Adorei o formato da entrevista que o técnico americano Felipe Surian deu à equipe do Novo Jornal: transmissão ao vivo pelo Facebook com a galera mandando perguntas pelos comentários, além da boa condução dos repórteres Norton Rafael e Leonardo Eres (desculpem se a grafia dos nomes não está correta). O único furo foi terem dito que o América não mantém treinador por um ano há 24 anos. Não é verdade. Roberto Fernandes completou mais de um ano do fim da temporada de 2014 até o fim da temporada de 2015.
Felipe Surian respondeu novamente sobre o fato de ter deixado uma renovação certa com o Volta Redonda, que está na Série C 2017 e que ainda vai disputar o Campeonato Carioca 2017, para acertar com o América, que vive o caldeirão de disputar pela primeira vez a quarta divisão nacional. Ele fez questão de ressaltar que a grandeza do América (que não é de Série D, mas está na D, em suas palavras) é muita desafiadora para um profissional em início de carreira. Também encara a Copa do Nordeste como uma grande vitrine para expor seu trabalho a um novo mercado.
Revelou que desde outubro foi traçado o planejamento de 2017, tendo como parâmetro o limite financeiro do clube, mas sempre com atletas dentro de sua ideia de trabalho. Todos os atletas que virão passaram por seu crivo: ou foram seus atletas, ou disputaram vários jogos contra seus times ou jogos que ele acompanhou. Esses critérios foram considerados ante a realidade de que o América não pode errar em 2017.
Sobre Dija Baiano, Surian afirmou ter certeza de que ele vai cair nas graças da torcida porque, além de brigador (no sentido de defender a equipe), ele tem muita qualidade, o que normalmente agrada à torcida do América, que ele (Surian) disse já conhecer.
Algumas contratações dar-se-ão por empréstimo. E o elenco será enxuto. Mas a ideia é começar logo forte, desde o início do ano. É que a Série D, no entendimento do treinador, é uma competição muito difícil, de força mesmo. "Não pode ter jogador meigo", afirmou, devido a viagens longas e às vezes com péssima alimentação.
A base deve ser formada no 4-5-1, ou na frescurite atual de chamar isso de 4-2-3-1, com variação para o 4-1-4-1.
Surian defende firmemente que Luiz Eduardo estava sendo escalado erroneamente como central tendo que voltar muito para armar o jogo, e acredita muito no potencial do jogador para ser artilheiro.
Sobre a pressão da torcida, ele disse que ela não pode ser maior do que a pressão que ele mesmo se impõe. Ou seja, ele se cobra muito.
Para ele, o grande desafio será superar os R$ 7 milhões que o ABC tem à disposição para 2017 e trazer o torcedor para junto do time. Mas que a tarefa está longe de ser impossível.
Sobre uma possível volta de Lúcio, ao responder que não acompanhou o atleta no América neste ano o técnico deixou claro que o Vaqueiro não faz parte dos planos. Ou seja, Lúcio é página virada.
Da base, já é certo que Everton, Judson, Anthony e Denilson vão permanecer no futebol profissional, mas terão que provar diariamente que querem e merecem a chance que lhes será dada. A Copa do Nordeste sub-20 pode colocar mais um ou dois jogadores na equipe.
Confirmou que há um teto salarial: "Não adianta trazer um atleta ganhando R$ 30 mil e ter outros ganhando R$ 5 mil, R$ 10 mil". Como os atletas conversam entre si, isso criaria um clima ruim, atrapalhando o trabalho.
Sobre a mágoa da torcida, Surian acredita que o América pode fazer desse momento ruim algo grandioso no futuro. Comparou com a queda de Palmeiras e Corinthians, que os tornou mais organizados nos anos seguintes.
O palco em 2017 será mesmo a Arena das Dunas. "É grande, mas o América tem torcida para encher ali".
Felipe Surian tem carta branca da diretoria para contratar qualquer profissional para a comissão técnica se entender que será necessário durante a pré-temporada.
Diante de mais uma entrevista, digo e reafirmo: posso quebrar a cara, mas confio muito no trabalho de Felipe Surian. Vamos torcer para que os bastidores do América não atrapalhem a caminhada do clube sob seu comando.