Nesta semana o América realizou uma reunião com os titulares de cadeiras e camarotes da Arena América. Por óbvio não participei da reunião, mas, pelo Twitter, a conta Mecão1915 divulgou em linhas gerais o teor do encontro.
Houve um relatório das despesas e foram apresentadas duas situações para a realização de jogos: uma com os camarotes e outra sem eles. Para que a Arena abrigue jogos sem a conclusão dos camarotes é preciso arrecadar algo em torno de R$ 600 mil (o presidente Beto Santos havia falado em R$ 500 mil na entrevista de sexta-feira). Se incluirmos os camarotes, o valor sobe para R$ 3 milhões. E aqui estamos falando apenas da 1.a etapa ou 1.° módulo ou módulo principal da Arena.
O dilema está no fato de que não dá para fazer time bom e construir estádio. Essa é a lição que vem sendo repassada ao longo dos anos por quase todos os que seguiram na empreitada. O cobertor é curto: ou cobre os pés, ou cobre a cabeça.
No caso do América, o dilema aumenta com a perspectiva de que a diretoria deve levar jogos para Goianinha para reduzir custos. Se a Arena América estivesse em condições, este seria o local para se jogar e poupar dinheiro. Mas a permanência de Beto Santos e jogos em Goianinha devem levar menos gente a se associar. E como o presidente falou que o programa de sócios vai destinar parte (quanto?) dos recursos para a construção da Arena América, dá para arriscar que neste ano ela não sai.
Como conseguir R$ 600 mil? Não será com migalhas do Sócio Torcedor que essa Arena receberá jogos neste ano. É preciso ousar. Empresas que querem arrecadar no mercado lançam debêntures. Que tal lançar um empréstimo feito com a torcida? Algo como títulos de R$ 300, que possam ser parcelados em 10 vezes, exclusivamente para a Arena América, e que deem direito a alguns ingressos na temporada de sua inauguração? Poderiam ser 10 ingressos distribuídos ao longo dos jogos no ano. Talvez um por mês.
Ou ainda tratar o negócio como empréstimo mesmo, pagando juros fixos no fim do ano, até que a Arena seja inaugurada, quando os ingressos seriam disponibilizados ou o valor inicial corrigido seria devolvido? Isso transformaria a Arena em investimento mais atrativo não só para americanos. E depois da Arena pronta levantar recursos para as devidas quitações ficará mais fácil.
São ideias. R$ 600 mil ficam mais fáceis se pensarmos em 1.000 pessoas pagando R$ 600, ou 2.000 pagando R$ 300, ou 3.000 pagando R$ 200. Se puxarmos os valores para R$ 3 milhões, a conta fica em 1.000 pagando R$ 3 mil, ou 2.000 pagando R$ 1,5 mil, ou 3.000 pagando R$ 1 mil. Mas quanto mais altos os valores, menos pessoas terão condição de pagar. Por outro lado, com um valor mais baixo, nada impede que uma mesma pessoa adquira mais desses "títulos de empréstimo", deixando todo mundo em condição de ajudar na construção e ainda receber algo em troca.
Melhor: se for feita uma campanha desde já, talvez esses recursos sejam levantados a toque de caixa, como ocorreu com a venda dos camarotes em tempo recorde, e a Arena enfim receba jogos da Série D. E isso certamente traria, agora sim, mais sócios torcedores para o time de futebol, orgulhosos de verem o Dragão cuspir fogo em sua própria casa.
É um dilema. Se pensar no futebol, esquece a Arena. Por outro lado, pensar na Arena pode parecer esquecer o futebol, mas o resultado será o engrandecimento de ambos.