvio: Beto Santos e sua trupe trabalham para extinguir o América. Basta olhar para trás, lá no começo. Ter certeza de que Roberto Fernandes não servia para o América e que Aluísio Guerreiro era o cara já era bem demonstrativo de qual futuro havia sido traçado para o Orgulho do RN.
De lá para cá, todo dia o esforço para aumentar a vergonha foi crescendo. Não se classificou para a outra fase na Copa do Nordeste no ano passado porque não conseguiu fazer um gol dentro de casa no Coruripe. Disputou uma final de estadual com um trio de treinadores, uma marmota bem a cara desta administração. Levou de 4x0 do rival depois de tanta marmota e ainda se saiu com uma estória de cheiro de podridão no vestiário do América. É estória com E mesmo. Se o presidente não sabe nem a desunião que impera administrativamente dentro do América com a marmota de muito cacique para pouco índio, como iria detectar (para usar uma palavra que ele adora) podridão em vestiário? É ver bem o cisco no olho do outro, mas não enxergar a trave que cobre o seu próprio olho, como pregava Jesus.
A marmota dos 3 treinadores era para esperar Diá, que não veio. Sérgio China, que nunca fez um nacional que preste, foi contratado. Padrão mantido. Muitos jogadores demitidos e contratados.
Tira Sérgio China. Outra leva de (bons) jogadores demitidos e outros (nem preciso dizer) contratados. Diá parece ter chegado com uma única missão: rebaixar o América. Quem era bom foi embora. Vieram Danilo Baia, Jussimar... Quando o time venceu, nunca mais foi repetido. Parece ou não parece uma missão? E Diá quase ficou para a Série D...
Na única vez que acertou, parece que deu comichão em Beto Santos. Felipe Surian, campeão invicto da Série D foi demitido numa sequência de 4 partidas sem derrota.
Trouxe Flávio Araújo, que era tido como sonho antigo. Flávio desmentiu contato anterior (lembram que ele acenou com Flávio para a torcida aceitar a saída de RF?) e ainda disse que só falou com o América às 23h30 do dia 08/03, mas o presidente anunciara sua contratação precisamente às 22h52.
Se o América não tinha qualidade, agora nem comando técnico ou organização tática tem. Perdeu de 2x0 do Sergipe, de 3x1 do Potiguar. A próxima é no domingo no Frasqueirão. Provavelmente Flávio Araújo será demitido. Afinal essa é a média de Beto Santos revelada ainda nos discursos de seu início: ninguém tem cadeira cativa no América. 3, 4 jogos e não deu certo? Tchau. Ele não tem ideia fixa.
Engraçado que ele próprio tem cadeira cativa. O maior mal ao América, que não se acerta em campo, vem de sua liderança. Mas ele, que ensinou ao América o gosto amargo de cair para uma Série D e de ser eliminado de uma Copa do Nordeste com uma rodada de antecedência, que relembrou o dissabor de ficar de fora de uma final de turno no estadual, de perder em sequência para o rival ABC, de nunca mais passar de fase na Copa do Brasil, continua. Ele não foi embora com 3, 4 rodadas. Parece que só vai largar o osso quando nada mais de amor próprio na torcida tiver restado.
Todos os personagens que ele indicou para lidar com o desastroso futebol do América do fim de 2015 para cá continuam lá. Até seu pai, que nem cargo tem oficialmente, a não ser o fato de ser pai do presidente, como tão referenciado por todos os treinadores e jogadores que por aqui passam, continua. Jussier é aquele mesmo que já defendeu licenciamento do América como solução. Que era contra o América subir para a Série A e também contra a Arena América...
A ideia fixa, por óbvio, permanece. E o povo do GAF (que nome adequado!) também. Só mudam os pequenos. Os grandes responsáveis pelas atrocidades feitas com um clube de quase 102 anos continuam.
Enquanto isso, um conselho deliberativo de enfeite finge que nada vê. Em 2010 (salvo engano), correu para dar ultimato a Zé Maria e, depois, Clovis Emídio. Desde 2015, a política é de apoio total ao desastre administrativo que vitima o América. Aliás, nunca vi um silêncio tão grande de quem manda mesmo por ali, que é o presidente José Rocha. Não se ouve piu.
A quem interessa manter o América distante da torcida, acumulando dívidas? Quem está pagando essa conta, está doando dinheiro ou vai querer receber depois? Eu, que sou uma sócia torcedora e pago um valor irrisório mensalmente ao clube, estou preocupada. Já os conselheiros, especialmente aqueles quase donos do clube, estão mais preocupados em impedir que o sócio vote para escolher presidente, já que um forasteiro poderia acabar com o clube assim... Não, pera...
O América nunca foi tão achincalhado. Também nunca esteve tão ameaçado em sua existência. E não há solução. Nem Beto Santos, nem sua diretoria amam o América o suficiente para sair. O conselho é uma figura morta, não está nem aí para os destinos do clube. E a torcida está rouca, cansou.
Ou seja, o fim do América está mais próximo do que eu imaginava. Infelizmente.