Quem acha que este será um ano fácil para o América pode tirar o cavalinho da chuva. São muitos obstáculos: dinheiro, pressão, mudanças... Mas isso não quer dizer que o América esteja fadado ao insucesso. Muito pelo contrário.
O time de hoje mostrou muita vontade e empenho na marcação. Em alguns momentos, mostrou boa movimentação no ataque. E mostrou defeitos típicos de estreias: bolas perdidas por falta de entrosamento, queda de produção por esgotamento físico antes do tempo de alguns jogadores, falhas individuais.
Para fechar o firo, Surian perdeu o ótimo Marcos Júnior aos 15 minutos de jogo. Qualquer jogador a menos faz falta, mas quando o expulso é o ponto de equilíbrio no meio, qualquer um teme pelo resultado final.
Aliás, deu pena de Marcos Júnior. Com apenas 21 anos, a expulsão mexeu com o jogador, que chorou desesperadamente na área mista da Arena. Sentou-se nos degraus e parecia não acreditar no que acabara de ocorrer.
No mais, é preciso considerar a vantagem de entrosamento que o Santa Cruz de Higor César levaria mesmo no 11 contra 11. Com um a mais, o negócio saltou aos olhos. Mas ainda assim, quem chegou por último na preparação sentiu, como Índio Oliveira, que desapareceu ainda na metade do 1.° tempo.
Para ser sincera, eu só não gostei mesmo de Everton e Raul, que estavam muito abaixo do esperado, mas muito mesmo! Mas bastou a saída de Raul para a entrada de Michel Benhami, e uma mexida tática na equipe para Everton melhorar um pouco.
No caso de Raul, é bom lembrar que ele encerrou a temporada 2016 bem mais cedo por contusão e ainda ficou no DM um período desta pré-temporada, o que certamente pesa em sua condição física e no ritmo de jogo.
Paulão me deixou muito boa impressão. Marcos Júnior enquanto esteve em campo e Dija Baiano mostraram o que eu esperava. Vinícius mostrou uma certa dificuldade de encaixar bolas (queimar roupa, na gíria futebolística), mas tem boa visão, liderança, bom tiro de meta e sai bem no 1 contra 1.
No aspecto geral do jogo, o América partiu para vencer no finzinho, mas deu um azar danado num cabeceio de Maracás.
No mais, alguns aspectos dos treinamentos que vi foram confirmados: o América evita ao máximo o chutão para cima; tem paciência para recomeçar com os zagueiros; não se desfaz da bola facilmente (quando a falta de entrosamento não atrapalha); é forte nos avanços pelos flancos.
Para a pressão que vive o América e para a situação de jogo que surgiu aos 15 minutos, um empate sem gols terminou de bom tamanho.
Na quarta, não haverá mais a pressão da estreia. É rezar para que a situação que originou a expulsão de Marcos Júnior não se repita. Aí teremos um retrato mais fiel do que pode render a equipe.