Não sei se o problema foi o local onde foi realizada (que me parece ser um local movimentado, o que poderia ter influenciado no tom de voz) mas o fato é que na entrevista publicada pelo América, o técnico Felipe Surian parece ter acusado o golpe da derrota para o Sergipe e da pressão crescente. Pelo tom da voz, a impressão é de abatimento. Mais: há trechos em que ele demonstra grande chateação com as críticas, como a respeito da hora das modificações:
"A avaliação foi no sentido de que no primeiro tempo já estava pensando em mudar principalmente nosso setor de meio de campo, que não estava conseguindo marcar nem produzir na primeira etapa. Mas, mesmo assim não conseguindo fazer um bom jogo no primeiro tempo, não sofremos tanto perigo de gol. Então resolvi aguardar no intervalo e tentar reorganizar. Foi o que nós fizemos. Voltamos muito melhor para o segundo tempo, jogando em cima do adversário, buscando o gol. E no momento em que nós estávamos melhor no jogo, nós sofremos o gol por uma bola parada. Então isso nos prejudicou bastante. Então não tem por que você trocar somente para falar que trocou. Se a equipe voltou do intervalo melhor, buscando o gol, não tenho por quê. Se ela voltasse ainda com o mesmo futebol que estava fazendo na primeira etapa, com certeza com 5, 10 minutos, já teria trocado. Mas voltamos melhor, voltamos em cima. Em um gol de bola parada, desatenção, nós levamos o gol. E naturalmente quando você está atrás do placar, você tem que colocar sua equipe mais à frente. Foi o que nós fizemos. Tirei o Jean Patrick, que estava até bem na partida, mas estava já cansando. Coloquei Raul. Tirei um volante e coloquei mais um meia. E tirei um jogador, o lateral direito, que era o Richardson, que estava fazendo mais a linha de contenção, e coloquei um lateral mais ofensivo, que é o caso do Everton. São substituições que são normais para quando você necessita de avançar sua equipe. Então não tem o porquê de você trocar por trocar, se foi tarde ou se não foi. Isso aí vai muito da interpretação de quem não estuda, de quem não lê a partida."
Como já disse, a pressão em Felipe Surian está enorme. E há um movimento claro em busca de sua cabeça na imprensa do RN. Na semana passada, um site disse que a torcida tinha ido ao CT protestar pela falta de padrão tático, quando o povo lá foi para criticar jogadores. Nesta semana, um jornalista disse que o ABC na mesma crise (???) tinha contratado Geninho e que o América tinha trazido Felipe Surian. Não custa lembrar que o América está na Série D e trouxe apenas o campeão invicto da última edição, e que acumula 3 acessos nesta divisão: dois como técnico e um como auxiliar. Quem estaria mais habilitado do que ele para a missão?
Aí também está a base campeã: Daniel, Osmar, Marcos Júnior, Michel Cury, Dija Baiano. Falta um ingrediente: engrenar. Uma melhor produção ofensiva traria bem mais confiança. Reforços estão chegando. Mas o caldeirão América virou prato cheio para a má vontade. Até uma vitória é cheia de "porém, mas, contudo, entretanto, todavia". Nada presta. Nada vai dar certo. O certo mesmo é reviver a roda viva do ano passado: a cada 3, 4 rodadas, um novo técnico e novas contratações. Não há trabalho que renda assim.
Ainda é cedo para essa carga toda em Felipe Surian. Cabeça fria à direção e ao próprio treinador é mais do que necessária nesta maratona de jogos fora de casa que só se encerra em 19/02. A temporada não será fácil. Mas com muito esforço, a recompensa virá, mesmo que contra tudo e contra todos.
De minha parte, continuo botando a mão no fogo pelo trabalho de Felipe Surian. Ainda não vi um erro crasso de sua parte e para mim somente o jogo contra o Globo foi ridículo. O resto está no bolo de início de temporada. É bom lembrar que Roma não foi feita num dia. E já que a imprensa anda comparando a situação do ABC no ano passado com a do América neste ano, na Série C, o ABC de Geninho começou muito mal e ainda assim o treinador manteve o time e também foi mantido pela direção. Mas certamente essa comparação não interessa. Afinal, o América está na Série D, uma realidade bem distinta da do ano passado.